Jair Bolsonaro anunciou esta quarta-feira que não vai comprar a vacina chinesa para a Covid-19, a Coronavac, que está a ser desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceira com o Instituto Butantan. As declarações do Presidente do Brasil surgem após o ministro da Saúde brasileiro, Eduardo Pazuello, e o governador de São Paulo terem acordado uma suposta compra de 46 milhões de doses da vacina por parte do governo federal. Fontes do Ministério da Saúde brasileiro também já vieram desmentir uma eventual compra da vacina.
A vacina chinesa de João Doria. Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que nem sequer ultrapassou a sua fase de testagem. Diante do exposto, a minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, escreveu o Presidente brasileiro, na sua conta na rede social Facebook.
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A alegada decisão do Ministério da Saúde em comprar o imunizante, que gerou toda a polémica, terá acontecido numa reunião fechada com governadores. Após este encontro, o governo do estado brasileiro de São Paulo, liderado por João Dória, divulgou um comunicado a informar que havia chegado a um acordo com o Ministério da Saúde para a aquisição via Sistema Único de Saúde (SUS).
O Governo Federal confirmou que irá adquirir o imunizante após aprovação na Anvisa. O potencial imunizante contra o coronavírus [Coronavac] está em fase final de estudos clínicos no Brasil e mostrou-se totalmente seguro nos testes realizados desde o final de julho”, dizia-se no comunicado.
No entanto, depois destas informações e das declarações de Jair Bolsonaro, o Ministério da Saúde brasileiro veio desmentir as intenções em comprar a vacina, abrindo um clima de tensão entre o Ministério da Saúde e Bolsonaro.
Houve uma interpretação equivocada da fala do ministro da Saúde, em momento algum a vacina [Coronavac] foi aprovada pela pasta, pois qualquer vacina depende de análise técnica e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), depende também da câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Semed) e da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec)”, disse Elcio Franco, secretário-executivo do Ministério da Saúde do Brasil.
Na semana passada, o governador de São Paulo acusou o Presidente brasileiro de politizar a vacina, mas recuou face ao sinal positivo do Ministério da Saúde sobre a compra da vacina chinesa. A Coronavac é testada desde julho em São Paulo e noutros estados do país, numa parceria da Sinovac com o Instituto Butantan, órgão ligado ao governo estadual de São Paulo.
Neste momento, o Brasil tem ainda um contrato de encomenda da vacina da AstraZeneca e Oxford.