Desde 1973 que o FC Porto não perdia dois jogos nas primeiras seis jornadas da Liga. Há 50 anos que o FC Porto não sofria nove golos em seis jornadas. O pior registo defensivo do FC Porto nos últimos 61 anos. E a pior pontuação do FC Porto à sexta jornada desde que uma vitória vale três pontos no Campeonato português, ou seja, desde 1995/96. Uma série de números e de registos que servem para comentar a derrota dos dragões na Mata Real — que pode deixar a equipa de Sérgio Conceição, já esta jornada e na pior das hipóteses, a seis pontos do Sporting e a oito do Benfica.

Faltou Pepe e faltou uma braçadeira. Mas falta principalmente o norte a esta equipa (a crónica do P. Ferreira-FC Porto)

Sem Pepe, que testou inconclusivo para a Covid-19 antes da partida e não foi, por isso mesmo, incluído na convocatória de Sérgio Conceição por não ter ainda o resultado do segundo teste, o FC Porto teve sempre mais bola do que o P. Ferreira mas rematou menos, teve menos oportunidades e podia até ter sofrido mais golos. O treinador dos dragões acabou expulso já depois do apito final, enquanto protestava com a equipa de arbitragem de Nuno Almeida, e só compareceu na conferência de imprensa. Antes, na flash interview, foi o adjunto Vítor Bruno a tomar a palavra.

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“O P. Ferreira ganhou bem. É verdade que conseguiram marcar da primeira vez que se acercaram da nossa área e nós depois tivemos dois ou três momentos em que podíamos ter igualado, mas tivemos muitos momentos desequilibrados. Não é a primeira vez, tem sido motivo de análise e não é por falta de trabalho. Existem dias assim, depois de vir de uma realidade de Champions. Nestes jogos o emblema não ganha e somos todos responsáveis. A raiz desta equipa é que somos um só, falamos a uma só voz, não vamos apontar o dedo a ninguém, há que seguir”, explicou o treinador adjunto dos dragões, que garantiu em seguida que “a margem de erro não é zero, é menos três, quatro, cinco”. “Falando em bom português, é preciso dar ao chinelo”, concluiu Vítor Bruno.

Já na conferência de imprensa, Sérgio Conceição reconheceu que “faltou muita coisa” ao FC Porto, incluindo a “capacidade de ser consistente”. “As rotinas é normal haver. Tínhamos trabalhado a equipa com o Pepe mas já hoje tivemos a informação que testou inconclusivo à Covid-19 e isso alterou os planos. As coisas não correram bem por um mas pela equipa e pelo treinador que não soube definir a melhor estratégia. Viemos de um palco Champions e não é fácil mudar o chip e vir aqui com disponibilidade em termos de atitude. Foi um conjunto de situações que levou a que a equipa não estivesse bem e o responsável sou eu”, explicou o técnico.

“É o quarto ano e já passámos por momentos difíceis. Nesses momentos temos as armas todas apontadas a nós, às vezes até em casa, mas não me intimido. Nada me impede de trabalhar da mesma forma amanhã. Cabe-nos a nós ir atrás do prejuízo. Há aqui muita gente nova, estamos a cometer erros sucessivos a nível defensivo. Foi mais um problema coletivo com muitos erros individuais que não podem acontecer a este nível. Isto nunca foi normal nas minhas equipas, mesmo em equipas de menos nome, com mais dificuldades na qualidade dos clubes. Cabe-nos trabalhar e perceber o que está a correr mal. É olhar para a frente e nunca vamos baixar os braços”, concluiu Sérgio Conceição.