O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, está confiante que desta vez é que é: as linhas de comboio de alta velocidade entre Lisboa e Porto e entre Porto e a cidade galega de Vigo –  (ambas inscritas no novo Plano Nacional de Investimento) – vão mesmo avançar até 2030. Até porque existe um compromisso da atual direção do PSD de que os projetos não caem, mesmo se os sociais sociais-democratas venham a ser governo.

“Temos o compromisso da atual direção do PSD, ao contrário do que ocorreu no passado, de que se eles vierem a ser governo vão prosseguir com estes dois projetos de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo”, declarou Pedro Nuno Santos em entrevista publicada este domingo no jornal galego La Voz de Galicia.

Após a publicação desta peça, fonte oficial do ministério das Infraestruturas, Obras Públicas e Habitação contactou o Observador para esclarecer que a frase de Pedro Nuno Santos ao jornal galego não significa que o governo tenha recebido uma garantia direta da direção do PSD neste sentido. Apenas se baseia na posição tornada pública pelo PSD sobre a alta velocidade que consta do programa de recuperação económica para a década, apresentada no dia 5 de outubro.

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O documento dos sociais-democratas, no entanto, fala em expandir e modernizar a rede ferroviária portuguesa, mas através da redução para duas horas da ligação Lisboa-Porto (algo que constava do anterior PNI, de janeiro de 2019), seja através da ligação de alta-velocidade Lisboa-Madrid (algo que o atual ministro não considera prioritário). Mas já lá iremos.

Mas será a linha Porto-Vigo uma realidade em 2030, o prazo previsto pelo Plano Nacional de Investimentos apresentado este mês pelo Governo? Pedro Nuno Santos rebateu as dúvidas da correspondente do jornal em Lisboa, conhecedora dos sucessivos avanços e recuos do debate sobre o TGV em Portugal.

“Entendo a sua perguntas porque os diferentes governos [em Portugal] há 20 anos que andamos a falar do tema e até agora ficou tudo no ar. Só lhe vou dizer que, para nós, é uma prioridade absoluta ligar Lisboa e Porto em alta velocidade, e o Porto com Vigo. Apostamos nisso no plano de investimentos do governo português de 43.000 milhões de euros”, disse o ministro.

O PNI aproveita fundos comunitários do próximo quadro financeiro plurianual, que vão incluir projetos que terão de estar em execução até 2029. “Por isso 2030 é uma data realista e possível”, concretizou. A juntar ao plano, disse Pedro Nuno Santos, “há um consenso de grande parte da sociedade portuguesa e dos principais partidos, o que está no governo, o Partido Socialista, e o principal partido da oposição, o PSD, de Rui Rio”.

É neste ponto que surge a questão da garantia da direção nacional do PSD em como o projeto avança mesmo sem o PS estar no poder. E há um outro fator, que Pedro Nuno Santos também destaca:  “Ao que eu dizia antes há que juntar a obrigatoriedade que temos de construir estas linhas, já que sendo financiadas – na sua grande maioria – por fundos comunitários, têm de estar prontas em 2029”.

E então por que motivo não apostam na ligação Lisboa-Madrid, como fizeram os governos portugueses no passado? O ministro prefere destacar as relações privilegiadas com a Galiza e diz qualquer português do Norte responde facilmente.

“Creio que para qualquer português do Norte e para qualquer galego é fácil de compreender: com quem é que temos mais relações económicas e de afinidade? Se perguntar qualquer um lhe diz rapidamente: com os galegos e com a Galiza”. É por isso que tanto ele como o primeiro-ministro “têm bem claro” que o rumo é Lisboa-Porto e depois Vigo.

Ainda assim, para a ligação a Madrid está projetada outra coisa: um troço de linha dupla, mista, de alta velocidade para mercadorias e passageiros de Lisboa até Évora. Depois chegará à fronteira com Badajoz e dali para a capital espanhola.

“Por ora não vamos avançar com a alta velocidade de passageiros Madrid-Lisboa, vamos antes concentrarmo-nos, nos próximos anos, em tornar realidade o AVE do Norte”, sintetizou.

Notícia atualizada às 19:20 para incluir a posição do ministério das Infraestrutura sobre o compromisso da atual direção do PSD.