A engenheira de materiais Elvira Fortunato, que inventou o transístor de papel, assinalou esta quarta-feira, citando a sua experiência de laboratório, que a sustentabilidade do mundo depende do processamento de materiais não tóxicos e abundantes com tecnologias “amigas” do ambiente.

Segundo a investigadora, que falava em Lisboa, no Encontro Ciência 2020, a reciclagem de lixo eletrónico, gerado por exemplo por componentes de computadores ou telemóveis, não é feita “na maior parte dos casos”, pela dificuldade e pelos custos associados, e a exportação, como sucede, para África, Índia e China “não é solução”.

Por isso, uma das soluções, em termos de sustentabilidade, passa pelo processamento de materiais não tóxicos e abundantes com tecnologias não poluentes, defendeu, assinalando que tal estratégia é seguida há vários anos no laboratório que dirige no Centro de Investigação de Materiais (Cenimat) da Universidade Nova de Lisboa, da qual é vice-reitora.

Elvira Fortunato recorreu à sua experiência como cientista para demonstrar como é possível “inventar um mundo mais sustentável”, título que deu à sua intervenção na sessão “Mais Ciência para recuperar Portugal com Mais Europa”, a última do Encontro Ciência 2020, iniciativa organizada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, que decorreu esta quarta-feira e na terça-feira.

O papel, um dos materiais com que a cientista trabalha, e que destacou como abundante, renovável, flexível e de baixo custo, tem sido aplicado em dispositivos eletrónicos, como isolante, mas também em testes rápidos de diagnóstico para a glicose, o colesterol e o ácido úrico, sendo que a celulose com que se produz papel tanto pode ser obtida das árvores como das bactérias do vinagre, que excretam membranas de nanocelulose.

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