Gonçalo Ribeiro Telles morreu esta quarta-feira em sua casa, em Lisboa. Tinha 98 anos. Figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, foi autor de vários projetos relevantes na capital portuguesa, como os Corredores Verdes e os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian. O Governo decretou um dia de luto nacional, na quinta-feira, pela morte do arquiteto. E foram já várias as reações públicas.
Morreu Gonçalo Ribeiro Telles, o arquiteto paisagista com “um dom especial”
Marcelo Rebelo de Sousa: “Gonçalo Ribeiro Telles deixa um legado alcançado por poucos”
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, despede-se do “amigo de longa data” e do “lutador pela Liberdade e Democracia”, afirmando que “Gonçalo Ribeiro Telles deixa um legado alcançado por poucos”.
Numa nota publicada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa lembra que o paisagista era “respeitado humana, profissional e politicamente por amigos, colegas e adversários, e pelos portugueses em geral”.
Figura determinante na consolidação e alternativa na democracia portuguesa, pioneiro em Portugal das grandes questões que hoje, mais do que nunca, se mostram decisivas, homem de grande serenidade e de grandes convicções, é com emoção e saudade que me despeço de Gonçalo Ribeiro Telles, amigo de longa data, a cuja Família envio sentidas condolências”, concluiu.
António Costa lamenta “perda inestimável”
António Costa recorreu ao Twitter para lamentar a morte “de um homem à frente do seu tempo”. O primeiro-ministro sublinha que Portugal tem uma “enorme dívida de gratidão” para com o arquiteto.
“A sua perda é inestimável. O seu legado, felizmente, perdura, e somos todos seus beneficiários”, escreveu na rede social.
Sendo um homem à frente do seu tempo, as ideias que defendia há 50 anos e eram então consideradas utópicas, são hoje comummente aceites. A sua perda é inestimável. O seu legado, felizmente, perdura, e somos todos seus beneficiários.
— António Costa (@antoniocostapm) November 11, 2020
João Pedro Matos Fernandes recorda “um ilustre defensor da causa pública ambiental”
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, “lamenta profundamente” a morte do arquiteto e apresenta “as suas sentidas condolências” aos familiares e amigos daquele que considera ter sido “um ilustre defensor da causa pública ambiental”, afirma num comunicado.
Arquiteto paisagista, professor universitário, ativista da causa pública, Gonçalo Ribeiro Telles é justamente recordado como uma das figuras da sociedade portuguesa que mais se empenhou na defesa do ambiente e na valorização do mundo rural”.
À Rádio Observador, Matos Fernandes afirma que o arquiteto é um “homem que marca a sociedade portuguesa” e que “estava muito à frente do seu tempo”. Para o ministro, Ribeiro Telles foi “um progressista daquilo que foi a defesa da causa ambiental e por isso merece todo o respeito e preservação da memória de tudo o que fez”.
“Gonçalo Ribeiro Telles marca a sociedade portuguesa. Estava muito à frente do seu tempo”
Graça Fonseca: Ribeiro Telles “agiu, como poucos, na transformação de Portugal”
A ministra da Cultura lamentou “profundamente” a morte do arquiteto: “uma voz que transformou a defesa do ambiente num posicionamento cultural” e “agiu, como poucos, na transformação” de Portugal.
Num comunicado, Graça Fonseca recorda o “arquiteto, político e professor universitário Gonçalo Ribeiro Telles”, que, “através das paisagens, marcou a cultura e o património portugueses”.
A cultura portuguesa perdeu hoje [quarta-feira] o talento de um dos seus grandes arquitetos, mas também uma voz que transformou a defesa do ambiente num posicionamento cultural. É este, também, o seu legado e o exemplo que, em sua homenagem, seguiremos”, afirma.
Ferro Rodrigues: “tinha pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles a maior admiração e estima”
O presidente da Assembleia da República anunciou que a bandeira do parlamento ficará simbolicamente a meia haste na quinta-feira pela morte de Gonçalo Ribeiro Telles e salientou o seu “imenso legado”, em especial no domínio ambiental.
Ausente da vida pública há alguns anos, o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles deixa-nos hoje [quarta-feira], aos 98 anos, uma notícia que muito me entristece. Tinha pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles a maior admiração e estima”, escreve Ferro Rodrigues numa nota publicada na página oficial da Assembleia da República.
O presidente da Assembleia da República considera depois que o legado de Gonçalo Ribeiro Telles “é imenso”. Na sua mensagem, Ferro Rodrigues refere que cresceu “a ouvir os seus ensinamentos” do arquiteto paisagista, os quais sempre reputou “da maior relevância”.
Na perspetiva de Ferro Rodrigues, “foi graças ao arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles que, em Portugal, se começou a ouvir falar de paisagismo, de estrutura verde, de corredores ecológicos — ainda nos anos 50 e 60, muito antes destes temas se tornarem correntes, visionário que era e sempre foi”.
Helena Roseta: Ribeiro Telles fica conhecido como “um grande pioneiro pela causa ambiental”
Helena Roseta, antiga deputada e arquiteta, recorda o arquiteto na Rádio Observador e relembra que este já defendia a ecologia “muito antes” dos movimentos climáticos a que se tem assistido nos últimos tempos.
Há mais de 50 anos, já Gonçalo Ribeiro Telles se debatia por um equilíbrio pela natureza e por aquilo que os homens constroem. Já o Gonçalo dizia que era preciso um equilíbrio entre os sistemas construídos e os sistemas vivos. Já o Gonçalo Ribeiro Telles defendia que era uma indignidade as desigualdades e o desordenamento do território”, afirmou.
A antiga deputada reitera que Gonçalo Ribeiro Telles “foi um lutador pela democracia” e pelo combate às desigualdades e pelo ambiente e ecologia “quando ninguém sabia que isso era uma grande causa”.
Gonçalo Ribeiro Telles “vinha com argumentos inesperados”, recorda Helena Roseta
Joacine apresenta na AR voto de pesar pela morte do “mestre” da ecologia
A deputada não inscrita Joacine Katar Moreira apresentou no parlamento um voto de pesar pela morte do arquiteto paisagista e fundador do PPM Gonçalo Ribeiro Telles, lembrando o “mestre” da ecologia, “quando mais ninguém o era”.
Voto de pesar a Gonçalo Ribeiro Telles, arquitecto paisagista, agrónomo, político, professor universitário e ecologista. Avisou-nos: “um país onde a paisagem morre é um país onde a cultura desaparece e com ela a primeira razão de ser da independência” pic.twitter.com/WW44x4z5pg
— JoacineKatarMoreira ???? (@KatarMoreira) November 12, 2020
José Sá Fernandes: “Portugal perde um sábio”
O vereador da Câmara Municipal de Lisboa lamenta o perda de “um homem absolutamente extraordinário”. “Portugal perde um sábio”, afirmou em declarações à Rádio Observador.
José Sá Fernandes afirma que Ribeiro Telles “foi o grande inspirador” do plano verde de Lisboa e que o arquiteto “fez muito” não só pela capital mas por todo o país.
Morreu Gonçalo Ribeiro Telles. “Portugal perde um sábio”, assinala José Sá Fernandes
Carlos Pimenta recorda “o mestre”
Para mim foi um mestre, e foi um visionário em Portugal. Chamou-nos a atenção de que a maneira como estávamos a construir as nossas cidades era desumana, não apenas para a destruição da natureza mas para o próprio sentido de humanidade e qualidade de vida”, diz o antigo secretário de Estado e antigo eurodeputado, lembrando que Ribeiro Telles foi o autor das primeiras leis de defesa do território.
“Fui secretário de Estado do Ambiente logo a seguir ao Ministério da Qualidade de Vida, sucedi ao Gonçalo Ribeiro Telles. Herdei as estruturas dele e procurei dar continuidade. Ele criou as primeiras leis, que não tínhamos leis nenhumas, não havia leis para nada, não havia leis sobre a poluição da água, nada sobre esgotos, sobre poluição industrial, sobre poluição de agroindústrias, nada”, lembra Carlos Pimenta, confessando que falava muitas vezes com o seu antecessor.
Carlos Pimenta não esconde a admiração por Gonçalo Ribeiro Telles quando diz que o arquiteto fomentou o aparecimento de toda uma geração de pessoas com competências técnicas, criou cursos que geraram profissionais que vieram dizer que a construção não é só betão e cimento.
Ou quando lembra a defesa que Ribeiro Telles fez de hortas urbanas e o quanto foi “gozado” por isso. Falava-se nas televisões, dizia-se que as pessoas iam agora para as cidades “de enxada plantar couves”, e hoje “espera-se anos para se ter direito a um talhão de terra nos municípios à volta de Lisboa”, afirma.
Mas Ribeiro Telles fez muito mais, recorda Carlos Pimenta, lembrando os corredores ecológicos, ou a decisão de dar uma vida natural às ribeiras, para que as pessoas usufruam da água e da paisagem natural, “coisa hoje adquirida em todo o norte da Europa”.
Duarte Pio recorda “português unânime” e “símbolo do país”
O duque de Bragança, Duarte Pio, recordou o fundador do PPM como “um português unânime” e “um símbolo do país”, além de exemplo para os monárquicos.
Ontem [quarta-feira] desapareceu um símbolo. Símbolo de um alto ideal de serviço ao país, de patriotismo não ostensivamente proclamado, mas sistematicamente praticado, de uma devoção inexcedível ao bem comum, de união e de espírito de concórdia nacional”, referiu Duarte Pio, numa nota enviada à Lusa.
O chefe da Casa Real destacou o percurso de “grande ecologista” e “humanista” de Ribeiro Telles, considerando que “foi um português unânime” e “um idealista que concretizava”.
“Para os monárquicos foi também o exemplo. Exemplo do compromisso obrigatório entre aquilo que herdámos do nosso passado e o melhor que temos obrigação de construir e procurar para o futuro”, referiu Duarte Pio, deixando um agradecimento pelo apoio e responsabilidades do arquiteto no movimento monárquico.
Fundação Calouste Gulbenkian lembra o “amigo e visionário que inspirou gerações de arquitetos paisagistas”
A presidente da Fundação Calouste Gulbenkian lembra “o amigo e visionário que inspirou gerações de arquitetos paisagistas” e o responsável pelo “emblemático” jardim da Fundação.
Isabel Mota destaca “o incansável defensor das cidades ecológicas e humanizadas, das reservas e parques naturais, dos jardins e das hortas urbanas, perante a ameaça constante dos interesses privados e corporativos”.
Nunca é demais realçar o espírito de um homem à frente do seu tempo que viu, como poucos, o que reservava o futuro numa altura em que os alarmes das crise ecológica e climática ainda não soavam com a força de hoje. Um homem profundamente cansado de ter razão que tantas vezes viu a cidade tomar um rumo contrário à visão que, sabiamente, defendia, baseada num profundo conhecimento e num amplo bom-senso. Este homem que apreciava o carácter dinâmico dos jardins, tão ligado ao movimento da vida, como gostava de dizer, com elementos que nascem, crescem, reproduzem-se e morrem, ficará para sempre ligado a esta Fundação e a este jardim admirável que ajudou a criar.”
Universidade de Évora recorda “um homem à frente do seu tempo”
A reitora da Universidade de Évora (UÉ) lamentou a morte de Gonçalo Ribeiro Telles, fundador da licenciatura de Arquitetura Paisagista naquela instituição, recordando “um homem à frente do seu tempo”.
Numa nota divulgada na página online, onde refere que “foi com profunda consternação que a UÉ recebeu a notícia da morte do arquiteto paisagista”, Ana Costa Freitas recorda Ribeiro Telles como alguém “a quem a UÉ e o país muito lhe deve pelos seus ensinamentos, coragem e determinação”.
Há personalidades que conquistam um lugar na História, é com certeza o caso de Gonçalo Ribeiro Telles, reconhecido e premiado internacionalmente pelo seu trabalho, pelo pioneirismo e pela forma coerente que dedicou toda a sua vida”, frisou Ana Costa Freitas.
Gonçalo Ribeiro Telles era Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Évora, tendo recebido o doutoramento Honoris Causa em 1 de novembro de 1994, apadrinhado por Mário Soares.
Ordem dos Arquitetos: fica “um legado absolutamente extraordinário”
O arquiteto Gonçalo Byrne, presidente da Ordem dos Arquitetos, lamentou à agência Lusa a morte de Gonçalo Ribeiro Telles, sublinhando que fica “um legado absolutamente extraordinário” em Portugal e a nível internacional.
“É uma figura incontornável da arquitetura paisagista”, mas também uma personalidade com várias dimensões, “não só um homem de Cultura, de Política, foi um homem de causas”, disse Gonçalo Byrne.
Tomou posições extremamente importantes para a cidade de Lisboa, algumas delas completamente antes do tempo, e os temas que ele defendia estão hoje em cima da mesa, a questão do green deal [Pacto Verde], a sustentabilidade”, recordou Gonçalo Byrne.
Álvaro Siza lamenta perda de “grande personalidade” portuguesa
Em declarações à agência Lusa, o arquiteto Álvaro Siza disse que Ribeiro Telles é uma “grande figura”, e marcou “profundamente” o mundo da arquitetura paisagista em Portugal.
“Teve um enorme papel no planeamento do território, além da realização dos jardins”, sublinhou Álvaro Siza.
Associação Portuguesa dos Arquitetos Paisagistas: foi “um visionário que deixa um valioso legado”
O presidente da Associação Portuguesa dos Arquitetos Paisagistas (APAP), Jorge Cancela, lamentou a morte de Gonçalo Ribeiro Telles, sublinhando o valioso legado deixado por “um visionário de uma sociedade equilibrada, democrática, justa e sustentável”.
Felizmente ainda foi reconhecido em vida, mas só vai ser melhor compreendido à medida que o tempo for passando. Era um visionário, por ter defendido sempre que a questão ambiental é essencial. Dela depende a nossa vida”, declarou o presidente da APAP.
Jorge Cancela recordou que o arquiteto paisagista “via o ambiente como o suporte da vida, e a paisagem como suporte da memória, fazendo uma ligação muito coerente entre o passado, o presente e o futuro que transportou para a arquitetura paisagista, e também para a área cívica e política”.
Centro Nacional de Cultura recorda “referência na cultura portuguesa”
Num comunicado, o presidente do Grande Conselho do Conselho Nacional de Cultura (CNC) e membro da organização desta entidade, Guilherme d’Oliveira Martins, refere que a melhor palavra no momento da morte de Gonçalo Ribeiro Telles é “gratidão”: “será para nós sempre um exemplo e uma memória viva”.
Lembrando que o arquiteto era o sócio número 1 do CNC, e “o único fundador ainda vivo”, Guilherme d’Oliveira Martins refere-se a Gonçalo Ribeiro Telles como “uma referência na cultura portuguesa em todos os domínios em que exerceu atividade ou em que fez sentir o seu magistério cívico”.
Como arquiteto paisagista, o seu lugar, ao lado de uma plêiade notável de portugueses, tornou-se um autêntico símbolo. E pode dizer-se que ocupa uma posição central entre os pioneiros e os discípulos. A sua notoriedade tornou-se marcante, uma vez que soube aliar o domínio da sua arte e da sua ciência, a uma constante ação de mobilização de cidadania em torno do equilíbrio ecológico e da conciliação entre a tradição e o progresso”, menciona.
Casa da Arquitetura destaca “papel fundamental” no planeamento
O diretor da Casa da Arquitetura, em Matosinhos, disse à Lusa que o arquiteto teve um “papel fundamental” na colocação do planeamento e ordenamento territorial na “ordem do dia”.
Dizendo que a morte de Gonçalo Ribeiro Telles é uma “enorme perda” para o mundo da arquitetura e sociedade portuguesa e expressando o seu pesar, Nuno Sampaio referiu que, além de uma “grande referência” nesta área, era um homem de uma “enorme cultura e dimensão”.
Para Nuno Sampaio, Ribeiro Telles colocou as questões do planeamento urbano e territoriais “como ninguém” na sociedade civil.
Conseguiu colocar estas preocupações à sociedade numa época em que estes temas eram poucos discutidos”, vincou.
PPM manifesta dor pela morte do fundador, “um homem à frente do seu tempo”
O PPM manifestou a sua dor pelo falecimento do fundador Gonçalo Ribeiro Telles, “um homem à frente do seu tempo” cujas ideias prometem não deixar morrer, apelando aos partidos parlamentares para assinalarem condignamente o nome deste visionário.
O PPM vem por este meio manifestar a sua dor pelo falecimento do fundador, Gonçalo Ribeiro Telles, antigo Subsecretário de Estado do Ambiente e Ministro de Estado e da Qualidade de Vida”, pode ler-se numa nota enviada à agência Lusa pelo presidente do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira.
De acordo com o partido, “quando, em 1974, juntamente com outros nomes, Gonçalo Ribeiro Telles tomou a decisão de corajosamente assumir a criação de um partido Monárquico, com princípios inovadores para altura — e que hoje tantos se aproveitam — como a Ecologia, era já um homem à frente do seu tempo”.
“Visionário como arquiteto paisagístico, não deixou de o ser também no campo da Política quando, em 1979, esteve na formação daquele que foi o primeiro governo de maioria absoluta em Portugal após o 25 de Abril”, elogia.
MPT recorda fundador “humanista” e “visionário” nas políticas de ordenamento do território
O Partido da Terra (MPT) manifestou “profundo pesar” pela morte do fundador do partido Gonçalo Ribeiro Telles, recordando-o como um “humanista na verdadeira aceção da palavra” e “visionário nas políticas” de ordenamento do território.
Gonçalo Ribeiro Telles foi “um humanista na verdadeira aceção da palavra, foi pioneiro do ecologismo na política portuguesa, mestre de muitos arquitetos paisagistas, um vanguardista na compreensão da paisagem sob o ponto de vista holístico e um visionário nas políticas de ordenamento do território”, dá conta um comunicado divulgado pelo partido.
O arquiteto fundou em 12 de agosto de 1993 o então Movimento o Partido da Terra (MPT), que, entretanto, alterou, em 2007, a designação para Partido da Terra, de acordo com informações disponibilizadas nas páginas na internet do partido e da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Bancada do PS salienta defesa intransigente dos valores da democracia e liberdade
Em comunicado, o Grupo Parlamentar do PS associa-se ao pesar pelo falecimento do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, destacando a sua “vida dedicada à arquitetura, ao paisagismo e à ecologia”.
Foi também deputado à Assembleia da República em 1979 e 1983. Regressa ao parlamento em 1985, como deputado independente eleito nas listas do PS. Sendo monárquico convicto, primou sempre pela defesa intransigente dos valores da democracia e da liberdade”, refere-se no mesmo texto.
A bancada do PS lembra depois que, durante o Estado Novo, Gonçalo Ribeiro Telles apoiou a candidatura presidencial de Humberto Delgado em 1958 e, mais tarde, em 1969, integrou, com a Comissão Eleitoral Monárquica, as listas às eleições da Ação Socialista Portuguesa, liderada por Mário Soares.
“Mais recentemente, apoiou as candidaturas de António Costa à Câmara de Lisboa em 2009 e 2013. Gonçalo Ribeiro Telles será sempre recordado como uma referência incontornável da arquitetura paisagista portuguesa, da cultura e também da defesa dos valores e princípios ambientais”, acrescenta-se na mesma nota.
PSD manifesta consternação e destaca “marca indelével” no ambiente
O PSD manifestou grande consternação e pesar pela morte, sublinhando a “marca indelével” que deixou na área do ambiente um dos “pioneiros do ecologismo na política portuguesa”.
Numa nota, a direção do PSD, através do seu presidente, Rui Rio, “expressa a toda a família o seu mais sentido pesar nesta hora”, referindo que “foi com grande consternação” que recebeu a notícia do falecimento do também fundador do PPM (Partido Popular Monárquico).
Arquiteto paisagista, é considerado um dos pioneiros do ecologismo na política portuguesa, tendo tido um papel determinante no estabelecimento de um regime sobre o uso da terra e o ordenamento do território, ao criar as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e as bases do Plano Diretor Municipal”, refere o partido.
Livre: arquiteto partiu mas pensamento ecologista perdurará
O Livre lamentou a morte de Ribeiro Telles, acreditando que “o seu pensamento ecologista perdurará” e que a luta por um meio ambiente mais sustentável deixa “inúmeros herdeiros”.
Ribeiro Telles partiu mas o seu pensamento ecologista perdurará”, pode ler-se na nota de pesar do Livre, enviada às redações.
Destacando o seu percurso enquanto “figura pioneira do movimento ecologista em Portugal”, o partido da papoila lembrou que “Ribeiro Telles ajudou a escrever com Fernando Santos Pessoa e outras figuras” o nº1 do artigo 66 da Constituição Portuguesa, que estabelece que “todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender”.
“Ribeiro Telles partiu mas o seu pensamento, bem ilustrado neste artigo da Constituição, perdurará, e a sua luta por um meio ambiente mais sustentável e equilibrado deixa inúmeros herdeiros em Portugal”, adiantaram.
PEV recorda “visão vanguardista” e defesa de “um melhor ambiente”
O Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) recordou a “visão vanguardista” do arquiteto Gonçalo Ribeiro Teles e reconheceu o seu contributo “na defesa de um melhor ambiente em Portugal”.
O PEV afirmou, em comunicado, que tem “o maior respeito e reconhecimento pelo contributo que Gonçalo Ribeiro Telles deu na defesa de um melhor ambiente em Portugal, sendo o responsável por medidas políticas que se mostraram determinantes para a defesa da natureza e dos ecossistemas, como é o caso da REN (Reserva Ecológica Nacional)”.
Ribeiro Telles, segundo os Verdes, “mostrou muito cedo uma visão vanguardista, não só como arquiteto paisagista, da qual os magníficos Jardins da Fundação Gulbenkian, cuja autoria, que partilha com António Viana Barreto, são um dos exemplos mais emblemáticos”, mas também “como pensador de uma intervenção no território pautada pelo equilíbrio entre a resposta às necessidades humanas e a preservação dos sistemas naturais.
Os Verdes agradecem-lhe os notáveis contributos que deu para a reflexão das problemáticas ambientais, nomeadamente na articulação entre o ordenamento do território e a preservação dos sistemas naturais e reconhecem o contributo inegável que deu ao surgimento do ecologismo em Portugal”.
Associação Zero: Gonçalo Ribeiro Telles foi “absolutamente marcante” para o território atual
O presidente da associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira, diz que o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles foi “absolutamente marcante” para o território atual e que o país lhe deve muito.
Num comentário à morte do arquiteto o presidente da Zero afirmou que ainda hoje há uma geração que aprendeu com Ribeiro Telles, que inspirou o movimento ambientalista em Portugal, e que foi “crucial nas políticas de ordenamento do território”.
Foi absolutamente marcante para o território que temos neste momento. Se ele não tivesse concebido a Reserva Agrícola Nacional, procurando preservar os nossos melhores solos, se ele não tivesse pensado na Reserva Ecológica Nacional, que impediu que muita construção surgisse em locais de risco do ponto de vista ecológico e ambiental, se ele não tivesse também estado ligado aos primeiros planos diretores municipais, numa forma semelhante à que temos agora, o planeamento, e acima de tudo a paisagem, as cidades, Lisboa de forma mais marcante, seriam muito diferentes e para muito pior”, disse Francisco Ferreira.
João Mário Grilo: “é um dia muito triste para todo o país”
Figura “tutelar para todos os portugueses”, com “uma obra perene que ficará para sempre”, João Mário Grilo lamentou, em declarações à agência Lusa, a morte do arquiteto paisagista, a quem dedicou e com quem trabalhou no documentário “A Vossa Terra — Paisagens de Gonçalo Ribeiro Teles”, que estreou em 2016, no festival de cinema IndieLisboa.
Espero que a forma como nos dava a conhecer a natureza e a relação que sempre manteve com ela perdure acima de todas as raivas que com ela fomos, entretanto, criando”, sublinhou o cineasta.
João Mário Grilo, em declarações à Lusa, sublinhou a ideia de natureza defendida por Ribeiro Telles: “Um lugar fluído, de passagens e não de fechamentos”. É também uma ideia “democrática, fundamental para a sobrevivência humana, e holística”, reforçou o realizador de “Não Esquecerás”.
“Este é um dia muito triste para todo o país”, pois morreu o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles “uma daquelas figuras que ninguém sonha que possa desaparecer, ainda que se saiba que isso tem de acontecer um dia”, observou.
Que “a visão e a obra do arquiteto se imponham a gerações futuras como a defendeu e tentou que não fosse tomada por interesses que são terríveis e nunca fizeram bem a ninguém”, prosseguiu.
Sofia Guedes Vaz: “Gonçalo Ribeiro Telles libertou-se da lei da morte pelas obras valorosas que fez”
A filósofa do ambiente Sofia Guedes Vaz afirma que Gonçalo Ribeiro Telles “é uma referência absoluta no ordenamento de território e do ambiente” e, por isso, “já se libertou da lei da morte porque fez obras valorosas”.
Em declarações à Rádio Observador, a filósofa afirma também que o arquiteto “é um homem à frente do seu tempo” e que a preocupação pelo ambiente começou com a sua geração, o que fez dele numa “figura primordial do ambiente em Portugal”.
Teresa Anderson: receber prémio Gonçalo Ribeiro Telles é uma grande responsabilidade
A arquiteta paisagista Teresa Anderson, a primeira laureada com o prémio Gonçalo Ribeiro Telles, afirmou à Rádio Observador que ter sido reconhecida com o prémio “foi uma grande responsabilidade” por ter o nome de “um grande homem”.
Para a arquiteta, a “maior obra” de Ribeiro Telles foi a sua capacidade em ter levado para o discurso político assuntos ambientais. “Esse é um legado imensurável”, destacou.
Prémio Gonçalo Ribeiro Telles. “Receber esta distinção é uma grande responsabilidade”
Quercus aponta inspiração de visionário que importa manter
A associação ambientalista Quercus apontou o arquiteto como “uma inspiração”, manifestando-se empenhada em mudar políticas públicas para honrar a sua memória.
“O arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles foi um visionário com extrema sensibilidade e consciência cívica, técnica e ambiental”, afirmou a vice-presidente da Quercus, Alexandra Azevedo, numa declaração enviada à agência Lusa.
No entanto, há “vários retrocessos em muitas políticas públicas, agravados pelas práticas instaladas que desvirtuam” o que Ribeiro Telles deixou ao país, como a criação da figura das reservas ecológicas e das reservas agrícolas.
“É imperioso que o seu legado perdure face à dimensão da mudança necessária”, refere Alexandra Azevedo, que destaca a pandemia da Covid-19 como “um momento para repensar e não adiar o inevitável: a regeneração do território”.
A responsável da associação Quercus considera que depois dos incêndios de 2017, “intensificou-se uma cultura arboricida, a agricultura química intensiva avança sem respeito por elementares regras de ordenamento do território e o arvoredo urbano é mutilado e sacrificado um pouco por todo o país”.
GEOTA lamenta morte de pioneiro nas questões do ambiente
Ouvido pela Agência Lusa o presidente do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), João Dias Coelho, disse que esta quarta-feira é um dia triste para os ambientalistas e arquitetos paisagistas e lembrou o papel fundamental de Ribeiro Telles na criação da Reserva Ecológica Nacional e da Reserva Agrícola Nacional.
João Dias Coelho lembrou também a Constituição da República Portuguesa, que no artigo 66 (sobre ambiente e qualidade de vida), tem “a mão” do arquiteto, ou depois a criação das “hortas” na cidade de Lisboa, para dizer que Gonçalo Ribeiro Telles tinha a capacidade de “antecipar muitas das questões de hoje”.
Era “obviamente alguém especial”, que “pautou toda a sua vida por uma correção, por uma elegância, por um conhecimento e por uma transmissão de conhecimento e de experiência que a todos nos fascinou”, disse o presidente do GEOTA.
Joanaz de Melo, também da direção do grupo ambientalista, recordou Ribeiro Telles com um dos grandes “precursores das preocupações da área do ambiente em Portugal” e das primeiras pessoas, ainda durante o Estado Novo, a manifestar-se publicamente pela necessidade de ordenamento do território.
“Foi pioneiro numa série de matérias, como o lançamento da Reserva Ecológica nacional”, e debateu-se “pela criação dos serviços públicos na área do ambiente e do sistema nacional de áreas protegidas”, acrescentou Joanaz de Melo.
Notícia atualizada às 15h38 do dia 12/11/2020.