Milhares de pessoas marcharam este domingo em Madrid, em defesa do sistema público de saúde e contra a construção do novo hospital de emergência Isabel Zendal, considerando que a cidade precisa de mais meios humanos e menos de instalações físicas.

Empunhando cartazes clamando por “100% saúde pública”, os manifestantes marcharam ao ritmo de tambores pelas ruas da capital espanhola, respondendo ao apelo da plataforma “Maré Branca” (Marea Blanca) que reúne várias organizações profissionais. Eram quase 10.000 manifestantes, de acordo com os organizadores, e mais de 2.000, segundo as autoridades de Madrid.

De acordo com agências e a imprensa local, manifestantes defenderam em particular a preservação do sistema público de saúde, gerido pela região de Madrid, criticada pela sua falta de investimento, num dos epicentros da epidemia em Espanha. Uma enfermeira, Lara García, protestou contra o peso de “funcionários em tempo parcial” e os “salários mais baixos do que noutras regiões [para não falar] noutros países”.

A manifestação acontece dois dias antes da inauguração do hospital pandémico de Madrid, construído em poucos meses pela região para aliviar o congestionamento nos hospitais da capital. Muitos temem, porém, que esse novo estabelecimento, que pode acomodar até mil pacientes, capte recursos alocados para outros hospitais, em especial para o pessoal de saúde.

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“O novo hospital é uma fraude absoluta para Madrid e para o povo de Madrid. Não é absolutamente necessário (…). Madrid tem leitos suficientes que poderiam ter sido usados”, disse a ex-enfermeira reformada Leonor Vallejo, 67 anos.

Segundo o jornal espanhol El Diario, os representantes dos 13 sindicatos e associações que convocaram o protesto exigem o aumento da contratação de pessoal de saúde, e criticam a construção do hospital Isabel Zendal. “Eles querem abri-lo para tirar a fotografia e não têm pessoal de saúde”, censurou o secretário-geral das Comisiones Obreras de Madrid (CCOO Madrid), Jaime Cedrún, citado pelo jornal.

A porta-voz do movimento Sanitari@s Needari@s, Dora García, declarou que o Zendal é “um insulto à cidadania” e “uma despesa de dinheiro de milhões que riem da população”, e exigiu a melhoria das condições de trabalho dos profissionais de saúde. “Temos de nos reforçar com mais profissionais e com mais meios para fazer face não só a estas contingências, mas também para o dia-a-dia”, afirmou o secretário-geral da organização sindical da região de Madrid CSIT – Unión Profesional, José Ángel Montero, citado pelo jornal El Diario.

Espanha continua a ser um dos países europeus mais afetados pela pandemia, com mais de 44.000 mortes e mais de 1,6 milhão de casos, somados desde o início da pandemia.