Ativistas da organização não-governamental (ONG) 350.org denunciaram que as áreas de petróleo e gás leiloadas esta sexta-feira pelo Governo brasileiro na região amazónica afetarão cerca de 50 terras indígenas próximas das zonas a serem exploradas.
O Brasil arrecadou esta sexta-feira 56,7 milhões de reais (9,10 milhões de euros) num leilão que ofereceu 19 concessões para exploração e produção de petróleo. Entre as áreas adjudicadas, quatro estão localizadas na Amazónia brasileira.
O líder indígena Ninawa Inu liderou os protestos ocorridos no hotel Sheraton, no Rio de Janeiro, onde foi realizado o leilão na manhã desta sexta-feira.
Com cartazes que diziam “A Amazónia é vida e petróleo e gás são morte” e “Amazónia livre de petróleo e gás”, os manifestantes reivindicaram as áreas leiloadas na maior floresta tropical do mundo que, segundo a ONG, prejudicam 47 tribos lá estabelecidas.
De acordo com o relatório técnico contratado pela ONG, as áreas licitadas na Amazónia são próximas de 22 unidades de conservação, que podem ser “potencialmente afetadas” pela exploração de combustíveis fósseis.
O consórcio formado pela Eneva (70%), subsidiária da alemã E.ON e a maior operadora privada de gás natural do Brasil, e a Enauta (30%) conquistou três das quatro concessões ofertadas na Amazónia, pelas quais pagou mais de 16 milhões de reais (2,57 milhões de euros).
A outra concessão, correspondente a uma área com acumulações marginais (áreas inativas onde não houve produção de petróleo e/ou gás natural ou a produção foi interrompida por falta de interesse económico), foi atribuída exclusivamente à Eneva por 25,7 milhões de reais (4,12 milhões de euros).
De acordo com dados divulgados na segunda-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), um órgão governamental, a Amazónia brasileira perdeu 11.088 quilómetros quadrados de cobertura vegetal entre agosto de 2019 e julho de 2020, uma área 9,5% superior à do ano imediatamente anterior (10.129 quilómetros quadrados) e a maior para o período dos últimos doze anos.
Ambientalistas culpam o Governo do Presidente, Jair Bolsonaro, pelo aumento da desflorestação na floresta, causada principalmente pela mineração e comércio de madeira.
Organizações como a Greenpeace e o World Wide Fund for Nature apontam que o aumento da devastação na principal floresta tropical do planeta deve-se à flexibilização dos controlos ambientais promovida pelo atual Governo.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).