O Banco Central Europeu prometeu e cumpriu. O plano de emergência pandémica, de compras de dívida, foi reforçado em mais 500 mil milhões de euros, entre várias outras medidas anunciadas esta quinta-feira, 10 de dezembro. O programa irá vigorar “pelo menos” até março de 2022, mais nove meses do que o anterior prazo de junho de 2021. Mas Lagarde assegura que os riscos negativos para as economias são, agora, “menos acentuados” dadas as notícias “encorajadoras” sobre as vacinas.
Como os analistas já antecipavam graças às pistas que o BCE foi dando nas últimas semanas, o banco central confirmou o reforço desta que se tornou a ferramenta mais importante da política monetária de resposta à crise provocada pela pandemia de Covid-19. Este é um programa de emergência que foi lançado em meados de março com um “envelope” inicial de 750 mil milhões e foi, posteriormente, reforçado com mais 600 mil milhões de euros em dívida pública e pacotes de dívida privada da zona euro. Novo total: 1.850 mil milhões de euros.
“Em todo o caso, o Conselho do BCE vai realizar compras de ativos até que considerar que terminou a fase de crise provocada pelo coronavírus”, pode ler-se no comunicado de imprensa divulgado pelo banco central. Estas compras de emergência acrescem ao programa regular de compra de ativos – lançado ainda no tempo de Draghi – que vai continuar a intervir a um ritmo mensal de 20 mil milhões de euros, até informação em contrário.
“As medidas de política monetária tomadas hoje [esta quinta-feira] vão contribuir para garantir condições financeiras favoráveis ao longo do período pandémico, suportando o fluxo do crédito para todos os setores da economia, impulsionando a atividade económica e salvaguardando a estabilidade dos preços no médio prazo”, afirma o BCE, acrescentando que “a incerteza continua elevada, designadamente em torno da dinâmica da pandemia e do tempo que irá demorar a distribuição das vacinas“.
Riscos negativos na economia “menos acentuados”
Na habitual conferência de imprensa de Christine Lagarde, que começou às 13h30, hora de Lisboa, a presidente do BCE comentou, no entanto, que o novo total (de 1.850 milhões de euros) poderá não ser utilizado na totalidade, se não se considerar necessário. “Os riscos em torno das perspetivas de crescimento económico na zona euro continuam a pender para o lado negativo”, afirmou Lagarde, mas acrescentou uma nota de otimismo: “porém, [esses riscos] tornaram-se menos acentuados“.
Nas novas previsões do staff de economistas do BCE, reviram-se em alta a projeção de crescimento (negativo) para 7,3%, face aos -8% que se previam anteriormente. O crescimento da economia da zona euro em 2021 será de 3,9%, prevê o BCE.
Apesar do maior otimismo manifestado por Christine Lagarde, nas bolsas as ações dos bancos estão a cair quase 3% (Stoxx 600 Banks), as ações de viagens & lazer caem quase 2% e o setor automóvel derrapa 1,9% (Stoxx 600 Autos), em parte penalizado pelo facto de as medidas e palavras de Christine Lagarde terem provocado mais uma valorização do euro nos mercados cambiais, o que penaliza as exportadoras.