O Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SCIF/SEF) lamentou, esta quinta-feira, que a reestruturação desta instituição seja feita “em função de um episódio sinistro”, uma vez que esta reorganização era já necessária “há muito tempo”, tendo o sindicato alertado para esse facto “ano após ano, na última década”.
Em comunicado, o órgão sindical refere que “o problema” não está nos trabalhadores do SEF, defendendo que estes sempre se pautaram “por uma atuação balizada por princípios
humanistas, civilistas e democráticos”. O documento desmarca ainda a posição dos funcionários relativamente à morte de Ihor Homenyuk em março deste ano, no aeroporto de Lisboa.
É absolutamente claro que as circunstâncias conhecidas do que sucedeu entra em contradição clara com a prática habitual dos inspetores do SEF”.
Para o sindicato, a reforma da instituição deve passar por “quatro coisas por demais evidentes”, sendo elas o reforço no número de inspetores, que fortaleça a estrutura hierárquica; aumento no número de administrativos “devidamente enquadrados numa carreira própria”; uma escola SEF para formação dos inspetores, “nos domínios da sociologia das migrações da identificação e proteção de vítimas e na área das informações de segurança”; construção de de raiz de Centros de Instalação Temporária e recuperação da Carreira de Vigilância e Segurança no SEF.
O SCIF/SEF considera ainda que, caso estas reivindicações tivessem sido implementadas na última década, a modernização da estrutura poderia ter sido feita “no tempo certo, sem a pressão político-mediática de episódios trágicos”.
Foi essa omissão que acabou por tornar o SEF numa arma de arremesso político, o que é lamentável, sobretudo na entrada da presidência portuguesa da União Europeia”.
O comunicado reforça ainda que o “SEF é um bom serviço integral de imigração, tecnológico, avançado e, repete-se, civilista e humanista. Merece ser tratado – e reforçado! – enquanto tal”, esperando que não seja desperdiçada “esta oportunidade” com uma fuga “para a frente”, no qual temem que o objetivo seja meramente desviar o foco político.
Nas fugas para a frente tudo se destrói e pouca coisa se aproveita. O SEF não
precisa de fugas para a frente, precisa de reformas”.
A reestruturação do SEF surge nove meses após o assassinato do imigrante ucraniano Ihor Homenyuk por três agentes da instituição no aeroporto de Lisboa, que levou à demissão da sua diretora, Cristina Gatões, na quarta-feira.
Diretora do SEF demite-se após caso de cidadão ucraniano morto no aeroporto de Lisboa