O governador do estado brasileiro de Goiás, Ronaldo Caiado, afirmou esta sexta-feira que o Ministério da Saúde deverá requisitar qualquer vacina certificada disponível no país durante disputas políticas envolvendo o imunizante CoronaVac.
“O ministro Pazuello me informou que será editada uma medida provisória que vai tratar dessa centralização e distribuição igualitária das vacinas. Toda e qualquer vacina certificada que for produzida ou importada será requisitada pelo Ministério da Saúde”, escreveu Ronaldo Caiado na rede social Twitter.
Caiado, que também é médico, elegeu-se como um aliado do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, protagonista de uma disputa política com o governador do estado de São Paulo, João Doria, desde o início da pandemia.
O governador paulista comprou 46 milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac e firmou uma parceria com o fabricante deste remédio, o laboratório Sinovac, através do Instituto Butantan, para fabricar milhares de doses da vacina no Brasil se for eficaz sem anuência do Ministério da Saúde brasileiro.
Antigo aliado do Presidente, Doria queria incluir o medicamento, em fase final de testes, no Programa Nacional de Imunização do Governo brasileiro, mas a rivalidade política com Bolsonaro prejudicou as negociações para distribuir a vacina em todo o país, que foram canceladas por ordem do chefe de Estado.
O governador paulista, por sua vez, avisou que mesmo sem apoio do Governo central iniciará um plano de imunização com a CoronaVac em 25 de janeiro, mas o medicamento ainda não comprovou eficácia nem teve pedido de registo efetivado junto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo que ainda não está garantido o seu uso na população.
Doria divulgou uma mensagem esta sexta-feira à tarde, em resposta à afirmação de Caiado, na rede social Twitter, frisando: “Os brasileiros esperam pelas doses da vacina, mas a União [Governo central] demonstra dose de insanidade ao propor uma MP [medida provisória] que prevê o confisco de vacinas. Esta proposta é um ataque ao federalismo. Vamos cuidar de salvar vidas e não interesses políticos”.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6,7 milhões de casos e 178.995 óbitos), depois dos Estados Unidos da América.