É mais rápido, o que não é sinónimo de ser mais perigoso. O ministro da Saúde britânico anunciou ter sido detetada uma nova variante do coronavírus no Reino Unido que se propaga mais rapidamente do que outras. Não há, por enquanto, dados que sustentem que seja mais (ou menos) perigosa do que outras variantes.
Já há pelo menos mil casos detetados no país, segundo anunciou Matt Hancock, esta segunda-feira, no parlamento britânico. No entanto, ressalvou, esta variante já tinha sido encontrada noutros países e a Organização Mundial de Saúde está avisada. Em terras britânicas, acredita-se que esta variante possa ser a causa da aceleração da pandemia em algumas zonas do país.
“Identificámos uma nova variante do coronavírus, que pode estar associada à disseminação mais rápida no sudeste da Inglaterra. A análise inicial sugere que está a propagar-se mais rapidamente do que as variantes existentes”, sublinhou Hancock, numa declaração na Câmara dos Comuns. Os cerca de mil casos já encontrados estavam localizados essencialmente no sul da Inglaterra — exatamente a região do país onde a pandemia está a acelerar.
“A esta altura, nada sugere que esta variante possa causar complicações mais graves da doença e é altamente improvável que esta mutação não responda à vacina”, adiantou ainda o governante.
A partir da meia-noite de quarta-feira, o condado de Londres e algumas zonas dos condados de Essex e South Hertfordshire vão aumentar o seu nível de restrições, subindo para o mais alto dos três níveis de alerta da pandemia. Assim, pessoas de diferentes agregados familiares só poderão reunir-se em espaços públicos ao ar livre.
Segundo a imprensa britânica, ao subir para o Nível 3 é também esperado que os jogos de futebol voltam a ficar sem público, que os cinemas fechem as portas e que só bares e restaurantes com take away possam manter-se abertos.
Por outro lado, os casos entre os jovens, com idades entre os 10 e os 19 anos, dispararam em Londres, segundo a Sky News, com uma taxa de crescimento muito mais rápida dos que no resto da população. Alguns distritos de Londres decidiram encerrar as escolas mais cedo, mas o governo de Boris Johnson já avisou que poderá recorrer a mecanismos legais para reverter a decisão e obrigar os estabelecimentos de ensino a manterem-se abertos.
OMS desvaloriza nova variante do vírus. “Mutações são bastante comuns”
“Este tipo de evolução e de mutações são bastante comuns.” Foi com estas palavras que Michael Ryan, da Organização Mundial de Saúde, desvalorizou o surgimento da nova variante do coronavírus no Reino Unido, depois de lhe ter sido pedida uma reação ao anúncio de Hancock, durante o período de perguntas na habitual conferência de imprensa da OMS.
O diretor executivo do programa de emergências da OMS continuou: “A questão, como tivemos mais recentemente com as variantes do vison na Dinamarca e outras variações anteriores, é — isso torna o vírus mais sério? Isso permite que o vírus se transmita mais facilmente? Isso interfere de alguma forma no diagnóstico? Isso interferiria de alguma forma na eficácia da vacina? Nenhuma dessas questões foi respondida ainda.”