As revistas científicas britânicas BMJ e Health Service Journal (HSJ) alertam, num editorial conjunto, que se o governo britânico aliviar as medidas de contenção do vírus SARS-CoV-2 no Natal, o “erro vai custar muitas vidas” e vai comprometer a ação do sistema nacional de saúde britânico (NHS).
“Desde o primeiro confinamento no Reino Unido, em março, o governo teve uma (talvez apenas uma) mensagem consistente: proteger o NHS”, começam os autores do editorial, Alastair McLellan, diretor da HSJ, e Fiona Godlee, diretora da BMJ. Mas, continuam, se os decisores políticos não reverterem a ideia de aliviar as medidas no Natal, “não poderão mais alegar que estão a proteger o NHS”.
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Em vez de aliviarem as medidas e permitirem que até três agregados familiares se juntem no Natal, como tem sido discutido, os dois editores sugerem que se adote medidas mais parecidas com o que está a ser feito na Alemanha, Itália ou Holanda. E explicam porquê: apesar das medidas restritivas que estão atualmente em vigor, o número de pessoas internadas está a subir.
Os diretores das revistas defendem que o NHS tem capacidade para enfrentar um terceira vaga semelhante ao que está a ser esta segunda, mas o ponto de partida do número de internados tem de ser equivalente aos 450 do início da segunda vaga, em setembro. Tendo em conta a situação atual, McLellan e Godlee preveem que, em vez disso, os números poderão ser 40 vezes superiores.
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O editorial destaca o cansaço dos profissionais de saúde, a pressão que o inverno costuma colocar no NHS, a campanha de vacinação (que será a maior em 72 anos de existência) e o facto de muitos doentes não-covid ficarem para trás nos tratamentos, para justificar os desafios enfrentados pelo sistema de saúde.
“Uma terceira vaga severa poderia eliminar quase todas as reduções nos tempos de espera para serviços médicos programados alcançadas nos últimos 20 anos”, lê-se no editorial. “Isto levará anos para recuperar, com o custo de muito sofrimento e perda de vidas.”
Os ministros britânicos reúnem-se esta quarta-feira para rever as atuais restrições no Reino Unido. As duas revistas consideraram que era a altura ideal para tomarem uma posição conjunta — a segunda vez que isso acontece em mais de 100 anos de história.