A tática escolhida e as opções para cada posição também ajudavam a isso mas o Melhor Onze da História eleito pela France Football tinha do meio-campo para a frente quatro nomes “garantidos” a que muito provavelmente se iria juntar um quinto também aguardado: Maradona, Pelé, Ronaldo, Messi e Ronaldo Fenómeno, neste caso com uma discussão mais “apertada” e com maior equilíbrio com Johan Cruyff. Em ano sem Bola de Ouro e com o The Best a menos de 24 horas de ser anunciado (com Lewandowski como favorito – mas Van Dijk também o era em 2019 por tudo o que jogou e por tudo o que conquistou mas ganhou Messi), o português continua presente em toda a qualquer distinção dos melhores entre os melhores. E a votação deixou o avançado orgulhoso pelo feito.

O maior (à esquerda) entre os 11 maiores: Ronaldo eleito para o Melhor Onze da História da France Football

“Estou muito honrado por fazer parte do melhor onze de sempre da France Football. Que Dream Team incrível… Todos merecem o meu respeito e admiração, e estou naturalmente orgulhoso por estar entre um lote de jogadores tão extraordinário. Obrigado!”, escreveu o jogador da Juventus nas redes sociais, num texto acompanhado por uma fotografia em Paris, com a Torre Eiffel como fundo, referente à última das cinco Bolas de Ouro ganhas na carreira, em 2018. E esse “prémio” chegou numa fase alta da época para Ronaldo, que na semana passada marcou dois golos em Camp Nou frente ao Barcelona e no último fim de semana também bisou no triunfo em Génova para a Serie A que marcou o 100.º jogo pelos bianconeri (79 golos), depois de ter feito 53 golos em 55 jogos entre 20 de julho de 2019 e 7 de outubro de 2020, o período em causa para a atribuição do The Best. Tudo aos 35 anos…

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Ronaldo volta a bisar no jogo 100 pela Juventus, chega aos 79 golos no clube, leva 42 só em 2020 e já é o melhor marcador da Serie A

Dentro e fora de campo, o capitão da Seleção tem marcado a agenda, como aconteceu também com o documentário Parallel Worlds, da DAZN, gravado com o pugilista cazaque Gennady Golovkin, onde Ronaldo voltou a falar do gosto que tem por desportos de combate. “A minha paixão é jogar futebol, mas na TV prefiro ver outros desportos. Entre um jogo de futebol e um combate de boxe ou de UFC, prefiro o boxe e o UFC. Eu, ser pugilista? Não creio, é duro. Tens de nascer para isso, com esse dom. Acho que nasci para ser futebolista profissional, pensei desde o primeiro dia que tinha esse dom e disse para mim mesmo ‘Vou agarrar com as duas mãos esta oportunidade’. Quando estava no Manchester United havia um treinador que lutava comigo. Penso que praticar boxe é bom para quem joga futebol porque apura os sentidos e aprendes a mexer-te”, contou o jogador, entre reflexões mais profundas e a razão pela qual a questão da idade nunca vai ser um problema ou um tabu.

“Acho que é bom ter emoções, não escondo de ninguém quem sou. As pessoas dizem que os homens não choram, quem disse isso? Todos temos sentimentos e emoções e temos que expressá-los”, destacou. “Idade? No verão tive uma conversa sobre isso no Dubai com o Anthony Joshua. Aos 33 anos começas a pensar que vais pela encosta abaixo. Eu quero continuar no futebol. As pessoas vão olhar para mim e dizer ‘O Cristiano é um jogador incrível mas agora é lento’. Eu não quero isso. Podes cuidar muito do teu corpo, mas o problema não é esse. Depende da tua cabeça, da tua motivação e da experiência. Isso é o mais complicado. No desporto podes ganhar maturidade, olha o Federer no ténis, tem 37 ou 38 anos e continua lá em cima. No boxe há muitos atletas assim. Sacrifiquei-me muito para ser o melhor do Mundo mas o importante é ser uma boa pessoa”, acrescentou.

O sacrifício está lá sempre, a motivação também, mas este foi um daqueles dias em que o melhor é mesmo não sair de casa para Ronaldo: depois de ter falhado uma oportunidade soberana logo a abrir o encontro, esteve menos ativo e influente do que é normal e desperdiçou mesmo uma grande penalidade no segundo tempo que podia ter mudado o encontro, permitindo a defesa a Gollini antes de uma última tentativa a cinco minutos do final que passou a rasar a trave. Com isso, e apesar da grande exibição de Chiesa, a Juventus voltou a não ir além do empate a um – o sexto em 12 jogos da Serie A. E Szczesny ainda evitou males maiores no último quarto de hora.

O português até foi o primeiro a deixar um sinal de perigo e a fazer aquilo que não é normal, falhando o desvio na área após cruzamento de Morata ao fazer passar a bola muito por cima (5′). Pouco depois, no seguimento de uma boa recuperação em zona ofensiva de McKennie, Ronaldo voltou a estar na jogada mas foi Morata a ter um dos grandes candidatos a falhanço do ano, de calcanhar sem guarda-redes na baliza (12′). A Atalanta conseguia dividir o encontro sempre com olhos na baliza adversário mas seria o pragmatismo da Juventus a fazer a diferença com Chiesa a fazer um grande golo num remate de meia distância (29′) quando Pirlo já tinha substituído por lesão Arthur, lançando Rabiot. Os visitados estavam na frente, os visitantes só por infelicidade não empataram em cima do intervalo, com Zapata a surgir descaído na área após passe de Pessina para um remate travado por Szczesny para canto (33′) e duas tentativas de meia distância de Malinovskyi que criaram perigo (40′ e 43′). O conjunto de Bérgamo saía a perder para o intervalo mas tinha mais remates e mais cantos do que o campeão italiano.

A segunda parte começou com a Juventus a todo o gás mas com Pierluigi Gollini a começar uma exibição de sonho onde nada era indefensável, incluindo um remate de Morata isolada na área que lhe acertou em cheio na cara logo no recomeço (48′). Rabiot ainda teria um cabeceamento com perigo ao lado antes de Freuler empatar o encontro com um remate que ainda bateu na trave antes de entrar (57′). O encontro estava de parada e resposta mas eram sobretudo as paradas do guarda-redes da Atalanta a assumirem destaque, com Gollini a conseguir travar um penálti de Ronaldo (60′) antes de fazer nova intervenção tão ou mais difícil a remate de Morata na área e em posição central (63′). Do outro lado, Szczesny travou também o golo da reviravolta a Romero (73′) e a Papu Gómez (81′), num final muito movimentado e que podia ter caído para qualquer um dos lados apesar do empate.