Febre, tosse, espirros, dores no peito e vómitos. Sentiu algum destes sintomas? Não, não se trata de uma consulta médica, nem lhe será feito um diagnóstico, mas se responder ao questionário do Gripenet estará a contribuir para a vigilância da gripe em Portugal. E, este ano, vai poder encontrar também alguns sintomas mais específicos da Covid-19, como perda de olfato ou de paladar.

“É uma ferramenta de vigilância participativa que permite acompanhar a tendência da síndrome gripal”, diz Ricardo Mexia, coordenador do Gripenet.

O Gripenet nasceu em 2005, no Instituto Gulbenkian de Ciência, e, desde 2015, que está integrado no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa). O objetivo é monitorizar, com a ajuda dos cidadãos, a evolução da gripe no país. A plataforma não fará diagnósticos, mas os sintomas descritos pelos participantes podem ser classificados como síndrome gripal ou não.

Desta forma, é possível ter um registo geográfico de onde poderá estar a circular o vírus da gripe, mesmo quando as pessoas não entram em contacto com nenhum profissional de saúde, diz Ricardo Mexia. Aliás, entre as perguntas do questionário consta se “contactou via telefone o seu médico de família, um médico generalista ou uma linha de apoio telefónico” e se recorreu a um serviço médico.

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“O Gripenet faz parte de uma estratégia integrada, que inclui a rede de médicos sentinela, a incidência nos médicos de família, consultas por gripe, as unidades de cuidado intensivos e a componente virológica no Insa”, diz o médico de Saúde Pública Ricardo Mexia. A vantagem do Gripenet é que os dados introduzidos pelos participantes estão constantemente a ser analisados.

A campanha do Gripenet costuma coincidir com a campanha de vigilância da gripe — de novembro a abril —, mas, este ano, a adaptação da plataforma com perguntas sobre a Covid-19 fez com que começasse umas semanas mais tarde, já em dezembro. Agora, são incluídas perguntas sobre o contacto com pessoas infetadas com SARS-CoV-2 ou que apresentam sintomas compatíveis com a Covid-19 e também se fez algum teste de rastreio para esta infeção.

“A síndrome gripal tem uma definição relativamente clara, mas em relação à Covid-19 a definição de caso é mais difícil”, diz Ricardo Mexia.

Tanto a gripe como a Covid-19 só podem ser diagnosticadas com certeza quando se faz um teste e se identifica o vírus, mas no caso da gripe, a análise dos sintomas pode ser suficiente para fazer fazer um diagnóstico — neste caso, só se pode falar de síndrome gripal. Já no caso da Covid-19, só o teste permite confirmar a infeção, mas a análise dos sintomas associados pode ajudar a “verificar tendências, de subida ou descida, de maneira mais ágil do que indicadores formais”, indica o médico de Saúde Pública do Insa.

Os dados do Gripenet e das plataformas congéneres na Europa estão incluídos no sistema de vigilância participativa InfluenzaNet.