A Antram disse este sábado acreditar que todos os motoristas portugueses retidos em Dover, no Reino Unido, passem a fronteira inglesa com França até ao final do dia e diz que “terão de ser assumidas as responsabilidades políticas” pela situação.

“Nós acreditamos que de manhã, às primeiras horas da manhã, ainda mais de 100 motoristas não tinham passado a fronteira. Neste momento acreditamos que até ao final do dia todos os motoristas terão passado a fronteira e estarão em trânsito para as suas localidades”, disse à Lusa o porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), André Matias de Almeida.

“A última informação que tínhamos é que, até ao final do dia de hoje, a situação estará regularizada, mas que ainda não está”, acrescentou o responsável.

4.500 camiões já passaram Canal da Mancha

Milhares de camiões conseguiram entrar no continente europeu desde a Grã-Bretanha, depois de os motoristas terem sido submetidos a testes rápidos para detetar o novo coronavírus,. Mas há milhares ainda em fila à espera, anunciou o governo britânico.

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Na noite de sexta-feira, dia de Natal, o ministro dos Transportes britânico, Grant Shapps, destacou na rede social Twitter que 4.500 camiões já tinham cruzado o Canal da Mancha desde quarta-feira, após terem sido realizados cerca de 10 mil testes, dos quais apenas 24 tiveram resultados positivos (0,24%).

No entanto, de acordo com fontes do Ministério da Defesa citadas pelo jornal The Sun, cerca de três mil veículos ainda estão retidos à espera de atravessar o canal e o seu número aumenta “a cada hora” com novos camiões a chegarem ao condado de Kent, onde fica localizado o porto de Dover, onde estavam também retidos camionistas portugueses.

Cerca de 1.100 militares foram destacados para a zona para realizar os testes de despiste do novo coronavírus, sem os quais os motoristas não têm permissão para cruzar o canal e entrar em território francês.

Antram sugere que casos positivos podem ter crescido com a paralisação

O porta-voz da associação patronal lembrou que a França decidiu proibir a entrada de pessoas provenientes do Reino Unido para fazer face a uma nova estirpe do SARS-CoV-2, 70% mais contagiosa, porém, “nos 3.000 testes havia apenas três a cinco motoristas infetados”.

“Depois sucederam-se convívios entre motoristas, como é normal, depois de estarem ali retidos e, portanto, cumpre perguntar se esses motoristas entretanto se infetaram todos uns aos outros — perante estes testes negativos que, como sabemos, não correspondem ao período de incubação – quem é que vai assumir a responsabilidade política, se houver muito mais motoristas infetados a trazer essa nova estirpe para a Europa continental, coisa que não aconteceria se estes motoristas estivessem em trânsito dentro dos seus próprios camiões”, questionou Matias de Almeida.

“É obvio que, agora, com o regularizar da situação, o desfoque neste caso vai acontecer, mas isso nem sequer atribui às empresas melhores condições económicas, face ao prejuízo que tiveram com esta situação, nem, por outro lado, coloca estas pessoas a passar o Natal com as suas famílias”, concluiu.

Nova variante de SARS-CoV-2 encerrou fronteira entre Reino Unido e França

O tráfego de camiões entre o Reino Unido e a França foi suspenso durante 48 horas na sequência da deteção em território britânico de uma variante do SARS-CoV-2 que pode ser até 70% mais contagiosa. Na quarta-feira, a França abriu a fronteira, mas exige que os motoristas tenham um teste covid-19 negativo para entrar no seu território.

Calcula-se que cerca de 300 motoristas portugueses tenham ficado retidos na fronteira entre o Reino Unido e a França, entre os milhares de várias nacionalidades. O governo britânico prometeu que os ‘ferries’ que cruzam o Canal da Mancha iriam funcionar no dia de Natal e hoje, para aliviar o caos no porto de Dover.