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Camisas fora e citações de Churchill: arrancou a vacinação contra a Covid-19 em Portugal

Este artigo tem mais de 3 anos

António Sarmento foi o primeiro a ser vacinado. Fernando Nolasco foi a seguir e citou Churchill. Centenas de profissionais de saúde dão o primeiro passo no plano de vacinação contra a Covid-19.

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Rui Oliveira/Observador

Rui Oliveira/Observador

Eram dez horas e sete minutos quando um português foi vacinado pela primeira vez contra a Covid-19. António Sarmento, diretor do serviço de infecciologia do Hospital São João (Porto) — e que, com 65 anos, é considerado um doente de risco por conta da idade — recebeu a vacina da Pfizer/BioNTech pelas mãos da enfermeira Ana Isabel Ribeiro, que também será inoculada às 15h36 deste domingo.

Primeiro, António Sarmento preencheu um questionário de doze perguntas para confirmar que era elegível para receber a vacina. Depois entrou na sala repleta de jornalistas, tirou a camisa azul, esticou o braço direito e tomou a vacina. No fim, encolheu os ombros, recebeu um penso rápido e voltou a vestir-se. A seguir, agradeceu “a honra de ter sido o primeiro a ser vacinado”.

“Gostaria de dizer que estou absolutamente tranquilo com a vacina”, assegurou o médico infecciologista nas primeiras declarações aos jornalistas presentes na sala, “mas não tão tranquilo com este aparato”: “Estou confiante, otimista, com esperança e acho que estou como qualquer cidadão. Não fugi da vacina, mas também não corri atrás dela. Esperei que chegasse a minha vez e ela chegou hoje”.

Questionado sobre o risco de reações adversas à vacina contra a Covid-19, António Sarmento relativizou: afinal, elas podem acontecer com qualquer medicamento, até mesmo com “uma simples aspirina”, recordou. “O risco não é zero, mas o risco também não é zero com nenhum medicamento novo. A história recente diz que tudo é seguríssimo”.

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António Sarmento recebeu a vacina no Hospital São João no Porto

Rui Oliveira/Observador

Enfermeira que deu primeira vacina vai ser vacinada à tarde

Ana Isabel Ribeiro, a enfermeira que administrou a vacina a António Sarmento, também agradeceu ter sido a  enfermeira a vacinar o primeiro português contra a Covid-19. “Tem sido o ano mais difícil das nossas carreiras, agora é uma esperança para continuar o trabalho de combate à Covid-19. Foi uma honra, senti-me mais tranquila por ter sido o professor [António Sarmento]”, comentou.

Até às 15h36, hora em que também vai esticar o braço para receber a vacina da Pfizer e da BioNTech, Ana Isabel Ribeiro ainda vai ser responsável por dezenas de administrações ao longo da manhã e início da tarde. Fá-lo com satisfação, garante: “Foram meses muito duros, vimos alguns doentes que não se conseguiram salvar, outros que retomaram as suas vidas”, continua a enfermeira.

Marta Temido falou aos jornalistas a seguir e elogiou a capacidade de comunicação e de trabalho em equipa dos profissionais de saúde — tanto do Sistema Nacional de Saúde como dos setores sociais e privados — mas também das várias instituições que permitiram que a vacina chegasse a Portugal.

“Houve uma capacidade da União Europeia de alocar meios financeiros, congregar esforços no processo de negociação conjunto e também para que a distribuição da vacina acontecesse no mesmo dia. Todos estes factos para dizer que a união nos torna mais fortes e é a única forma de ultrapassarmos as coisas mais difíceis da vida”, disse a ministra da saúde.

“Temos muito para enfrentar, por isso apelo a este sentido de união e de trabalho em conjunto. Se chegámos até aqui foi porque caminhámos juntos, porque a união é a melhor forma de sair desta pandemia”, afirmou a ministra Marta Temido, realçando que ainda existem muitos desafios ao longo do inverno e da próxima primavera.

Marta Temido, ministra da saúde, no Hospital Santo António.

Octavio Passos/Observador

Questionada sobre porque é que as autoridades de saúde decidiram começar a vacinação pelos profissionais de saúde — e não pelos idosos, como está a acontecer noutros países europeus –, a ministra da saúde explica que foi “uma escolha pragmática num momento que é apenas o primeiro de uma fase”: “Recebemos vacinas ontem [sábado, 26 de dezembro], vamos receber mais vacinas amanhã [segunda-feira, 28 de dezembro] e nas semanas de janeiro”.

“A ordem da vacinação começou aqui, mas o professor [António Sarmento] não pediu que começasse por ele. Há uma série de trabalhos que deve ser acompanhado com a maior tranquilidade pela parte de todos”, acrescentou Marta Temido.

Sandra Braz e Fernando Nolasco foram os primeiros vacinados em Lisboa

A médica de medicina interna Sandra Braz foi a primeira pessoa a ser vacinada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Coordenadora da Unidade de Internamento de Contingência da Infeção Viral Emergente, criou também uma consulta de acompanhamento dos doentes que tiveram Covid-19. Nos últimos meses foi uma das pessoas mais presentes nos serviços do hospital.

Em abril, numa reportagem especial do Observador, contava que lhe parecia que já tinha passado “mais de um ano”. “É um mundo que não pensava que ia existir. A primeira semana foi quase viver isto como se fosse um daqueles filmes de ficção científica, em que existe humanidade, há uma agressão dos extraterrestres, vem o vírus e tira-nos tudo.” E em julho, entrevistada no programa A Luz ao Fundo do Túnel, da Rádio Observador, falava do desafio de acompanhar os doentes já depois da infeção e do impacto físico e emocional da doença.

António Sarmento recebe a vacina da enfermeira Ana Isabel Ribeiro.

Rui Oliveira/Observador

No Hospital Curry Cabral, também em Lisboa, Fernando Nolasco, 68 anos, médico de medicina interna e especialista na área da nefrologia, foi o primeiro a receber a vacina. Nas primeiras declarações aos jornalistas, Fernando Nolasco citou Winston Churchill:

“Isto não é o fim, não é sequer o princípio do fim. É o fim do princípio”, avisou. “É apenas um dos pequenos passos que temos de dar. Se calhar há medidas ainda mais importantes que a vacina. Ela só nos veio dar alguma paz e sossego”.

Não é a primeira vez que alguém usa Churchill e esta mesma citação para se referir a este momento em que começa a vacinação. Em dezembro, o primeiro-ministro fez o mesmo.

Sobre as reações adversas que têm sido registadas após a toma da vacina, Fernando Nolasco também desvalorizou o tema e diz ter mais receio de apanhar a doença do que dos efeitos secundários da vacina. “É melhor estar numa tempestade com alguma proteção do que estar completamente desprotegido. Há circunstâncias em que as vacinas não devem ser dadas, mas isso cabe aos médicos decidir”, prosseguiu.

Bastonário da Ordem dos Médicos entre os primeiros vacinados

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, foi um dos primeiros vacinados, esta manhã, no Porto. O médico trabalha na área de transplantação renal do Hospital São João e estas equipas foram consideradas prioritárias.

À chegada, aos jornalistas, Miguel Guimarães falou num “ato simbólico”. “É um sinal de grande esperança para todos nós e é um motivo para dizermos ‘presente’, para nos vacinarmos a pensar nas outras pessoas, doentes, pessoas mais frágeis”.

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, já foi vacinado.

Rui Oliveira/Observador

O bastonário pediu ainda aos portugueses que “não tenham medo de se vacinar”, apelando a que “pensem hoje mais nos outros e menos em si próprios”. E garantiu que não teme efeitos secundários. “Estou tranquilo, não temo reações adversas. As reações adversas podem eventualmente existir, mas elas são perfeitamente controladas”.

Vacinação “está a correr com grande tranquilidade”

À entrada do Hospital de Santo António — onde a primeira vacina foi aplicada pouco depois das 10h — Marta Temido disse que este é o “começar de um virar de página” ainda que também repita que “ainda há muito pela frente”. Mas esta é “uma janela de esperança que se abre para todos”.

A ministra diz também que o processo de vacinação que arrancou esta manhã “está a correr com grande tranquilidade, expectativa e alegria genuína”. E referiu ainda aos jornalistas que “não há nenhuma notícia de reação adversa até ao momento”. No entanto, ainda passaram apenas duas horas desde que a primeira vacina foi administrada.

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