“Seremos o primeiro país a superar o coronavírus. Vamos vacinar toda a população relevante e qualquer pessoa que queira ser vacinada”. A garantia foi dada esta quinta-feira por Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, país que tem população de 9 milhões de pessoas e já vacinou mais de 1,5 milhões – cerca de 17%. Os serviços de vacinação estão a funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana, e o governo garante que até março toda a gente (com mais de 16 anos) estará inoculada contra o novo coronavírus.
Numa declaração transmitida pela televisão, e citada pelo Jerusalem Post, Netanyahu garantiu que apesar do ritmo alucinante da vacinação, não irão faltar doses para serem aplicadas porque mais uma encomenda de “milhões” de vacinas vão chegar ao país a partir deste domingo e ao longo dias seguintes. O anúncio é feito numa altura em que, apesar do sucesso na vacinação, o país entrou esta sexta-feira em lockdown (confinamento generalizado) numa reação ao aumento do número de contágios, provocada pela “variante britânica”, indicou Netanyahu, numa declaração anterior no Twitter.
Os progressos na vacinação “vão livrar-nos da crise do coronavírus e vamos poder regressar à vida normal”, afirmou o chefe do governo israelita, acrescentando que “é assim que vamos reabrir a economia, voltar ao trabalho, à sinagoga… à vida que amamos e da qual temos saudades”.
As vacinas que estão a ser administradas são as da Pfizer, farmacêutica que produziu uma das vacinas que estão disponíveis e com quem o governo israelita celebrou um acordo de partilha de dados. Vão ser partilhados, com a Pfizer, apenas “dados gerais” sobre a vacinação, sem revelação de quaisquer dados pessoais.
Benjamin Netanyahu revelou que tem feito uma pressão enorme sobre a Pfizer para que sejam entregues mais doses da vacina, de modo a não atrasar o processo de vacinação rápido que foi montado no país. O primeiro-ministro já falou com Albert Bourla, o presidente da Pfizer, 17 vezes nos últimos dias, disse o próprio Netanyahu.
Os 1,5 milhões de cidadãos já vacinados em Israel contrastam com a velocidade muito mais lenta a que a vacinação está a decorrer nos países da União Europeia. Esta sexta-feira, a Direção-Geral de Saúde indicou que foram administradas 70 mil vacinas em Portugal Continental. Segundo o The New York Times, o governo israelita não revela quantas doses, afinal, já recebeu até ao momento mas garante que existe “stock” suficiente no país para que todas as pessoas recebam a segunda dose dentro do prazo máximo de 21 dias (depois da primeira toma).
Segundo a Reuters, Israel terá beneficiado de encomendar as vacinas mais cedo e de pagar um preço mais elevado à Pfizer, por cada dose. Além disso, o processo está a ganhar com a digitalização que foi aplicada e com uma estrutura bem oleada que inclui vacinas em jeito de “drive-through“.
As autoridades israelitas não revelaram publicamente quanto pagaram pela vacina desenvolvida pela empresa norte-americana Pfizer em parceira com a alemã BioNTech, apesar do ministro da Saúde israelita, Yuli Edelstein, ter admitido que libertar a economia de Israel das restrições impostas pelo vírus justificaria qualquer custo de compra.
Israel está, assim, a ser o “campeão” mundial da vacinação, até ao momento, vacinando em média mais de 100 mil pessoas por dia. Porém, é também alvo de muitas críticas por deixar de fora nesta fase inicial os quase 5 milhões de palestinianos a viver na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, que terão de esperar mais tempo para serem vacinados do que a restante população.
As autoridades israelitas rejeitam a posição defendida por alguns grupos de ajuda humanitária de que é responsável por fornecer a assistência médica à população palestiniana sob o seu controlo geopolítico.