Um caso abalou o Egito nos últimos dias. Um vídeo correu as redes sociais e mostrava duas unidades de cuidados intensivos de dois hospitais públicos (o hospital Zefta General e o hospital Al-husseineya) com vários doentes acamados que contraíram Covid-19 e que terão morrido devido à falta de oxigénio. O governo egípcio abriu um inquérito para investigar o caso, mas foi mais longe: baniu os smartphones de todos os hospitais.

“Todos nestes cuidados intensivos morreram. Só o profissional médico é que não está morto […] Há falta de oxigénio”, ouve-se no vídeo Ahmed Mahdou, o autor das filmagens. O cenário é de terror: médicos e enfermeiros choravam sentados no chão, enquanto outros procediam à reanimação de alguns doentes. Tudo isto ao mesmo tempo que os corredores dos hospitais se enchiam com pessoas a correr de um lado para outro, aos gritos.

As reações foram rápidas: as autoridades egípcias abriram um inquérito dias depois para averiguar o que se tinha passado. E os responsáveis políticos rapidamente reagiram. O governador de Sharquia — cidade em que se localiza hospital Al-husseineya –, descartou que as mortes tenham como origem a falta de oxigénio nos hospitais.

Mamdouh Ghorab acrescentou, segundo a Associated Press, que os pacientes morreram devido a padecerem de outras doenças crónicas.  Também a ministra da Saúde egípcia, Hala Zayed, destacou que “havia oxigénio em todos os hospitais que recebem pacientes com Covid-19”.

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A solução? Banir smartphones

Dias depois, para evitar que outra gravação viesse a público, a ministra da Saúde egípcia decidiu banir a utilização os smartphones nos hospitais. Mas não telemóveis — apenas não podem ter câmara. Câmaras e máquinas de filmar também estão proibidas, segundo a imprensa egípcia.

As famílias dos pacientes já manifestaram a sua preocupação com o facto de não poderem entrar em contacto com quem está internado — mas a decisão mantinha-se pelo menos até esta segunda-feira.

Também Ahmed Mahdou não está numa situação fácil. O autor das gravações está sob investigação, assim como a empresa de segurança que permitiu que filmasse nas instalações hospitalares. Ambos poderão ser acusados de criar “pânico entre os cidadãos”.

O serviço de saúde do Egito está à beira da rutura após um aumento de casos de Covid-19. E, apesar de inicialmente negar, a ministra da Saúde egípcia acabou por admitir que havia falta de oxigénio nos hospitais públicos, segundo o Middle East Monitor.

Os últimos dados do boletim epidemiológico revelam que o Egito registou esta segunda-feira 961 casos diários do novo coronavírus e 52 mortes resultantes da doença. Desde o início da pandemia, o país totaliza 150.753 infeções por Covid-19 e 8.249 mortes por SARS-CoV-2.