A direção do CM/CMTV afirmou esta quarta-feira que o empresário Mário Ferreira “não tem idoneidade para gerir” empresas de media, depois deste ter considerado “fundamental” a Comissão da Carteira se pronunciar sobre notícias da Cofina que o envolvem.

O presidente da Media Capital disse esta quarta-feira considerar “fundamental” que o Sindicato dos Jornalistas e a Comissão da Carteira “se pronunciem” sobre notícias do grupo Cofina que envolvem o empresário e acionistas da dona da TVI.

Numa nota enviada à Lusa, a direção do Correio da Manhã e da CMTV refere que “o senhor Mário Ferreira com esta campanha contra jornalistas prova que não tem condições para gerir nenhuma empresa detentora de media”, salientando que “um dos princípios basilares da democracia é a separação de competências entre os acionistas dos grupos de comunicação social e os conteúdos confiados à redação, com os seus órgãos próprios de decisão”.

Ora, “quando um investidor na Media Capital não conhece esse princípio e insiste em não o aprender, não tem idoneidade para gerir nenhum título jornalístico”, prossegue a direção dos títulos do grupo liderado por Paulo Fernandes.

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Se atua assim contra jornalistas que não dependem economicamente de si, como será a sua relação com profissionais das empresas que gere”, questiona a direção, referindo que “as notícias e as investigações do CM sobre o empresário Mário Ferreira limitam-se a escrutinar as atividades de um empresário que tem poder sobre um bem público (a televisão), que está envolvido num negócio polémico com os Estaleiros de Viana do Castelo”.

“É esse escrutínio que compete aos jornalistas que continuaremos a fazer, é apenas o nosso trabalho”, remata a direção.

“Desde o início da operação de compra da TVI por investidores portugueses, que adquiriram as participações à Prisa, que vêm sendo publicadas várias centenas de ‘notícias’, aparentemente de forma orquestrada, a insultar, a denegrir e a fazer insinuações sobre a TVI, a Media Capital, Mário Ferreira e os restantes acionistas, nos meios de comunicação do grupo Cofina”, afirmou esta quarta-feira, em comunicado, Mário Ferreira, que através da Pluris Investments detém 30,22% da Media Capital.

Segundo o empresário, tal “revela um interesse evidente em desmoralizar e pressionar esses acionistas para abdicarem das suas participações e condicionar as autoridades que possam ter uma palavra a dizer nessa matéria”, para “colocar a Cofina numa posição favorável numa disputa pela titularidade das ações da Media Capital, que só existe na cabeça do engenheiro Paulo Fernandes [presidente da dona do Correio da Manhã]”.

Mário Ferreira sublinha que “a demonstração de que os meios de comunicação social próprios são utilizados para fins do interesse da Cofina levantará certamente questões do foro deontológico do jornalismo, da independência das publicações, e até do foro criminal, tendo em conta a pressão permanente resultante da torrente de notícias que têm como alvo” o empresário e outros acionistas da Media Capital, prossegue.

“Não sendo do meu timbre e da minha personalidade ceder a estas pressões ou chantagens, julgo, todavia, que isto deveria ter um fim, em nome da liberdade de iniciativa privada e da independência dos meios de comunicação”, acrescenta.

“É por isso, fundamental que o Sindicato de Jornalistas e a Comissão de Carteira se pronunciem relativamente a estas notícias”, considera, apontando que o comunicado “segue, assim, também, para essas entidades enquanto garantes da integridade de uma das mais nobres profissões”.

Sob o título “utilização de meios de comunicação social por parte interessada”, Mário Ferreira salienta que “parece, pois, haver uma campanha, com objetivos precisos e não revelados expressamente, sob a capa de notícias”.

Atualmente a Media Capital está a ser alvo de duas ofertas públicas de aquisição (OPA): uma da Cofina e outra da Pluris Investments, na sequência de decisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).