O líder da oposição russa Alexei Navalny foi detido este domingo no aeroporto Sheremetyevo, em Moscovo, quando regressava à Rússia, após um período de convalescença na Alemanha depois de uma suposta tentativa de envenenamento levada a cabo pela agência de espionagem russa FSB, avança a imprensa internacional.

As autoridades russas prenderam Navalny imediatamente após o seu voo de Berlim ter aterrado este domingo. O avião onde seguia devia ter aterrado no aeroporto Vnukovo em Moscovo, onde centenas dos seus apoiantes se tinham reunido para o receber. Contudo, as autoridades fecharam o aeroporto à última da hora, tendo o voo que ser desviado para Sheremetyevo, longe dos apoiantes e da imprensa que o esperava.

Depois do avião aterrar, Navalny e a mulher que também seguia viagem dirigiram-se ao edifício do terminal. Já no posto do controlo de passaportes, o opositor russo foi abordado pelas autoridade que o prenderam. Navalny ainda teve tempo de se despedir da mulher com um beijo. As imagens do momento já circulam nas redes sociais.

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Em São Petersburgo, agentes da polícia russa detiveram vários ativistas que tinham intenções de ir receber Navalny ao aeroporto, relatou na altura a rádio Eco de Moscovo. Segundo a estação moscovita, citada pela agência Efe, entre as pessoas detidas encontrava-se a coordenadora da organização de Navalny em São Petersburgo, Irina Fatianova, e o ativista Ilya Gantvar. Ambos foram detidos quando estavam prestes a embarcar num comboio com destino a Moscovo.

Navalny. Polícia russa detém ativistas que viajavam para receber opositor de Putin

O opositor russo foi vítima de um envenenamento com composto neurotóxico do tipo Novichok, na Sibéria no passado mês de agosto, tendo sido depois transferido para um hospital de Berlim.

A 14 deste mês, o jornal oficial russo Rossiskaya Gazeta tinha noticiado que o opositor ao Presidente Vladimir Putin podia ser preso ao regressar ao país, por ter sido emitido um mandado de busca e captura pelas autoridades de Moscovo.

Segundo a notícia, o mandado foi emitido a 29 de dezembro de 2020 pelos Serviços Penitenciários Federais (SPF) da Rússia por “reiterada falta de cumprimento” na apresentação às autoridades na condição de condenado com pena suspensa.

Navalny que acusou o presidente Vladimir Putin de ter ordenado o envenenamento de que foi vítima em agosto de 2020, o que foi refutado pelo Kremlin, tinha sido condenado em 2014 no âmbito de um processo de desfalque a três anos e meia de prisão, com pena suspensa, mas submetido a um esquema de apresentações periódicas que expirou a 30 de dezembro.

Devido aos antecedentes penais, Navalny foi impedido de enfrentar Vladimir Putin nas eleições presidenciais de março de 2018.

A 20 de agosto do ano passado, Navalny sentiu-se indisposto quando se encontrava a bordo de um avião que regressava a Moscovo depois de ter descolado de Tomsk, na Sibéria, onde desenvolvia atividades políticas de oposição ao regime.

A situação obrigou a uma aterragem de emergência e internado de urgência, entrando depois em coma, tendo sido dias depois transferido para uma clínica na capital da Alemanha.

Os médicos de Berlim determinaram que o político, de 44 anos, tinha sido envenenado com uma substância tóxica do tipo Novichok, um composto químico militar desenvolvido pela União Soviética.

Após ter recebido alta hospitalar na Alemanha, a 23 setembro de 2020, Navalny instalou-se numa pequena localidade no sudoeste da Alemanha, tendo quarta-feira passada anunciado a intenção de regressar à Rússia.

“Decidi que chegou o momento que esperava há muito: estou quase curado e posso finalmente regressar a casa”, comunicou Navalny através das redes sociais.