(artigo atualizado às 15h de segunda, dia 18 de janeiro)
No Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC), o último balanço dá conta de 48 camas ocupadas nas Unidades de Cuidados Intensivos, de um total de 55. Em enfermaria estão ocupadas 297 camas, de um total de 302, garantiu fonte hospitalar à Rádio Observador.
No domingo, Nuno Devesa, diretor clínico do CHUC, dizia estar “perto do limite da capacidade instalada”. De acordo com o mesmo responsável, os serviços deste centro hospitalar estão a ser reorganizados “diariamente” para libertar camas e recursos humanos.
“É uma ginástica que fazemos diariamente. Fazemo-lo várias vezes ao dia, porque de facto é preciso que haja pessoas que prestem cuidados aos doentes”, afirmou o mesmo responsável, este domingo à tarde, em entrevista à SIC, também no domingo. “Já houve orientações do Ministério da Saúde que estamos a cumprir, como reduzir a atividade cirúrgica. Neste momento, estamos a fazer apenas cirurgias urgentes e prioritárias e isso permite libertar enfermeiros e anestesistas para dar assistência aos doentes Covid”, adicionou.
Adicionalmente, a redução do número de consultas, com recurso também à teleconsulta, tem permitido libertar recursos humanos e diminuir a circulação de pessoas no hospital. “Ainda temos alguma margem — pouca — de espaço e temos alguma de recursos humanos, e aí é que estamos mais limitados”, referiu.
“Se ficar tudo em cima dos hospitais, eles não vão aguentar”
O mesmo responsável antecipou o colapso dos hospitais portugueses. “A continuar com estes números diários e sobretudo com esta necessidade de internamento, vamos rapidamente atingir o limite”, alertou ainda Nuno Devesa, que alerta para um possível descontrolo da situação. “A resposta à Covid-19 não pode ser centralizada nos hospitais. E necessário alargar horários e a oferta das áreas respiratórias da comunidade e criar mais estruturas para receber doentes hospitalares que já estejam melhores. Aí sim, vamos ter outro tipo de capacidade de resposta e aguentaremos estes 15 dias”, adicionou.
“Se ficar tudo em cima dos hospitais, eles não vão aguentar”, reforçou no domingo o diretor clínico do CHUC, que reconhece o trabalho feito pela Administração Regional de Saúde do Centro, apesar de considerá-lo “insuficiente”. “Tem de ser feito um esforço adicional”, admite. O apoio aos centros hospitalares, segundo propôs, passa ainda pelo “alargamento de horários das áreas respiratórias dos centros de saúde”.
Leiria: restam 11 camas. Abrem mais 30 até ao final do dia
O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) dispõe atualmente de 11 vagas para doentes Covid-19. Fonte hospitalar esclareceu ao Observador que o CHL prevê abrir mais 30 camas para tratamento Covid-19 até ao final do dia desta segunda-feira. No domingo, contavam-se apenas cinco camas para doentes Covid-19 no Centro Hospitalar de Leiria, entre enfermaria e Unidade de Cuidados Intensivos.
Segundo a mesma fonte hospitalar, não há registo de transferência de doentes para outras unidades do país, nem da ocorrência de situações críticas no serviço de urgência hospitalar, como as verificadas em Santa Maria e Torres Vedras, na última sexta-feira.
O crescimento da afluência de utentes Covid-19 levou ainda o conselho de administração a “contratar a Santa Casa da Misericórdia da Marinha Grande para a utilização de camas de nível I, para alocar doentes positivos sem alta clínica oriundos do CHL “
De acordo com os dados divulgados no domingo, pela DGS, a região Centro ultrapassou pela primeira vez o Norte no número de novos óbitos pelo novo coronavírus.