A Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar (SPEPH) pediu esta terça-feira uma audiência ao Conselho Nacional de Ética e Ciências para a Vida para a alertar para as “lacunas do sistema” e a “situação caótica” que está a atravessar.

Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da SPEPH Nelson Batista afirmou que o pedido de audiência visa alertar o Conselho Nacional de Ética e Ciências para a Vida (CNECV) para “as lacunas do sistema, para as propostas que foram feitas e não foram ouvidas e para uma série de questões menos corretas que existem e que têm de ser resolvidas”.

A SPEPH quer apresentar ao conselho propostas “claras e objetivas” para a melhoria do Serviço de Emergência Médica Pré-Hospitalar uma vez que “a situação está caótica”, apontando a “grande falta de recursos e equipamentos nas ambulâncias”.

Para Nelson Batista, o problema é que o sistema é reativo e não proativo: “Está-se a reagir dia a dia aos acontecimentos quando isto queria planeamento, organização para haver uma resposta que, logicamente iria ter falhas, porque estas situações não são resolvidas facilmente, mas que ajudariam de certeza a ter uma consequência menor”.

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Segundo o responsável, as equipas têm conseguido assegurar o trabalho, mas alertou que “os recursos não são ilimitados”, sustentando que, com as ambulâncias retidas nos hospitais “horas a fio” devido à sobrecarga dos hospitais, uma situação que se agravou com a pandemia, pode não haver meios para socorrer as pessoas.

Já esta terça-feira, em anteriores declarações à Lusa este dirigente relatou pelo menos três casos de doentes que morreram nas filas de ambulâncias junto aos hospitais.

Posteriormente, no pedido de audiência ao CNECV a sociedade admite “a gravidade de diversos eventos adversos que a área da emergência médica pré-hospitalar tem vindo a atravessar, que lamentavelmente se vieram a evidenciar no decorrer da pandemia”.

Nelson Batista explicou à Lusa que este pedido surge na sequência de “terem sido ignorados ao longo destes últimos tempos todas as propostas que foram feitas”, sendo que “algumas delas poderiam ter contribuído para minimizar a desorganização que existe” e que está a ter consequências que “são muito mais difíceis de gerir e de colocar em ordem”.

A SPEH defende, entre outras propostas, o reforço das unidades de saúde periféricas, como os serviços de atendimento permanente e serviços de urgência básica, “criando alguma capacidade de internamento e com capacidade de aliviar os serviços de urgência polivalente dos hospitais distritais e centrais”.

Considera ainda que a gestão de emergência desta pandemia devia ser assegurada pela Associação nacional de Emergência e Proteção Civil, “com apoio das forças armadas, garantindo que a articulação de meios e recursos é corretamente efetuada.

Defende igualmente a adequação da capacidade de triagem dos CODU ao estado atual, de forma “a evitar o envio de meios de Emergência Médica Pré-Hospitalar para situações que não são Emergência Médica”, assim como uma mais célere articulação dos hospitais com o CODU relativamente às vagas disponíveis.