No passado domingo, em Anfield, Liverpool e Manchester United não foram além de um empate sem golos — o que significou, no que diz respeito à classificação, que a equipa de Solskjaer manteve os três pontos de vantagem para a de Klopp e segurou a liderança da Premier League. O jogo teve pouca história e até poucas oportunidades mas a verdade é que, nos instantes finais, só um dos lados parecia ainda querer chegar à vitória: o Manchester United. E com ele, Bruno Fernandes.
O médio português foi substituído já no últimos minutos da partida, visivelmente exausto, mas não conseguiu esconder o desagrado por não poder ajudar a equipa da reta final do jogo. Saiu sem grandes sorrisos, a expulsar o ar pela boca, e pareceu um dos elementos mais incomodados com o empate — mesmo que esse empate tenha deixado tudo como estava, com o Manchester United à frente do Liverpool. Na conferência de imprensa no final da partida, Solskjaer foi questionado sobre o porquê da saída de Bruno Fernandes nos minutos finais e, principalmente, sobre se a alteração estava relacionada com a acumulação de cansaço do jogador português, um dos mais utilizados na Premier League.
“Bruno Fernandes está em forma. Ainda agora ganhou o prémio de jogador do mês [da Premier League]. Não está cansado, nem pensar. É dos jogadores que mais corre e cobre o terreno em todos os jogos. Recupera muito bem, assim como é bom a recarregar as baterias. Se tivesse marcado o livre direto, se tivesse levantado um pouco mais a bola após o cruzamento de Luke [Shaw], seria novamente considerado o melhor jogador da Premier League. Desde que chegou, tem sido absolutamente incansável. Não está cansado e, se eu lhe perguntar, ele vai dizer que não está”, explicou o treinador norueguês, recordando então que Bruno Fernandes foi considerado o melhor jogador do mês da liga inglesa quatro vezes durante o ano civil de 2020, tornando-se o primeiro de sempre a alcançar esse feito.
Certo é que, esta quarta-feira, o Manchester United deslocava-se ao terreno do Fulham e tinha um registo assinalável para manter. Há um ano inteiro, desde 19 de janeiro de 2020, que os red devils não perdem fora de Old Trafford — a última derrota foi em Anfield, contra o Liverpool, e desde aí a equipa de Solskjaer somou 12 vitórias e quatro empates longe de casa. A série impressionante poderia então ser engrossada em Craven Cottage, o estádio do Fulham, mas o Manchester United precisava de uma vitória por um motivo ainda mais importante. Já esta jornada, o Leicester derrotou o Chelsea e subiu ao primeiro lugar da Premier League e só os três pontos serviam a Bruno Fernandes e companhia para regressar à liderança da classificação.
He's just getting started ????
A milestone appearance for @B_Fernandes8 ????
???? #MUFC
#⃣ #FULMUN
???? #PL pic.twitter.com/3Ggd8MHgOE— Manchester United (@ManUtd) January 20, 2021
Contra o antepenúltimo classificado e escassos dias de novo encontro com o Liverpool, desta feita para a Taça de Inglaterra no próximo domingo, Solskjaer fazia algumas poupanças: Lindelof nem sequer aparecia na ficha de jogo e era substituído por Bailly, Rashford começava no banco e via Greenwood saltar para o onze e McTominay também perdia a titularidade, com Cavani a arrancar de início. Bruno Fernandes mantinha-se nas opções iniciais do Manchester United num dia que até era especial, já que completava 50 jogos pelo clube.
Os red devils começaram a perder, com o Fulham — onde Ivan Cavaleiro era titular — a abrir o marcador logo nos instantes iniciais. Lookman apareceu desmarcado na direita da grande área e nas costas de Wan-Bissaka, recebeu um grande passe longo e atirou rasteiro para bater De Gea (5′). O Manchester United soube responder ainda antes da meia-hora: Bruno Fernandes acertou com estrondo no poste e aproximou-se do corredor esquerdo para reciclar o lance; o médio português cruzou, o guarda-redes Areola afastou para a frente e Cavani, na recarga, empatou a partida (21′).
No início da segunda parte, o Manchester United também já sabia que o Manchester City tinha vencido o Aston Villa e que, com essa vitória, a equipa de Pep Guardiola tinha subido provisoriamente ao primeiro lugar da Premier League. Ou seja, o Manchester United já sabia que estava mesmo obrigado a ganhar não só para voltar a ultrapassar o Leicester mas também para voltar a ultrapassar o City. O golo da vitória apareceu já depois da hora de jogo, com Pogba a tirar da cartola um remate cruzado perfeito a partir do vértice direito da grande área do Fulham (65′). O jogador francês, que já tinha feito o golo da vitória contra o Burnley na semana passada, voltou a ser o trunfo de Solskjaer e atirou o Manchester United de volta para o primeiro lugar da classificação. Quanto ao registo imaculado fora de casa, os red devils persistem: há um ano e um dia que o clube não perde longe de Old Trafford.