Reid Baker e Inês Amorim, a dupla de designers por trás da marca, conquistaram o mundo da moda com uma interpretação do guarda-roupa clássico masculino, feita à luz de um glamour retro, que lhes valeu um lugar entre os grandes nomes da moda parisiense, em julho do ano passado. Depois da estreia, a feliz reincidência. Sem desfile, num momento em que a pandemia continua a orientar uma grande parte das marcas para os formatos digitais, a Ernest W. Baker apresentou, na última sexta-feira, uma versão ligeira do seu próprio estilo.

Entre nomes como Louis Vuitton, Dior, Hermès e Dries van Noten, a marca, dirigida por uma portuguesa e por um norte-americano, abraçou o conceito de off-duty, com peças como t-shirts estampadas, calças tartan, peças acolchoadas ou ao estilo pijama a quebrarem com os códigos de vestuário formal que tinha vindo a trabalhar. Não desaparecem os fatos, tão pouco os sobretudos em lã de linhas esculturais, mas este é um guarda-roupa mais completo, adaptado às novas necessidades dos consumidores.

© Ernest W. Baker

Criada em 2017, esta é a segunda vez que a marca sediada em Viana do Castelo integra o calendário oficial parisiense, dedicado à moda masculina. Ambas as participações tiveram o apoio do Portugal Fashion. “[A dupla] mostra a emergência de uma nova geração de criadores em Portugal. A sua presença no calendário parisiense oferece-lhes uma plataforma para atingir uma audiência internacional e partilhar a sua mensagem de modo criativo”, referiu Serge Carreira, responsável pelo departamento de Marcas Emergentes da Federação Francesa de Alta-costura e da Moda, em comunicado.

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Ernest W. Baker. Um western português com estreia marcada no Portugal Fashion

De Milão para Paris, dez dias dedicados à moda masculina

O circuito terminou no último domingo, em Paris, depois de cerca de dez dias dedicados a antecipar as propostas de marcas e designers para o próximo outono. Entre os momentos dignos de nota, esteve a Louis Vuitton de Virgil Abloh. Um dia depois da tomada de posse de Joe Biden, o designer manteve o foco sobre a diversidade através da harmonia conseguida entre sofisticados sobretudos, peças de alfaiataria, elementos trazidos da cultura ganesa (onde tem as suas raízes) e chapéus e fivelas de cowboy.

No desfile da Dior, Paris assistiu ainda à incorporação de elementos cerimoniais em peças de pronto-a-vestir masculino. As afinidades artísticas de Kim Jones voltaram a saltar à vista — desta vez, o designer colaborou com o pintor escocês Peter Doig.

Entre os dias 15 e 19 de janeiro, foi em Milão que as atenções se centraram. O calendário integrou duas etiquetas portuguesas — Miguel Vieira e David Catalán –, mas também pesos pesados da moda italiana. Ermenegildo Zegna, mestre da alfaiataria, propôs o guarda-roupa do futuro: sem género, minimal, hiper-confortável e com atenção dada ao reaproveitamento e reutilização de materiais.

Destaque ainda para o desfile da Prada, onde Miuccia e Raf Simons voltaram a unir esforços. Ambos concordaram que se tratava de uma coleção sensitiva — a cromoterapia tomou conta do cenário, mas foi através das malhas que a dupla desafiou a audiência deste desfile virtual a perceber as texturas. As peças tanto serviram de aconchego, justas ao corpo, como formaram silhuetas volumosas, com casacos e blusões oversized.

O roteiro da moda continua agora em Paris, onde a semana da alta-costura arrancou esta segunda-feira. Até quinta-feira, esperam-se os desfiles de casas como Christian Dior, Schiaparelli, Chanel, Valentino e Giorgio Armani.