Marcelo Rebelo de Sousa já enviou a António Costa uma carta a definir quem considera prioritário para a vacinação nesta segunda fase do plano. A confirmação foi dada ao Observador por fonte oficial de Belém que diz que “não cabe à Presidência da República tornar pública uma carta que responde a uma outra também não pública”, mas acaba por revelar quais são as prioridades definidas pelo Presidente da República: apenas ele próprio e os profissionais de saúde que trabalham na Presidência devem ser vacinados (são três). Sobre os conselheiros de Estado, Marcelo não os indicou por considerar que já estavam contemplados no despacho de António Costa.

Sem querer divulgar o conteúdo da carta, em resposta por escrito ao Observador, a Presidência acaba assim por revelar a posição de Marcelo, lembrando as declarações públicas anteriores sobre o assunto: “Tomando como base as afirmações de sua Excelência o Presidente da República, é natural que considere existir preferência para o único titular do órgão de soberania e para os profissionais de saúde trabalhando na Presidência República, em contacto com a realidade do Covid 19, por natureza prioritários”. Questionada pelo Observador sobre quais os conselheiros de Estado a serem vacinados, fonte oficial Presidência responde: “Já constavam da listagem de sua excelência o primeiro-ministro”.

Marcelo Rebelo de Sousa já tinha vindo a dar sinais que tinha um entendimento restritivo da lista de vacinação prioritária dos titulares de cargos políticos e altos cargos públicos. Na declaração ao país a propósito da décima renovação do estado de emergência, a 28 de janeiro, Marcelo deixava um sinal equívoco: “Ninguém de bom senso quereria fazer passar centenas ou um milhar de titulares de cargos políticos ou funcionários por muito importantes que fossem, de supetão à frente de milhares de idosos, com as doenças mais graves e, por isso, de mais óbvia prioridade.”

Mas acabaria por confirmar que o que queria mesmo era criticar um avolumar da lista de responsáveis políticos que chegasse às centenas de vacinar. No programa “Isto é Gozar com quem trabalha“, da SIC, no  Marcelo Rebelo de Sousa disse que “seria estranho que se pegasse nos políticos em pacote, mesmo que fosse 400, 500, mil e passassem à frente de idosos com doenças mais graves, de médicos que não são prioritários por não estarem em contacto com Covid, mas estão em contacto com médicos que estão em contacto com Covid”. E acrescentava: “Seria patológico”.

Marcelo Rebelo de Sousa diz que “há políticos que se compreende que tenham prioridade: a ministra da saúde, a diretora-geral de Saúde, o coordenador do Plano de Vacinação, o primeiro-ministro, que está a presidir ao Conselho Europeu, onde não é possível substituir-se por um ministro, não vai pedir ao primeiro-ministro espanhol para o substituir na presidência portuguesa se cair com Covid, mas há muitos outros que não têm prioridade”. E rematava: “Como tudo na vida, é preciso bom senso. Aqui deve prevalecer. E vai prevalecer”.

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