A manchete do El Mundo do passado domingo, revelada ainda no início da madrugada, marcou o a atualidade desportiva do fim de semana. De um momento para o outro, um dos principais jornais espanhóis revelava o valor do contrato firmado entre Lionel Messi e o Barcelona, em novembro de 2017, que indicava que o jogador argentino iria receber um total de mais de 555 milhões de euros em quatro temporadas. As reações foram rápidas e expectáveis: o Barcelona processou o El Mundo, Messi processou o El Mundo e os poucos dirigentes que tinham acesso ao contrato, incluindo o antigo presidente Josep Maria Bartomeu, o vice Òscar Grau e o atual líder da Comissão de Gestão do clube, Carles Tusquets.

Ainda assim, e tal como também seria de esperar, o El Mundo continua a revelar pormenores do agora tão polémico contrato de Lionel Messi. Esta terça-feira, o jornal espanhol abordou as contrapartidas que o Barcelona exigia ao argentino para justificar o valor envolvido no vínculo — que tornava este o maior contrato de sempre da história do desporto. Assim, existia no documento uma cláusula que obrigava Messi a “realizar os máximos esforços por integrar-se na sociedade catalã, respeitando e assumindo os valores culturais da mesma, comprometendo-se especialmente com a aprendizagem da língua catalã, veículo fundamental para esta integração”.

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Por outro lado, o Barcelona garantia ainda que o clube colocaria à disposição “todos os meios necessários para favorecer esta integração, formando o jogador no conhecimento do catalão”. Messi, que vive na Catalunha desde os 13 anos, não se expressa em catalão e nunca aprendeu a falar a língua. Ainda no contrato, o Barcelona indicava que o desrespeito por esta cláusula seria um “incumprimento que se deve qualificar como falta grave ou muito grave”, um capítulo onde se acrescentam a obrigatoriedade de “manter a condição física e desportiva ao máximo nível possível”, “adotar uma conduta pessoal e um ritmo de vida adequados”, “não participar em atividades que impliquem um risco de lesão” e “não usar doping”.

Messi aceitou esta cláusula, que está incluída no contrato de outros jogadores da equipa principal, mas exigiu a integração de uma outra — que lhe permitia deixar unilateralmente o Barcelona se assim o pretendesse na sequência de a Catalunha se tornar independente e deixar de fazer parte de Espanha. Assim, e sendo que o contrato foi assinado pouco mais de um mês depois do referendo à independência da região, a 1 de outubro de 2017, o argentino reservou para si o direito de se tornar automaticamente um jogador livre em cenário de independência, sem a obrigação de pagar a cláusula de rescisão de 700 milhões de euros.

Messi jogou 90 minutos que custaram 23.850 euros. Fez o 650.º golo, de livre direto. Segue-se a guerra jurídica (não é só contra o El Mundo)

“O presente contrato tem como base as condições legais desportivas vigentes na data da assinatura do presente acordo na Catalunha. Portanto, uma mudança das mesmas que implique a impossibilidade por parte do Barcelona de disputar a liga espanhola ou, por defeito, alguma das grandes ligas europeias (Inglaterra, Itália, Alemanha ou França), implicaria uma alteração substancial das condições que vão dar lugar ao presente acordo de vontades e, portanto, a possibilidade do jogador de desvincular-se unilateralmente do presente contrato sem nenhum direito nem compensação ao clube”, lia-se no documento.