A vacinação para pessoas com mais de 80 anos arranca esta quarta-feira. Será um início simbólico nas Unidades de Saúde Familiares (USF) Alvalade e Parque, no Parque da Saúde, em Lisboa, com a presença da ministra da Saúde e do primeiro-ministro. As restantes regiões estão a preparar-se, mas não sabem para quando. Alguns centros de saúde ainda nem têm o sistema de vacinação implementado.

Nestas duas USF de Lisboa serão administradas cerca de 300 vacinas, até sexta-feira, disse fonte oficial do Ministério da Saúde ao Observador. “Na quinta-feira, o processo de vacinação arranca na região Norte, em sete locais de vacinação (Braga, Marão e Douro Norte, Porto Oriental, Póvoa do Varzim/Vila do Conde, Gaia, Gondomar e ULS Nordeste) onde deverão ser administradas, até ao final da semana, quase 900 vacinas.” E na próxima semana, nas restantes regiões.

Contactada anteriormente, a Administração Regional de Saúde do Norte ainda não tinha informação de quando arrancava a vacinação na região. O mesmo para as regiões do Alentejo e Algarve, confirmou o Observador. O médico de Medicina Geral e Familiar Nuno Santos trabalha na Agrupamento de Centros de Saúde Alentejo Central e disse ao Observador que não tinham recebido informação oficial.

Oficialmente nunca recebemos nenhuma indicação de data. Soubemos que iríamos iniciar esta semana pela comunicação social”, disse Nuno Jacinto. “Continuamos sem saber quando, dado que nem temos vacinas nem listagens nem nos foi explicado o procedimento de convocatória dos utentes.”

No Centro, o médico de Medicina Geral e Familiar Diogo Urjais prevê que a vacinação se inicie na próxima semana, uma vez que ainda há lares de idosos e unidades de cuidados continuados com utentes por vacinar.

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Esta semana decorre também a vacinação nos lares que tinham surtos ativos e que entretanto foram resolvidos — adiando em, pelo menos, uma semana a conclusão da vacinação deste grupo de risco como previa o plano de vacinação. Por concluir continua ainda a vacinação dos profissionais de saúde incluídos na primeira fase de vacinação e que estão em maior risco de infeção com SARS-CoV-2.

Marta Temido avisa que próximas duas semanas ainda “serão muito difíceis” nos cuidados intensivos

Diogo Urjais, que também é presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar, explicou ao Observador que este arranque faseado, com centros de vacinação piloto em algumas regiões, se justifica também pela falta de vacinas suficientes para abastecer todos os locais onde decorrerá a vacinação (ou que a estão a coordenar).

“[Depois,] é preciso testar e generalizar o agendamento, que vai funcionar num módulo próprio”, acrescenta Diogo Urjais. O coordenador da task force para o plano de vacinação contra a Covid-19, Francisco Ramos, também abordou esse ponto, este domingo, ao jornal Público. Os primeiros dias seriam para testar o sistema de marcação das vacinas nas regiões do Norte e Lisboa e Vale do Tejo, os locais onde se previa começar a vacinar idosos com mais de 80 anos e doenças associadas.

No ACES Alentejo Central, “o sistema de marcação ainda não está implementado”, garantiu Nuno Jacinto, que também é presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. O médico admitiu que o desejável era já terem o sistema. “Sem isso continuamos um pouco perdidos.”

Além do sistema, é preciso saber quem se contacta — as tais listagens que Nuno Jacinto disse não ter recebido. Ainda é preciso ver que orientações dará a Direção-Geral da Saúde sobre as prioridades dentro dos grupos prioritários (mais de 80 anos e mais de 50 com comorbilidades), reforçou Diogo Urjais. Nesta fase, não há vacinas para todos — estima-se que sejam cerca de 900 mil pessoas.

O Ministério da Saúde disse já terem sido enviadas, até ao momento, cerca de 850 sms para marcação das vacinas, tendo cerca de 370 agendamentos sido confirmados. Um sms não respondido ou com resposta negativa origina novo sms e se também isto falhar, será usada outra forma de contacto, como contacto telefónico.

A ministra da Saúde, Marta Temido, disse, esta segunda-feira, que Portugal tinha recebido 357 mil doses da vacina da Pfizer até domingo e mais 86.500 doses na segunda-feira. Da Moderna, chegaram até ao momento 19.200 doses, das quais 10.800 foram entregues este domingo, com um atraso de cerca de uma semana. A da AstraZeneca, recentemente aprovada pela Agência Europeia do Medicamento, deverá começar a ser entregue na próxima semana.