O presidente do Supremo Tribunal de Justiça, António Piçarra, ordenou a preservação, guardada num cofre, da escuta validada da conversa entre o primeiro-ministro e o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, no âmbito do processo sobre os negócios do lítio, avança o jornal Correio da Manhã esta sexta-feira.

Trata-se de uma de várias conversas que foram intercetadas sem que o ministro do Ambiente soubesse que tinha o telefone sob escuta — mas a única que foi considerada válida. Teve lugar  a 28 de dezembro, quando António Costa cumpria um período de isolamento profilático em São Bento, e foi sobre a localização de um projeto industrial de exploração de lítio e hidrogénio verde, possíveis interessados no negócio e uma eventual parceria com Espanha.

Pelo sim pelo não, o áudio foi depositado num cofre até haver decisão do Supremo sobre o recurso do Ministério Público em relação a outras escutas com os mesmos dois intervenientes, mas que o Supremo mandou destruir por não considerar haver interesse para a investigação.

Uma das escutas a Matos Fernandes que apanha António Costa foi considerada suspeita

As escutas ao ministro do Ambiente tinham sido ordenadas pelo Ministério Público no âmbito de uma investigação relativa a suspeitas de favorecimento por parte do governo à participação da EDP, Galp, REN, Martifer e Vestas na candidatura nacional à construção de um projeto industrial em Sines. À época destas conversas, nem o primeiro-ministro, nem Matos Fernandes sabiam que os telefonemas do responsável pela pasta do ambiente estavam a ser intercetados.

A conversa telefónica em causa, segundo o Correio da Manhã, tem pormenores que podem vir a ser úteis à investigação, por conter referências à eventual localização da refinaria de lítio, eventuais interessados e uma suposta parceria com Espanha. A investigação do Ministério Público aos negócios do hidrogénio verde foi iniciada em 2019, altura em que começou a ser investigada a concessão da exploração do lítio aos privados.

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