O número de casos de infeção pelo novo coronavírus em doentes com mais de 60 anos caiu 46% em Israel em relação aos casos registados em meados de janeiro, pouco depois de o país ter voltado a fechar as escolas e a confinar mal atingiu os 8 mil casos de novas infeções. Analistas que se debruçaram sobre estes dados só encontram uma explicação: a vacina da Pfizer, uma vez que a 15 de janeiro cerca de 80% das pessoas com mais de 60 anos já tinham recebido, pelo menos, uma dose da vacina, estando agora a acabar de receber a segunda toma.

Segundo o Financial Times, estes dados foram analisados por uma equipa do Instituto de Ciência Weizmann, da Univerisdade de Tel Aviv. A mesma equipa concluiu que houve uma redução no número de casos, que até podia associar-se ao confinamento que se iniciou a 8 de janeiro. No entanto as percentagens revelam-nos realidades distintas: enquanto os casos de doentes com mais de 60 anos caíram em 46%, com menos de 60 anos esta descida foi de apenas 18%. O que leva os analistas a encontrarem apenas uma explicação para esta diferença: na faixa etária mais alta, a maior parte já levou pelo menos um dose da vacina e isso pode justificar estes resultados.

O efeito é mais forte [entre as pessoas mais velhas] do que nas populações mais jovens que foram vacinadas mais tarde, e esses padrões não foram vistos no confinamento anterior”, explicou o professor Eran Segal, líder da equipe de Tel-Aviv.

Até 15 de janeiro, 80% dos israelitas com 60 anos ou mais receberam pelo menos a primeira dose da vacina BioNTech / Pfizer, altura em que começou a distribuição em massa da vacina. Desde 4 de fevereiro, 78 por cento deste grupo já recebeu duas doses da vacina.

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Admissões hospitalares de doentes com mais de 60 anos caíram 34%

E esse efeito parece também verificar-se no número de utentes com mais de 60 anos que procuram atendimento médico no hospital por causa da Covid-19. As admissões hospitalares nesta faixa etária caíram 34% quando comparadas com meados de janeiro — altura em que o país, que tem 9 milhões de habitantes, também viu o número de casos de infeção disparar. Já quanto às restantes faixas etárias a redução não foi tão acentuada.

Estes dados sugerem também que a vacina não protege apenas o infetado de desenvolver doenças leves, mas também doenças graves, como concluem os analistas.

A comunidade científica tem agora os olhos postos no Reino Unido e nos Estados Unidos para ver se encontra padrões semelhantes. No Reino Unido sobretudo, onde há prevalência da chamada estirpe britânica, os resultados são essenciais para avaliar a eficácia da a vacina.

Israel começou a vacinar jovens para garantir realização de exames. Já 25% da população recebeu a primeira dose

Em Israel eficácia estimada é de 91%

Dados de um dos maiores provedores de Saúde de Israel, o Maccabi Healthcare Services, mostram também que uma semana após ser administrada a segunda dose da vacina em 416.900 pessoas, 254 destes utentes acabou por ser infetado tendo sintomas leves. Apenas quatro tiveram que ser hospitalizados em estado moderado. Este grupo foi comparado com um outro de 778 mil pessoas que não foram vacinadas, 12.944 das quais tiveram Covid-19 dias depois.

Esta comparação permite concluir que a vacina tem agora uma eficácia estimada de 91% no país. “Os dados indicam claramente que, à medida que os dias passam desde a segunda dose, o nosso sistema imunológico torna-se mais forte”, diz Anat Ekka-Zohar, diretor da Divisão de Dados e Saúde Digital da Maccabi Healthcare Services. “Além disso, provaram que os pacientes que contraem o vírus Covid-19 após a vacinação apresentam sintomas mais leves da doença”.

Por outro lado, constata o Financial Times, nos últimos dias a taxa de vacinação não tem acompanhado os primeiros dias. Agora que a vacina chegou aos mais jovens é de notar o ceticismo de alguns e o número de injeções diárias caiu numa média de 200 mil por dia. Isto numa altura e que qualquer pessoa com mais e 16 anos pode ser vacinada em Israel.

O próprio primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem incentivado a vacinação, mas é positivo em relação ao que já conseguiu: “O mais importante é que todos os homens e mulheres israelitas com mais de 50 anos sejam vacinados”. Em janeiro, Netanyahu disse mesmo que queria ter todos os cidadãos com mais de 16 anos vacinados até final de março.