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Deputados críticos de Rodrigues dos Santos recusam deixar Parlamento

Este artigo tem mais de 3 anos

Críticos do líder do CDS, João Gonçalves Pereira e Ana Rita Bessa não gostaram de ler que os deputados estariam em xeque depois do Conselho Nacional. Mandato é para cumprir até ao fim, garantem.

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DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Continuam as ondas de choque no CDS depois de um Conselho Nacional que deixou o partido a ferro e fogo. João Gonçalves Pereira, vereador, deputado e líder da distrital de Lisboa, recusa deixar o cargo no Parlamento e diz-se “indisponível para cessar o escrutínio a uma direção com as fragilidades” que esta tem demonstrado. Ana Rita Bessa garante o mesmo: “Mandato é para cumprir”.

Tal como o Observador escreveu ainda durante a madrugada, o Conselho Nacional deste sábado acabou por ficar marcado pelo choque frontal entre a bancada parlamentar e Francisco Rodrigues dos Santos.

Do lado da liderança de Francisco Rodrigues dos Santos a convicção é a de que o percurso dos deputados João Gonçalves Pereira ou Ana Rita Bessa, ambos eleitos por Lisboa, chegou ao fim. Espera-se que os dois assumam as consequências das posições que assumiram nestes últimas semanas e meses. Também é provável que a pressão indireta sobre a Cecília Meireles venha a aumentar — a saída da deputada permitiria a entrada direta de Francisco Rodrigues dos Santos no Parlamento.

Em declarações aos jornalistas já no final da votação, Francisco Rodrigues dos Santos desvalorizou por completo a hipótese de mexidas na bancada e prometeu um esforço renovado para relançar a relação entre direção do partido e grupo parlamentar.

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Nem todos na direção de Rodrigues dos Santos pensam da mesma forma. Ninguém vai empurrar ninguém; mas parte do núcleo duro do líder do CDS não entraria em estados depressivos se algumas das vozes mais críticas da atual liderança deixassem o Parlamento.

Ora, Gonçalves Pereira já reagiu ao sinal dado por alguns membros da direção do CDS. “Leio que os deputados estarão em ‘xeque’ devido ao resultado do Conselho Nacional. Não poderia discordar mais. A humildade com que o presidente do partido reagiu aos resultados provou-o bem. Sem as inerências da Comissão Política Nacional estaríamos já todos a preparar a congresso”, provocou no Facebook.

“Não sendo assim, mantenho o que sempre disse: disponível para o diálogo institucional, como deputado, vereador e líder distrital; indisponível para cessar o escrutínio a uma direção com as fragilidades e responsabilidades que ficaram evidenciadas nas últimas semanas e na noite de ontem.”

Deixando o apelo para que a direção do partido procure replicar a “união” e a “coerência” que existe dentro do grupo parlamentar, Gonçalves Pereira remata:

“Fui crítico, sou crítico e continuarei crítico se o rumo do CDS for o mesmo do último ano. Como já tinha defendido, e mantendo as minhas dúvidas sobre a situação atual do partido, um futuro melhor passará pelo grupo parlamentar (Cecília Meireles), por Bruxelas (Nuno Melo) e pela coragem do homem que obrigou a atual direção a retificar-se: Adolfo Mesquita Nunes.”

Em declarações ao Observador, Ana Rita Bessa acrescenta outro argumento: “Passei 17 horas no Conselho Nacional a ouvir dizer que os mandatos são para cumprir. Foi, de resto, o argumento mais usado para questionar a razão de ser dos que defenderam um Congresso Extraordinário. Por isso, ouvi e integro: os mandatos são para cumprir”, diz.

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

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