O antigo líder do PSD, Marques Mendes, disse este domingo no programa semanal na SIC que não vai tomar a vacina a que tem direito como conselheiro de Estado e que vai esperar pelo momento da sua faixa etária, como “qualquer cidadão”. Marques Mendes explica que no “seu critério” de vacinação prioritária não cabe o Conselho de Estado por ser “um órgão consultivo e não decisório”, lembrando que apenas reúne de “três em três meses”. O despacho do primeiro-ministro incluía, no entanto, os membros do Conselho de Estado. Apesar disso, o comentador diz que respeita quem possa pensar o contrário no Conselho de Estado.

No dia em que chegaram as vacinas da AstraZeneca a Portugal e em que continua sem ter sido dito publicamente a quem serão aplicadas, Marques Mendes antecipou o que vai fazer o Governo: “As autoridades portuguesas preparam-se para dar uma orientação prática no sentido em que enquanto não houver mais testes, estudos, elementos, esta vacina vai ser aplicada prioritariamente a pessoas abaixo dos 65 anos”. Ou seja, só os menores de 65 anos vão receber a vacina.

Do ponto de vista político, o antigo líder do PSD disse que o atual estado da pandemia vai ter um “impacto grande” na estratégia do Governo, que irá chegar a 2023 “muito desgastado e dividido”. E esse impacto, explica, vai ocorrer em três níveis: a presidência portuguesa fica “assombrada” pelos casos, a economia pode recuperar para níveis pré-crise só em 2o23 e Costa vai chegar às autárquicas em “desgaste” e “sequelas sérias” decorrentes da pandemia.

Para Marques Mendes a próxima remodelação no Governo, seja antes ou depois das autárquicas, vai ser difícil porque será difícil convencer “figuras de prestígio” a irem para o Governo “num tempo de desgaste, de crise e de fim de ciclo”. Isso poderá levar a “uma remodelação pífia”, que irá ajudar a essa tal fase final de mandato em desgaste.

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Conselho Nacional do CDS. “Ganharam os dois”

Relativamente à crise no CDS, Marques Mendes considera que este foi um dos momentos em que “ganham os dois protagonistas: o líder do CDS e o seu desafiador”. O antigo líder do PSD destaca que Francisco Rodrigues dos Santos “fez exatamente o que Rui Rio fez há dois anos quando foi desafiado por Luís Montenegro” e que “internamente ficou relegitimado”.

Por outro lado, o comentador político diz que “Adolfo Mesquita Nunes também ganhou”, isto porque “teve um resultado acima das expectativas” e “ganhou autoridade” ao ter a “coragem” de enfrentar a atual liderança. Esta situação, acredita Marques Mendes, deixa Adolfo Mesquita Nunes “em excelentes condições para disputar a liderança no Congresso do CDS daqui a um ano, se o desejar”.

Ganharam os protagonistas, não o CDS. Para o antigo líder do PSD, este Conselho Nacional foi muito de “ajustes de contas pessoais” e com “poucas mensagens para o país”. Para Mendes o essencial para a sobrevivência do CDS é “ganhar o país” e, para isso, o contributo da reunião foi nulo.

“Francisco Ramos saiu com dignidade”

Marques Mendes diz que o governo diz que o processo de vacinação “corre bem”, mas que “a perceção pública é que corre mal ou muito mal”. Para o comentador a “vacinação no terreno corre bem” e no contexto da UE Portugal está bem e na média europeia, mas a UE “está a sair-se mal em relação aos EUA e ao Reino Unido”.

O antigo presidente do PSD diz que Francisco Ramos “saiu com dignidade” e que o sucessor, Gouveia e Melo, “foi uma escolha positiva e natural”. Marques Mendes diz que o militar oferecer “a garantia da não politização do processo”. Para o antigo líder social-democrata a vacinação de políticos é “uma trapalhada que só gera ruído” e quando aos abusos na vacinação, Marques Mendes espera que “a ação da PJ e MP seja mais do que mero show off“.

Marques Mendes diz que só é possível 70% da população estar vacinada até ao verão, como prometeu o primeiro-ministro, se houver um fornecimento adequado (algo que o País não controla) e se Portugal aumentar a capacidade de vacinação dos 10 mil por dia para 50 mil por dia.