Coube a Abel Tesfaye, mais conhecido por The Weeknd, animar o intervalo do maior evento desportivo dos Estados Unidos, no último domingo. A pandemia obrigou a alguns ajustes ao habitual formato do famoso halftime show do Super Bowl — que este ano se jogou entre os Tampa Bay Buccaneers e os Kansas City Chiefs –, mas o espetáculo de 14 minutos aconteceu diante as cerca de 25.000 pessoas que encheram o Raymond James Stadium, em Tampa, na Florida.
The Weeknd foi o centro do espetáculo e o único artista a pisar o palco, excecionalmente instalado numa das bancadas do estádio e não no centro do relvado como é habitual. Sem convidados, confiou apenas no próprio repertório (de “Starboy” a “Blinding Lights”), num cenário elaborado e na pirotecnia para impactar a audiência. Desejoso de montar um espetáculo memorável, o cantor de 30 anos não olhou a despesas e, além dos gastos assumidos pela NFL, gastou sete milhões de dólares, quase seis milhões de euros, do próprio bolso para que tudo corresse como idealizou.
Num cenário vertical composto por letreiros luminosos e dançarinos sincronizados, The Weeknd percorreu uma mão cheia de êxitos, acompanhados de modestos passos de dança. No final, o vencedor de três Grammys, desceu até ao relvado acompanhado de dezenas de dançarinos vestidos de igual e com ligaduras na cara. A imagem do cantor com ferimentos no rosto tornou-se comum no último ano. Tesfaye, que atuou este domingo com o rosto descoberto, justificou a caracterização com a vontade de refletir e criticar a “cultura absurda das celebridades de Hollywood”.
De H.E.R. à poetisa do momento: o ano dos artistas afro-americanos
A primeira atuação ao vivo no Raymond James Stadium foi protagonizada por H.E.R.. A partir de um palco montado numa das bancadas, a jovem cantora e compositora interpretou (e com guitarra) “America The Beautiful”, tema lançado por Ray Charles em 1972 e uma das escolhas de Jennifer Lopez na cerimónia de tomada de posse de Joe Biden.
Em seguida, cumpriu-se a tradição da final da liga de futebol americano e ouviu-se o hino nacional dos Estados Unidos da América, este ano cantado a duas vozes. O músico e compositor country Eric Church acompanhou Jazmine Sullivan, nome da pop e do R&B, na mesma cidade onde, há exatamente três décadas, a mesma honra coube a Whitney Houston, uma das mais históricas performances da história da competição. Sullivan chamou para si todas atenções. Além do poderio vocal, o visual composto por um fato branco e por um adereço na cabeça deu nas vistas.
Há mais de uma década que o hino nacional não era cantado em dueto no arranque do Super Bowl — a última vez aconteceu em 2006, quando se juntaram, no mesmo palco, Aretha Franklin e Aaron Neville.
A escolha de artistas afro-americanos dominou a noite. Depois de um ano marcado pela pandemia, mas também pelo reacender do debate em torno da descriminação racial e pelo movimento Black Lives Matter, só Church fugiu à regra partilhada pelas restantes estrelas, incluindo o próprio The Weeknd, nome artístico de Abel Tesfaye, filho imigrante etíopes no Canadá.
Quem também passou pela emissão deste domingo foi Amanda Gorman, a autora de 22 anos que deu nas vistas ao discursar durante a cerimónia de tomada de posse de Joe Biden e Kamala Harris, no dia 20 de janeiro. Agora, voltou a fazer história ao ser a primeira poetisa a entrar no alinhamento do Super Bowl. Gorman marcou o momento com um poema inédito.
Miley Cyrus convidou Billy Idol: o espetáculo começou mais cedo
Antes de The Weeknd dar espetáculo em Tampa, foi a voz da atriz e cantora Jennifer Hudson que soou. Numa emissão especial da CBS, Hudson fez parte da banda sonora ao interpretar o clássico “Stand My Me”, originalmente gravado por Ben E. King em 1961. Um momento semelhante foi também protagonizado por Alicia Keys, outra das artistas afro-americanas convidadas a juntar-se à celebração deste vento desportivo.
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Entrevistas à parte, as atrações musicais arrancaram horas antes num espetáculo que contou com a presença de Miley Cyrus, fora do estádio, mas na mesma cidade da Florida. No palco, a cantora contou com a companhia de Billy Idol para interpretar o tema “White Wedding”, numa festa que contou apenas com alguns profissionais da linha da frente da luta contra a Covid-19 na plateia.
Mas as celebrações paralelas não ficaram por aí, numa tentativa de encurtar a distância física ditada pelo vírus. Para depois do jogo, foi agendado um segundo espetáculo, esse de apoio aos pequenos negócios, bem mais vulneráveis aos efeitos económicos da pandemia. Com a atriz Tiffany Haddish no papel de anfitriã, Miley Cyrus, Alicia Keys, Jazmine Sullivan e H.E.R. a repetir a dose, o concerto, marcado para as 23h (4h em Portugal), teve ainda nomes como Christina Aguilera, Brandi Carlile e Brittany Howard no alinhamento.
Veja (ou reveja) imagens das atuações do Super Bowl na fotogaleria.