Em ano de pandemia, o salário médio em Portugal subiu 2,9% face ao ano anterior (uma percentagem que até foi superior às dos anos anteriores) e fixou-se nos 1.314 euros. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a subida podia ter sido superior, não fosse o regime de layoff.
“Efetivamente, o volume de remunerações pagas foi afetado pela aplicação do regime de layoff simplificado até julho de 2020, na medida em que este abrangeu um número substancial de empresas e trabalhadores e implicou uma redução em 1/3 da remuneração base (não podendo daí resultar uma remuneração inferior a uma Remuneração Mínima Mensal Garantia – RMMG – ou superior a três RMMG)”, escreve o INE.
Uma das razões para o aumento do salário médio, em pleno ano de pandemia, pode estar relacionada com o facto de o setor privado ter visto o número de trabalhadores com remunerações abaixo da média diminuir. De facto, segundo o INE, o setor privado viu a remuneração total subir mais do que o público: 3,7% e 1,1%, respetivamente, embora o Estado continue a pagar um salário médio mais alto — 2.124 euros em dezembro de 2020 (1.334 euros no privado). “O maior crescimento das remunerações no setor privado foi influenciado pela diminuição do número de trabalhadores deste setor com remunerações abaixo da média“, explica o INE.
Por atividades, a remuneração foi superior nas de “eletricidade gás, vapor, água quente e fria e ar frio” (3.061 euros) e nas “atividades financeiras e de seguros” (2.555 euros). Por outro lado, a remuneração mais baixa registou-se nas atividades de “agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca” (814 euros) e nas atividades de “alojamento, restauração e similares” (830 euros).