O embaixador italiano em Kinshasa foi morto a tiro num ataque armado a um comboio do Programa Alimentar Mundial (PAM), durante uma visita perto de Goma, no leste da República Democrática do Congo, segundo fontes diplomáticas. O embaixador Luca Attanasio “morreu em consequência dos ferimentos”, disse à agência AFP uma fonte diplomática em Kinshasa. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, fala em “ataque cobarde”.

Neste ataque foram também mortas outras duas pessoas, de acordo com o porta-voz do exército na região do Kivu Norte, major Guillaume Djike, que não revelou a identidade das vítimas.

O Ministério do Interior congolês acusou os rebeldes hutus ruandeses de estarem por detrás do ataque que hoje matou o embaixador italiano em Kinshasa na província do Kivu Norte

Luca Attanasio, que desempenhava as funções de embaixador na República Democrática do Congo desde início de 2018, foi “baleado no abdómen” e transportado “em estado crítico” para um hospital em Goma, segundo disse à agência AFP uma fonte diplomática.

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O exército congolês disse, entretanto, que “as Forças Armadas Congolesas estão a tentar descobrir quem são os agressores”.

O ataque ao comboio do PAM teve lugar a norte de Goma, a capital da província do Kivu Norte, que tem sido flagelada pela violência de grupos armados há mais de 25 anos.

Esta região, que acolhe o Parque Nacional da Virunga, uma joia natural, turística e em perigo de extinção, é também o cenário de conflito no Kivu Norte, onde dezenas de grupos armados lutam pelo controlo da riqueza do solo e subsolo.

Guterres pede investigação imediata a assassinato

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou o ataque a uma missão do Programa Alimentar Mundial na República Democrática do Congo (RDCongo), que resultou na morte do embaixador italiano no país, pedindo uma investigação imediata.

Através do seu porta-voz, Stéphane Dujarric, Guterres expressou as suas condolências às famílias dos mortos e aos seus países, assim como ao Programa Alimentar Mundial (PAM) e à equipa da Organização das Nações Unidas (ONU) na RDCongo.

“O secretário-geral apela ao Governo da República Democrática do Congo para investigar rapidamente este hediondo ataque” e “levar os responsáveis à justiça”, assinalou o porta-voz, citado pela agência noticiosa Efe, durante a sua conferência de imprensa diária.

Durante esta segunda-feira, o executivo da RDCongo tinha já prometido fazer “todo o possível para descobrir quem está por detrás” do “vil assassínio” do embaixador Luca Attanasio.

MNE. Ataque na República Democrática do Congo só pode ser qualificado como “cobarde”

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, condenou veementemente o ataque armado contra um comboio humanitário na República Democrática do Congo, em que morreu o embaixador italiano naquele país, qualificando-o como “um ataque cobarde”.

Falando numa conferência de imprensa em Bruxelas no final de uma reunião presencial de chefes da diplomacia da União Europeia — no decurso da qual chegou a notícia do ataque, Augusto Santos Silva disse lamentar “profundamente a morte do embaixador italiano e também a morte de outras pessoas que iam no comboio” humanitário do Programa Alimentar Mundial, das Nações Unidas.

“Só há uma caracterização possível deste ataque: é um ataque cobarde. Um ataque a um comboio das Nações Unidas, um ataque a um comboio do Programa Alimentar Mundial só pode ser qualificado como aquilo que é: um ataque cobarde e inaceitável na sua cobardia”, acusou Santos Silva.

Pouco antes das palavras do ministro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, através da sua conta oficial na rede social Twitter, já condenara “veementemente” o ataque ao comboio humanitário, que resultou na morte do embaixador italiano, de um militar e de um funcionário do Programa Alimentar Mundial, expressando a sua “solidariedade para com as famílias das vítimas, as autoridades italianas e as Nações Unidas”.

Embaixador português na República Democrática do Congo lamenta morte de homólogo italiano em ataque

O embaixador português na República Democrática do Congo (RDCongo), António Inocêncio Pereira, lamentou a morte do homólogo italiano, “uma pessoa muito próxima e amiga”, durante um ataque na província de Kivu-Norte.

“A comunidade diplomática em Kinshasa está absolutamente devastada com esta tragédia ocorrida esta manhã”, escreveu António Inocêncio Pereira na rede social Facebook, recordando o embaixador italiano, Luca Attanasio, 44 anos, como “uma pessoa muito próxima e amiga” e “amigo de Portugal e dos portugueses”.

O diplomata português sublinhou que a RDCongo “precisa de mais ajuda e empenhamento internacional para resolver o complexíssimo problema de segurança a leste, confluência de muitas outras situações que terão de ser resolvidas e erradicadas”.

“São milhões de pessoas a sofrer com estas três décadas de instabilidade, o empenhamento das atuais autoridades de Kinshasa precisa de ser magnificado por outras lentes”, defendeu António Inocêncio Pereira, que à Lusa disse que “a questão de fundo é o terrorismo no leste” do país.

Presidente italiano denuncia “ataque cobarde” que matou o embaixador na RDCongo

O Presidente italiano Sergio Mattarella denunciou o “ataque cobarde” que custou a vida ao seu embaixador na República Democrática do Congo, Luca Attanasio, ao soldado italiano Vittorio Iacovacci e ao seu motorista.

“A república italiana está de luto por estes servidores do Estado que perderam a vida no exercício das suas funções”, acrescentou Mattarella, lamentando o “ato de violência” perpetrado contra um comboio do Programa Alimentar Mundial (PAM) no leste da República Democrática do Congo.

Notícia atualizada às 20h18 com a reação de António Guterres