O imunologista Anthony Fauci, conselheiro do presidente Joe Biden, disse no domingo que é possível que os norte-americanos ainda precisem de usar máscaras em 2022, apesar de prever que os EUA devem voltar a um “certo grau de normalidade” no final deste ano.

Quase um ano depois da primeira morte relacionada com o novo coronavírus nos Estados Unidos ter sido anunciada, em 29 de fevereiro de 2020, o país aproxima-se agora do meio milhão de mortes devido à Covid-19, numa altura em que o ritmo da vacinação oferece melhores perspetivas. “É terrível, é horrível”, reagiu Fauci.

Segundo os dados da Universidade Johns Hopkins, a contagem durante a manhã de domingo ultrapassava as 497.000 mortes.

Questionado diretamente sobre o porquê de achar que em 2022 os norte-americanos ainda vão usar máscara, o perito respondeu que vai depender do nível de transmissão do vírus nas comunidades e do perigo que potenciais variantes do coronavírus possam colocar.

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“Quero que continue a descer para um número que é tão baixo que deixa de ser uma ameaça”, disse Fauci à CNN, referindo-se ao número de casos a nível nacional que considera confortável para deixar de recomendar o uso de máscara.

“Se combinarmos vacinar a maior parte das pessoas no país com um nível de vírus na comunidade que é muito, muito baixo, então acredito que vamos poder dizer que, para a maioria, não vamos precisar de usar máscaras”, conjeturou.

Apesar do cenário ainda ser preocupante, admite que o pior terá passado. “À medida que entrarmos no outono e no inverno, no final do ano, concordo completamente que estaremos a aproximar-nos de um grau de normalidade”, disse Anthony Fauci, corroborando as declarações de Joe Biden.

Em março do ano passado, durante uma entrevista ao programa 60 Minutes, Fauci disse: “Não há razão para andar por aí com uma máscara”. Embora tenha acrescentado que não era “contra as máscaras”, também alegou que estas podiam levar a “consequências não intencionais”, porque as pessoas ao mexerem na máscara podiam tocar no rosto e, consequentemente, ficarem infetadas.

Só um mês depois, em abril, é que o principal conselheiro do executivo dos EUA sobre o coronavírus admitiu que o grupo de trabalho da Casa Branca estava a debater sobre o uso generalizado das máscaras, reconhecendo que a sua hesitação inicial não se baseou em nenhum argumento científico, mas na escassez de máscaras.

“Não vemos nada assim há mais de 100 anos, desde a pandemia de 1918”, disse Fauci, em declarações à CNN. “Isto é algo que ficará para a história. Nas próximas décadas, as pessoas continuarão a falar deste momento em que tanta gente morreu”, acrescentou o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas.

EUA aproximam-se das 500 mil mortes por Covid-19. “Não vemos nada assim há mais de 100 anos”