O Museu Nacional do Rio de Janeiro, destruído por um incêndio em 2018, informou à Lusa que a UNESCO atribuiu o projeto de restauro daquela instituição, que terá início este mês, a um consórcio brasileiro de arquitetura.

“A elaboração do projeto, que engloba estudos arquitetónicos, de legislação, fluxos de circulação, sustentabilidade, acessibilidade, segurança, conforto ambiental, entre outros, ficará a cargo do consórcio H+F Arquitetos e Atelier de Arquitetura e Desenho Urbano, vencedor de uma licitação realizada pelo Projeto Museu Nacional Vive”, indicou a assessoria da instituição cultural em comunicado.

Sob a coordenação imediata da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a licitação contou com o suporte técnico de vários especialistas, assim como de representantes de instituições especializadas como o Conselho Internacional de Museus e o Instituto de Arquitetos do Brasil, que integraram uma comissão de análise das propostas criativas submetidas ao edital.

“É com muita alegria que anunciamos o resultado do processo de contratação da empresa responsável pelo projeto de arquitetura e restauro do Museu Nacional. A UNESCO, que atua em várias partes do mundo na conservação de museus e de seus acervos e coleções, assim como na capacitação de especialistas em instituições museológicas, pode, mais uma vez, usar o melhor da sua ‘expertise’ aqui no Brasil”, assinalou a representante da UNESCO no país sul-americano, Marlova Jovchelovitch Noleto.

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O projeto arquitetónico atenderá aos mais rigorosos padrões internacionais de acessibilidade e segurança, o que tornará o Museu Nacional “numa fonte renovada de cultura e história ainda mais integrada à comunidade”, assegurou Marlova.

Segundo o cronograma apresentado, ainda este mês terão início os serviços de higienização e proteção de elementos artísticos do Jardim das Princesas e do Paço de São Cristóvão, como a escadaria monumental, forros, pisos e pinturas decorativas que resistiram ao incêndio de 2018.

Já em abril começarão as obras de restauro das fachadas e coberturas do bloco histórico do Paço.

O Museu Nacional do Rio de Janeiro perdeu praticamente todo o seu património histórico, científico e cultural na sequência de um incêndio, que teve origem num aparelho de ar condicionado, em setembro de 2018, e que a Polícia Brasileira concluiu ter sido acidental.

Fundado pelo rei D. João VI, de Portugal, era o espaço museológico mais antigo e um dos mais importantes do Brasil.

Entre as peças do acervo estavam a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Pedro I, e o mais antigo fóssil humano encontrado no país, batizado de “Luzia”, com cerca de 11.000 anos.

Entre os milhões de peças que retratavam os 200 anos de história brasileira estavam, igualmente, um diário da imperatriz Leopoldina e um trono do Reino de Daomé, dado em 1811 ao príncipe regente português João VI.

Na semana passada, o diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Alexander Kellner, pediu a Portugal ajuda na reconstrução do património histórico através da doação de peças museológicas, segundo disse à Lusa o embaixador português em Brasília, Luís Faro Ramos.

Com esta nova etapa definida pela UNESCO, a expectativa é de um museu mais aberto à comunidade, integrado ao quotidiano da população ‘carioca’ e em diálogo com outros patrimónios históricos do bairro de São Cristóvão, onde está localizado.

Segundo a reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pela administração do museu, está prevista para 2021 a inauguração do ‘campus’ de Pesquisa e Ensino do Museu Nacional e, em 2022, deve ser inaugurado o Bloco 1, com a celebração do bicentenário da Independência do Brasil.

O investimento do Projeto Museu Nacional Vive, nesta fase, será de cerca de 2,7 milhões de reais (410 mil euros) e o prazo de execução das atividades contratadas é de 18 meses.

O edifício do Museu Nacional, que ardeu em 2018, já foi um Palácio Real e serviu de sede do Império Português e do Império brasileiro antes de se transformar num museu, em 1892.