Mais um ano, mais uma edição adiada devido à pandemia da Covid-19. Tal como em 2020, em 2021 também não haverá NOS Primavera Sound no Parque da Cidade do Porto. A edição deste ano do festival de música foi adiada para 2022, altura em que a organização do evento espera poder já juntar milhares de pessoas a assistir a concertos sem distanciamento social.

A informação é dada pelos organizadores do NOS Primavera Sound. Através de um texto partilhado na conta oficial do festival no Facebook, que tem como legenda a promessa “dançaremos juntos novamente em 2020”, a organização também avança já as datas da edição de 2022: “É com muita tristeza que comunicamos que, por motivos de força maior, a nona edição do festival Primavera Sound terá lugar entre 9 e 12 de junho de 2022“.

Tomámos esta tão dolorosa decisão devido às incertezas que rodeiam a realização de grandes espetáculos nas datas originais do NOS Primavera Sound – 10 a 12 de junho -, que adicionadas às restrições que existem atualmente fazem com que não seja possível trabalhar com normalidade na preparação do festival nem assegurar a sua celebração” , lê-se na nota oficial.

Os portadores de bilhete para a nona edição do NOS Primavera Sound, que primeiro esteve apontada para junho de 2020, depois foi adiada para junho de 2021 e é agora reagendada para 2022, ficam com um bilhete válido para a entrada no festival no próximo ano. Se preferirem ser reembolsados pelo custo do bilhete, poderão solicitar o seu reembolso a partir de 1 de janeiro do ano seguinte à edição adiada (portanto, 1 de janeiro de 2022), como previsto na lei.

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Em Espanha, a possibilidade de pedido de reembolso do bilhete para a próxima edição do Primavera Sound de Barcelona, também adiada para 2022, é válida a partir do dia 2 de junho. As regras que retardam o reembolso de bilhetes de eventos culturais cuja realizaão foi impossibilitada pela pandemia da Covid-19 foram uma das soluções encontradas pelo Governo português para não asfixiar as empresas da indústria dos espectáculos ao vivo, que há muito não podem operar e que pedem mais apoios.

Cartaz revelado em junho. “Voltaremos a dançar juntos”

A organização do NOS Primavera Sound vinca ainda que o cartaz do próximo ano será revelado na íntegra a 5 de junho do presente ano (2021) e deixa uma promessa: “Iremos compensar-vos em 2022 e aí sim, voltaremos a dançar juntos“.

Para este ano, o festival tinha anunciado um cartaz eclético e de peso com artistas e bandas como Tyler, The Creator, Beck, Tame Impala, Pavement, Gorillaz e Bad Bunny como cabeças de cartaz. Estavam ainda prometidos concertos de nomes como Doja Cat, King Krule, Earl Sweatshirt, Little Simz, FKA Twigs, Cigarettes After Sex, Khruangbin, Black Midi, Dinosaur Jr., Jamila Woods e Helado Negro, entre outros.

https://www.facebook.com/nosprimaverasound/posts/1585268368336072

O anúncio de novo adiamento da nona edição do festival foi feito pouco depois do festival congénere do NOS Primavera Sound em Espanha, o Primavera Sound de Barcelona (pioneiro e que deu origem posteriormente à versão portuguesa), ter anunciado também ele o reagendamento do seu festival para 2022.

O cartaz da próxima edição do Primavera Sound catalão será anunciado na íntegra no dia 2 de junho, três antes de ser desvendado o próximo cartaz da versão portuguesa do festival.

Promotores querem que “festivais-bolha” sejam testados

Para esta semana (mais concretamente para quinta-feira) está agendada mais uma reunião do grupo de trabalho que discute as condições, o modelo e as datas para a retoma dos eventos e espectáculos ao vivo em Portugal. O grupo de trabalho começou a reunir-se por teleconferência a 13 de janeiro e inclui membros do Governo – como a ministra da Cultura, Graça Fonseca, e os secretários de Estado do Turismo e Saúde -, e representantes do setor dos espectáculos e dos festivais, nomeadamente a APEFE (Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos), a Aporfest (Associação Portuguesa de Festivais de Música), a APSTE (Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos) e a AEPP (Associação Espetáculo, Agentes e Produtores Portugueses). Em pelo menos duas reuniões esteve já presente um representante da Dieção-Geral da Saúde (DGS).

A 23 de fevereiro o Observador avançou que estava em cima da mesa – e com fortes probabilidades de avançar – a realização de “eventos-piloto” em Lisboa e no Porto, já em abril, para perceber a viabilidade da realização de concertos, espectáculos ao vivo e festivais sem distanciamento social em Portugal no próximo verão. A ideia passava por ensaiar, tal como aconteceu em países como Espanha e Reino Unido, uma espécie de “festivais-bolha”, festivais experimentais em ambiente controlado no qual só participa quem for testado e tiver um diagnóstico negativo à infeção com o novo coronavírus.

Pelo atraso na vacinação e pelos problemas de diferença de tratamento entre vacinados e não vacinados, a solução é vista como mais exequível pelos operadores e é entendida como semelhante à aplicada na aviação comercial, onde pode ser exgido a passageiros testes negativos para voar mas não vacina (até porque ser ou não vacinado e quando o ser ou não ser não depende em primeiro lugar do desejo do passageiro ou do festivaleiro). Mas os riscos inerentes à junção de milhares de pessoas numa fase – verão – em que dificilmente haverá já imunidade de grupo no país levanta algumas dúvidas quanto à possibilidade de realização de grandes concertos e festivais sem distanciamento físico nos meses fortes dos festivais (junho, julho e agosto).

Festivais de Verão só depois de eventos experimentais em Lisboa e no Porto com testes à entrada

As datas dos festivais em risco, do Rock in Rio (junho) a Coura (agosto)

Por ser um dos primeiros grandes festivais de verão (estava agendado para junho) e por não ver condições para a realização de NOS Primavera Sound em 2021, a organização decidiu adiar já o evento para 2022. Mas há outros festivais como o Rock in Rio (primeiro dia de concertos a 19 de junho), Afro Nation (1 a 3 de julho), Sumol Summer Fest (2 e 3 de julho), EDP Cool Jazz (primeiro dia de concertos, o de John Legend, agendado para 2 de julho), Rolling Loud (6 a 8 de julho), NOS Alive (7 a 10 de julho), Super Bock Super Rock (15 a 17 de julho) e MEO Marés Vivas (16 a 18 de julho) que estão em risco.

As dúvidas sobre a possibilidade do Rock in Rio, por exemplo, são enormes,já que a edição deste ano do festival está agendada já para daqui a três meses e meio. Por decorrerem numa fase mais adiantadado verão, as esperanças sobre a possibilidade de realização de festivais como o Neopop (11 a 14 de agosto), O Sol da Caparica (12 a 15 de agosto), Vodafone Paredes de Coura (18 a 21 de agosto) e sobretudo o Lisb-ON (3 a 5 de setembro) e o Tremor (7 a 11 de setembro) são um pouco maiores mas ainda não há quaisquer garantias de que seja possível realizar festivais de verão este ano em Portugal.

Testes para a retoma de festivais. “Contamos provar que é possível voltarmos a trabalhar”, diz promotora

Há festivais agendados para antes até do NOS Primavera Sound – como o ID No Limits, marcado para 9 e 10 de abril, e o North Music Festival, apontado para 21 e 22 de maio – que ainda não foram adiados.