Alguns aceleraram logo na corrida, outros nem chegaram a entrar em pista. No final, só um podia cortar a meta em primeiro — falta saber quanto valerá o prémio em cima da mesa, e as eventuais consequências de uma vitória (que poderá arriscar também o sabor da derrota). Na próxima segunda-feira, a partir das 20h00 locais (mesma hora em Portugal continental), a ITV1 assegura os direitos de transmissão da aguardada entrevista de Harry e Meghan a Oprah Winfrey — e muito provavelmente uma generosa audiência. Menos de um dia depois do formato ir para o ar nos EUA, via CBS, as cerca de duas horas de conversa chegam por fim ao reino de sua majestade, com a polémica a adiantar-se no terreno.

“Deplorável” ou “extremamente insensível” são alguns dos adjetivos usados para classificar a aposta daquele canal, que terá pagado um milhão de libras (cerca de 1,157 milhões de euros) para garantir o disputado conteúdo, o mesmo que, a avaliar por algumas vozes mais críticas, poderá “detonar uma bomba diplomática“. Segundo os meios britânicos, a rede ITV, concorrente da BBC desde 1955, terá levado a melhor à SKY News, enquanto a histórica emissora pública britânica se recusou a transmitir “Oprah with Meghan and Harry: A Primetime Special”, e mantém outros planos para domingo, que também envolvem o clã real. A 24 de fevereiro, o The Telegrah confirmava que a estação “não iria puxar do livro de cheques” (que é como quem diz o dinheiro dos contribuintes) para assegurar o programa.

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O momento escolhido para as confissões dos Sussex é especialmente sensível, numa fase marcada pelas incertezas sobre o estado de saúde do duque de Edimburgo. Internado há duas semanas, o marido de Isabel II e avô de Harry, foi no começo desta semana transferido para outro hospital. Apesar de o palácio de Buckingham garantir que Philip está a responder ao tratamento contra uma infeção e a ser observado devido uma doença cardíaca pré-existente, os seus 99 anos têm merecido preocupação acrescida — e ninguém quer imaginar um eventual agravamento da sua condição nos próximos dias, coincidindo com a polémica entrevista.

Este é sem dúvida “o pior pesadelo” da CBS, admite uma fonte ligada à TV norte-americana, citada pelo The Telegraph. “As estações preparam-se para todas as eventualidades mas em última instância o espetáculo tem que continuar. Este programa já se arrastou demasiado e irá certamente por diante como previsto”. A 21 de fevereiro, no entanto, o The Mirror adiantava que a entrevista terá sofrido uma edição, depois de os duques terem confirmado a consumação do Megxit em definitivo. A decisão gerou o afastamento de títulos e funções e a perda de responsabilidades, o que terá levado Meghan e Harry a reformularem algumas partes em que abordavam os papéis mantidos até então.

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De qualquer forma, frisam, sobre a decisão de transmitir o conteúdo nesta altura, “a bola não está do lado dos Sussex” mas sim do canal norte-americano, que num dos pratos da balança encontra um chorudo retorno. Os números envolvidos ganham expressão ainda maior se atendermos aos valores que serão desembolsados pelo espaço reservado a publicidade ao longo da transmissão. Com a entrevista alargada dos 90 minutos inicialmente previstos para as duas horas de duração, especula-se que um slot de 30 segundos possa ascender aos 200 mil dólares (no caso da CBS, qualquer coisa como 166 mil euros).

Esta segunda-feira à noite, e no rescaldo da divulgação dos primeiros teasers do encontro com Oprah, a família real sacudiu momentaneamente a pressão, garantindo que tem “coisas mais importantes com que se preocupar do que os Sussex” — a começar, precisamente, pela saúde do príncipe Philip. Quando ao sentido de oportunidade da entrevista, não deixa no entanto dúvidas à fonte próxima da família citada pelo The Telegrah: é “infeliz”.

Em solo britânico, a grelha televisiva de domingo adquire um interesse extra. Umas horas antes da entrevista, será a vez de Isabel II e outros membros da família real participarem num formato que será transmitido pela BBC1, a forma possível, em contexto de pandemia, para assinar o Dia da Commonwealth. A celebração especial, a partir da abadia de Westminster, em Londres, contará com as atuações de Nitin Sawhney, Lianne La Havas, e Alexis Ffrench. Curiosamente, a efeméride foi o último compromisso oficial em que Harry e Meghan marcaram presença enquanto membros sénior da família real, em 9 de março de 2020.

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Quanto à ITV, e a revelações explosivas, foi o mesmo meio escolhido para divulgar, em outubro de 2019, An African Journey, o formato que documentava a passagem dos duques pelo continente africano e que também não passou ao lado da polémica.