O fisco espanhol pediu a Juan Carlos as faturas e os recibos dos voos que a Fundação Zagatka lhe pagou entre 2014 e 2018 e pelos quais o rei emérito pagou, no final de fevereiro, mais de 4 milhões de euros, escreve o El País, citando fontes próximas do processo e acrescentando que o prazo para responder termina dentro de nove dias.
A 25 de fevereiro era notícia que Juan Carlos pagara cerca de 4,4 milhões de euros às autoridades fiscais espanholas de maneira a regularizar a sua situação. O pagamento destinou-se a saldar a dívida fiscal que tinha com o Ministério das Finanças espanhol, pelo dinheiro de que beneficiou da Fundação Zagatka, para o pagamento de voos de jatos particulares, explicou Javier Sánchez-Junco, advogado do rei emérito. Este foi um segundo pagamento por rendimentos não declarados que, no total, ascendem a mais de 8 milhões de euros.
Juan Carlos paga mais de quatro milhões de euros ao fisco em segunda regularização
“A apresentação das autoavaliações complementares corresponde ao rendimento proveniente do assumir, pela Fundação Zagatka, de determinadas despesas de deslocações e serviços prestados por Sua Majestade, da qual poderão decorrer determinadas obrigações fiscais regularizadas”, acrescentou o advogado, em comunicado. A fundação em causa foi fundada em 2003 por Álvaro de Orléans-Borbón, um primo distante de Juan Carlos I.
Com novo pagamento, Juan Carlos reconheceu a fraude, chegou a escrever o jornal já citado. Ao mesmo tempo, ao antecipar-se a apresentar a regularização antes de ser notificado no início da investigação, procurou evitar uma infração fiscal.
Agora, na sequência da solicitação do fisco espanhol, o advogado do rei emérito pediu por escrito a Märten Geiger, diretor da Fundação Zagatka, toda a documentação relativa aos voos, acrescenta o jornal espanhol. Entre outros documentos solicitados estão as despesas de viagens e informações gerais sobre a fundação, bem como o seu NIF e registo comercial. Fonte do fisco assinala que isto faz parte do processo normal de verificação.
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Em junho, a fundação mudou os seus estatutos e, desde então, o conselho é composto por Märten Geiger e Guido Meier. O anterior diretor da fundação era o advogado Dante Canónica, o mesmo nome que estava à frente da Fundação Lucum, através da qual foram recebidos os 65 milhões de euros a favor de Juan Carlos, quantia essa que foi parar às mãos de Corinna Larsen, ex-amante do rei emérito.
O rei emérito de Espanha abdicou do trono em junho de 2014 a favor do filho Felipe VI, depois de 39 anos no poder, para tentar inverter a diminuição da popularidade da monarquia. Atualmente, encontra-se a viver em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.