O Infarmed aprovou esta terça-feira mais quatro pedidos de autorização especial para que doentes com fibrose quística tenham acesso ao medicamento Kaftrio/Trikafta. Entre estes pedidos, está o de Constança Braddell, que vai assim receber de forma gratuita o medicamento inovador que pode melhorar a qualidade de vida de quem sofre desta doença. A informação é confirmada ao Observador por fonte oficial da autoridade do medicamento. O Infarmed já tinha aprovado anteriormente o pedido de autorização para tratamento de outros 10 doentes.
A notícia surge um dia depois de o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que integra o Hospital Santa Maria, em Lisboa, ter anunciado em comunicado que submeteu ao Infarmed cinco pedidos de “Autorizações de Utilização Excecional” deste tratamento inovador. Também ontem, a irmã de Constança Braddell reagiu à notícia em declarações ao Observador e disse que prevê que o medicamento possa chegar em duas semanas.
O Infarmed adianta que ainda não tem o quinto pedido, mas revela que este pode chegar nas próximas horas.
Estes doentes passam a integrar o Programa de Acesso Precoce (PAP) ao Kaftrio/Trikafta, que lhes será administrado de forma gratuita. O custo será assegurado pelo Serviço Nacional de Saúde. O Infarmed explica que este programa, criado em novembro, abrange os 14 doentes em causa.
De acordo com a autoridade do medicamento, os pedidos foram submetidos pelo Centro Hospitalar Lisboa Central (2 pedidos), Centro Hospitalar Lisboa Norte (6), Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (2), Centro Hospitalar do Porto (2) e Centro Hospitalar de São João (2 pedidos).
Estas novas quatro “Autorizações de Utilização Excecional” são aprovadas pelo Infarmed depois de uma onda de apoio nas redes sociais a Constança Braddell, a jovem de 24 anos que sofre de fibrose quística e que lançou um apelo na internet para que fosse aprovado em Portugal o Kaftrio/Trikafta. “Tenho vindo a morrer lentamente”, revelava a doente.
Fibrose quística. “Vamos ver se a minha irmã vai sobreviver”
A fibrose quística, uma doença “mortal e incurável, afeta múltiplos órgãos do aparelho digestivo mas essencialmente os pulmões”, explica a doente numa publicação do Instagram. Nesta mensagem, Constança Braddell relata a sua situação e dá conta do pouco conhecimento que existe em Portugal relativamente a este problema de saúde. De acordo com a jovem de 24, existem em Portugal 400 doentes que sofrem de fibrose quística e lembrou que, apesar de já estar disponível noutros países, o Kaftrio/Trikafta ainda não estava aprovado em Portugal.
