O FC Porto chegou a esta eliminatória com a Juventus com pouco ou nada para recuperar, daquela equipa então liderada por Platini e Boniek que ganhou aos dragões a Taça dos Vencedores das Taças em 1984 ao conjunto que nunca tinha perdido com os azuis e brancos na Liga dos Campeões. Essa parte, na primeira mão, ficou “resolvida”. Mas a história escrita frente aos bianconeri e na própria competição estava ainda a começar, terminando selada com a derrota mais saborosa das últimas décadas que não impediu a passagem aos quartos da Champions.

Pepe, o líder que dá a cara na verdadeira equipa portuguesa na Europa (a crónica do Juventus-FC Porto)

Além de afastar pela primeira vez os transalpinos, o FC Porto ganhou uma eliminatória fora pela primeira vez na UEFA após prolongamento, sendo que foi também a ocasião em que os dragões jogaram mais minutos com menos um jogador, depois da expulsão de Taremi aos 54′, e conseguiram na mesma seguir em frente. As equipas italianas são mesmo um talismã para Sérgio Conceição, que depois de vários anos na Serie A como jogador consegue ir pela segunda vez aos quartos da Liga dos Campeões pelo FC Porto ganhando a Roma e Juventus nos oitavos. Em 16 presenças na fase a eliminar neste novo formato, os dragões asseguraram pela quinta vez a passagem a partir da vitória em 2003/04 com José Mourinho num total de sete – e fazia esta terça-feira 17 anos do mítico golo de Costinha em Old Trafford aos 90′ que afastou o Manchester United depois da vitória no Dragão também por 2-1.

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“A conclusão que tiro é que tenho um grupo de jogadores bravos, que interpretaram da melhor forma o que queríamos para o jogo, perante uma grande equipa, com jogadores de um nível altíssimo. Tínhamos de estar preparados para sofrer também parar criamos dificuldades à Juventus e foi isso que se passou nos diferentes momentos de jogo. Fomos uma verdadeira equipa, na organização defensiva e na saída ofensiva. Muitos parabéns aos meus jogadores, fizeram um trabalho fantástico e que não é fácil. Depois da expulsão do Taremi fomos buscar o ADN FC Porto. Ou seja, além da organização, uma grande ambição e determinação no jogo. Sofremos os golos mas nunca deixámos de acreditar, esse é o verdadeiro ADN do FC Porto e os jogadores fizeram um jogo fantástico também nesse sentido”, começou por comentar o técnico na flash interview da TVI24, num discurso de garra, com muitos pontos em comum com a antevisão e em algumas partes a fazer lembrar José Maria Pedroto.

“Preparado para jogar com dez? Não, nunca preparamos a equipa para ficar reduzida mas neste período temos sido mais massacrados com essas expulsões e que nos custaram resultados positivos em dois jogos em Portugal. Hoje os jogadores tiveram uma inteligência… É que muitas vezes, além do espírito de sacrifício que nós queremos, é preciso inteligência para perceber o jogo porque era um adversário com muita qualidade, pelas laterais e com gente forte na área. É normal sofrer contra uma equipa destas mas o que mais realço é que também criamos oportunidades, mesmo a jogar com dez, isso é bem demonstrativo da competência e competitividade da equipa”, prosseguiu, antes de explicar também a mensagem que passou aos jogadores na paragem antes do prolongamento.

“Disse exatamente isso, que além da organização e era preciso ir buscar um bocadinho mais de cada um naquilo que é a sua essência, a paixão pelo jogo. Sei que em Portugal foi muito pouco publicitado o facto de estarmos nos oitavos da Liga dos Campeões, dando uma olhadela aos jornais desportivos se não estivesse com muita atenção às pequenas letras nem sabia que o FC Porto jogava em Turim com a Juventus, mas é também nessas situações que encontramos essa força, na região norte e no FC Porto, e que no fundo faz orgulhar todos os portugueses”, frisou, antes de falar das enormes exibições de Pepe, Sérgio Oliveira (os melhores a par de Marchesín) e não só.

“O Sérgio tinha jogado comigo na Liga dos Campeões, o Pepe também está muito habituado pelo seu passado mas quero frisar todos os outros. Não podemos esquecer que o Zaidu há dois anos estava no Mirandela, que o Loum teve poucas oportunidades de aparecer na Champions, o Sarr estava na equipa B do Chelsea, há muitos jovens com pouca experiência. Isso ainda realça mais o nosso trabalho enquanto equipa, porque isso é o que interessa mais, falei agora nestes casos apenas em termos individuais mas o que interessa é a equipa”, concluiu.