Sem o marido, o príncipe William, sem máscara, em passo ligeiro e com look tão discreto com a segurança que a rodeava. Kate Middleton quase teria passado despercebida na tarde deste sábado em Clapham Common, no sul de Londres, não fosse a o grupo de populares e a presença da imprensa que seguia a homenagem prestada a Sarah Everard. Da Sky News ao Telegraph, os passos da duquesa de Cambridge acabaram por ficar registados em vídeo naquela que foi uma tarde de pesar e tributo, apesar das limitações impostas pela pandemia.
The Duchess of Cambridge has come to pay her respects in Clapham following the death of Sarah Everard. #SarahEverard #Clapham #Breaking pic.twitter.com/aytKJZU7fI
— Frankie McCamley (@Frankie_Mack) March 13, 2021
Kate “lembra-se o que é caminhar por Londres à noite antes de se casar“, referiu fonte próxima do palácio de Kensington, sondada no rescaldo das imagens da duquesa no cenário do memorial improvisado, entre cartazes com frases e muitas flores, uma visita inesperada que não tardou a suscitar comparações com Diana — em 1997, por exemplo, a princesa do Povo visitou de surpresa uma família bósnia em Dobrnja, recordou o veterano repórter Patrick Sawer. A duquesa “queria mostrar o seu respeito pela família e por Sarah“, acrescentou Kensington, citado pela Sky News.
Poucas horas depois, no entanto, depois do sol se esconder, o ambiente tornava-se mais tenso, com o número de pessoas reunidas a aumentar e a polícia a envolver-se em confrontos com alguns dos presentes, como dão conta jornalistas no local. Há ainda registo de detenções.
Unnecessary heavy police presence at #SarahEverard vigil.
Tensions are high because #Sarah was allegedly murdered by a metropolitan police officer so you would think they would handle this vigil with some sensitivity. #notallmenbutallwomen pic.twitter.com/ezi3YcHcao
— Ahmed Kaballo (@AhmedKaballo) March 13, 2021
Scuffles break out at Clapham Common memorial for Sarah Everard as people chant “arrest your own.” pic.twitter.com/6AXFK5sl7a
— Karla Adam (@karlaadam) March 13, 2021
A intervenção policial mais musculada, que terá começado para tentar desmobilizar os presentes que se encontravam num coreto, em redor do qual se aglomeraram as flores depositadas, vai motivando várias reações. “As mulheres juntaram-se para lamentar a morte de Sarah Everard – deviam ter podido fazê-lo tranquilamente”, escreveu o líder dos Trabalhistas, Keir Starmer, no Twitter.
The scenes in Clapham this evening are deeply disturbing. Women came together to mourn Sarah Everard – they should have been able to do so peacefully.
I share their anger and upset at how this has been handled. This was not the way to police this protest.
— Keir Starmer (@Keir_Starmer) March 13, 2021
Na mesma linha de pensamento, o mayor de Londres classificou de “inaceitáveis” as cenas em Clapham Common. “A polícia tem a responsabilidade de aplicar as regras da Covid mas pelas imagens que vi é óbvio que a resposta por vezes não foi nem apropriada nem proporcional”, apontou Sadiq Khan.
The scenes from Clapham Common are unacceptable. The police have a responsibility to enforce Covid laws but from images I've seen it's clear the response was at times neither appropriate nor proportionate. I'm contact with the Commissioner & urgently seeking an explanation.
— Sadiq Khan (@SadiqKhan) March 13, 2021
As críticas fizeram-se ouvir também do lado dos Tories, neste caso pela voz de Steve Baker, assumido opositor das medidas de confinamento mais apertadas, e que voltou a apelar à revisão das regras do lockdown.
Unspeakable scenes.
You need to change lockdown law now @BorisJohnson https://t.co/ofT5fu7sgy
— Rt Hon Steve Baker MP FRSA ???? (@SteveBakerFRSA) March 13, 2021
Enquanto isso, a secretária da Administração Interna também anunciou nas redes sociais que pediu um relatório completo à polícia Metropolitana para apurar o que se passou em Clapham Common.
Some of the footage circulating online from the vigil in Clapham is upsetting. I have asked the Metropolitan Police for a full report on what happened.
My thoughts remain with Sarah’s family and friends at this terrible time.
— Priti Patel MP (@pritipatel) March 13, 2021
Já os Liberais Democratas pedem mesmo a demissão da comissária Cressida Dick.
Cressida Dick has lost the confidence of the millions of women in London and should resign.
The scenes this evening of the policing of the Clapham Common vigil in memory of Sarah Everard are utterly disgraceful and shame the Metropolitan Police. pic.twitter.com/rj6pbdR64w
— Liberal Democrats (@LibDems) March 13, 2021
Respeitando mais ou menos as diferentes regras em vigor, devido à Covid-19, facto é que de Birmingham a Bruxelas vários grupos disseram presente, apesar do cancelamento de “Reclaim These Streets”, a vigília originalmente agendada para este dia, que acabaria por ficar em suspenso devido às regras de confinamento em vigor no Reino Unido. A homenagem, no entanto, seguiu o seu caminho com vários anónimos a marcarem presença na zona onde Sarah terá sido visto pela última vez. A população foi ainda encorajada a acender uma vela à porta de suas casas pelas 21h30 deste sábado.
O caso do homicídio da jovem de 33 anos chocou o país (que por momentos conseguiu deixar em segundo plano os efeitos bombásticos da entrevista dos Sussex a Oprah) e conseguiu tornar ainda mais negra uma semana especialmente turbulenta.
The Duchess of Cambridge has paid her respects to Sarah Everard at Clapham Common bandstand pic.twitter.com/fOCDsV8SuR
— Thomas Newton (@SkyTNewton) March 13, 2021
Everard desapareceu na noite de 3 de março, por volta das 21h00, depois de ter saído de casa de um amigo, em Clapham, no sul de Londres. Até sua casa, onde devia ter regressado, esperava-a um percurso de cerca de 50 minutos a pé. Nunca chegou a entrar.
Esta quinta-feira, foi confirmado que os restos mortais humanos encontrados numa floresta de Kent, a 90 quilómetros da casa da vítima, pertenciam a Everard. Um polícia, Wayne Couzens, de 48 anos, um polícia da Metropolitana, pertence ao Comando de Proteção Parlamentar e Diplomática, e uma mulher na casa dos 30 anos foram detidos em casa. São suspeitos do sequestro e homicídio.