Rui Rio não vai relançar a discussão sobre o referendo à eutanásia. O desafio tinha sido colocado por Paulo Rangel, depois da decisão do Tribunal Constitucional, por entender que o país precisa de uma consulta popular para esclarecer, de vez, o grau de aceitação em torno da morte assistida. Apesar do apelo do eurodeputado do PSD, Rio manteve-se onde sempre esteve: a favor da eutanásia e contra a realização de um referendo.

Durante a conferência de imprensa conjunta com Francisco Rodrigues dos Santos, no dia em que PSD e CDS assinaram o acordo-quadro para as próximas autárquicas, Rio cortou a eito a questão e recusou a alimentar mais debates sobre o tema.

“Não tenho nenhum comentário especial a fazer sobre isso. Em questão de convicção não mudo. Posso ficar sozinho, mas não mudo”, disse uma e outra vez o líder do PSD.

Num artigo de opinião publicado no jornal “Público”, Paulo Rangel tinha pedido exatamente o contrário. “Aqui faço uma vez mais um apelo ao PSD e ao seu grupo parlamentar: há uma oportunidade única para relançar o referendo”, defendeu o social-democrata.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Ao balizar a questão jurídica torna flagrante a necessidade de uma escolha política que diz de tal modo respeito à interioridade da pessoa e das pessoas que justifica e merece a validação ou não validação em referendo. Ao reabrir a discussão e ao habilitar nos termos em que o faz, legitima e propicia a ideia do referendo: do referendo como forma ideal de validar uma escolha política fundamental que mobiliza por excelência a liberdade de consciência. A liberdade de consciência não pode ser um apanágio dos deputados, deve ser estendida a todos os cidadãos”, defendeu Rangel.

O líder do PSD tem um entendimento diferente e não vai forçar a realização de um referendo, apesar de a proposta ter sido aprovada no último Congresso do partido e ser defendida por uma parte do grupo parlamentar social-democrata.

Em outubro, o Parlamento discutiu uma iniciativa de cidadãos em defesa de um referendo à eutanásia, mas Rui Rio e outros oito deputados do PSD votaram contra a hipótese, desalinhados com a maioria da bancada social-democrata.

O pedido de consulta popular acabaria, ainda assim, chumbado com os votos contra do PS, BE, PCP, PEV e PAN, de nove deputados do PSD e das duas deputadas não inscritas (Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira).