A Groundforce e a TAP chegaram esta quinta-feira a um entendimento que desbloqueia provisoriamente o impasse na empresa e permite pagar os salários aos 2.400 trabalhadores. A primeira confirmação de um princípio de acordo foi dada à Lusa por fonte oficial da Pasogal.

“O acordo alcançado agrada à Groundforce, até porque é muito semelhante ao que a empresa propôs desde o início. A Groundforce está, naturalmente, satisfeita por ter sido possível encontrar uma solução que permita pagar os salários aos trabalhadores e pôr fim à angústia de 2.400 famílias”, lê-se num comunicado enviado pela empresa de Alfredo Casimiro, acionista maioritário da Groundforce.

A comissão de trabalhadores da Groundforce adiantou à SIC que o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse esta manhã numa reunião com a estrutura laboral que a nova proposta da TAP passa pela compra dos equipamentos à Groundforce por sete milhões de euros, para depois alugar esse mesmo material à Groundforce. Esta operação – habitual e conhecida por “sale leaseback” – permite, assim, gerar dinheiro para pagar salários.

De acordo com a comissão de trabalhadores, o CEO da empresa de handling, Paulo Neto Leite, garantiu que os salários em atraso serão pagos no máximo até à próxima segunda-feira. Ou seja, a administração (tal como o acionista) aceitou a solução proposta pelo ministro Pedro Nuno Santos. As necessidades salariais da Groundforce ascendem a mais de 3 milhões de euros por mês.

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À Lusa, João Alves, da Comissão de Trabalhadores, também falou da proposta. “Estivemos reunidos com o ministro [das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos] esta manhã, que nos transmitiu que iria haver uma proposta por parte da TAP de compra de material por 7,5 milhões [de euros], que seria posteriormente alugado à Groundforce”. Segundo referiu, trata-se de “uma prática muito usual no mundo da aviação”.

Mas não é este, afinal, o valor. Segundo a TAP – que enviou um comunicado ao final da tarde, durante as audições parlamentares de Alfredo Casimiro e de Miguel Frasquilho – a companhia propôs à SPDH (Groundforce) “proceder à aquisição dos seus equipamentos de handling, no valor de 6,97 milhoes de euros”, valor esse que é “o necessário e suficiente” para que a Groundforce possa pagar os salários de fevereiro de 2021 e Março de 2021, bem como os correspondentes impostos de Março de 2021.

A aprovação formal do acordo por parte da Groundforce “deverá dar-se no seu próximo conselho de administração” que terá lugar sexta-feira. “A concluir-se esta operação, como julgamos ser possível, a TAP S.A. alugará à SPDH (Groundforce) os equipamentos de handling entretanto adquiridos para que esta possa prestar os serviços contratualizados”.

No entanto, a companhia também salienta que este acordo “não tem qualquer relação direta com as negociações que têm vindo a decorrer entre a TAP, SGPS, S.A. – acionista minoritário da SPDH (Groundforce) – e a Pasogal – acionista maioritário da SPDH (Groundforce)”.

A Pasogal pensa o mesmo, ao dizer que “resolvida a urgência”, “continuará a empenhar os seus melhores esforços, certamente com o apoio dos acionistas Pasogal e TAP, no sentido de resolver a questão de fundo”.

“É preciso criar as condições para que a empresa possa desenvolver tranquilamente a sua atividade, como aconteceu nos últimos oito anos, preservando os postos de trabalho e o valor criado”, lê-se no comunicado.

Ou seja, a Pasogal considera que, apesar do acordo provisório para pagar de imediato os salários, é preciso ainda um acordo de fundo para resolver as dificuldades da empresa. Neste momento, está em cima da mesa uma proposta da TAP para um aumento de capital (recusada entretanto pela Pasogal, que apresentou uma contra-proposta), que em última análise iria diluir a posição do acionista maioritário, Alfredo Casimiro.

Notícia atualizada às 19:00 com informações que constam de um comunicado da TAP