José Luís Arnaut, chairman da ANA, defende que o Estado deve compensar a empresa pelas perdas que teve com a pandemia. “Tem que haver equidade. No sector da aviação não se pode só ajudar a TAP”, entende o gestor e advogado, em entrevista à Rádio Renascença e ao Público.

“É evidente que a ANA obviamente precisará — como está agora a acontecer em Espanha, em França, na Alemanha com 800 milhões, nos EUA com 16 mil milhões de dólares — de um pacote de ajudas à retoma das infra-estruturas aeroportuárias”, diz José Luis Arnaut. “Obviamente que isto cria uma situação muito complicada do ponto de vista financeiro e a ANA não teve ainda qualquer ajuda do Estado. A seu tempo, iremos negociar com o Governo”.

“Se todos os partidos da Europa criam linhas de crédito e a Comissão Europeia criou uma excepção de não equiparar a ajuda de Estado às ajudas ao sector do turismo, hotelaria, restauração e aviação e ao sector aeroportuário obviamente o sector aeroportuário público ou privado (na Alemanha, são 400 milhões para o privado e 400 milhões para o público) tem que ter uma ajuda [em Portugal]”, afirma ainda, pedindo igualdade de tratamento face à companhia aérea detida agora em 72,5% pelo Estado.

Para já, o gestor prefere não divulgar qual foi o impacto financeiro da pandemia nas contas da ANA. Mas lembra que houve uma quebra de tráfego de 80%. “A seu tempo, as contas serão divulgadas”.

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Reconhece ainda que “várias” pessoas foram dispensadas da empresa, embora não tenha clarificado quantas, e acrescenta que “houve também um plano de reformas, a que as pessoas aderiram”. Mas não só. O gestor diz ter havido “uma grande compreensão dos trabalhadores relativamente a um pacote que foi negociado de redução de vencimentos, de 10% com redução também de horas de trabalho”.

O antigo ministro de Durão Barroso sugere ainda que o Montijo possa vir a acolher o principal aeroporto de Lisboa, lembrando que chegou a haver acordo entre o Governo de Costa e o PSD de Passos Coelho para afastar as autarquias da decisão.

Já em relação à TAP, diz ser “importante não morrer” e sugere que haja “um redimensionamento” da empresa, porque entende que “há ali excessos de regalias”, que decorrem “de uma má gestão do passado”.

Questionado pelo Público e pela Rádio Renascença se vários governos têm culpa, incluindo aquele de que fez parte, José Luis Arnaut respondeu que “a culpa é colectiva”.