É um caso que está a chocar os Estados Unidos: três tiroteios em três casas de massagens em Atlanta, na Geórgia, fizeram oito mortos. O principal suspeito é Robert Aaron Long, de 21 anos, que foi acusado de perpetrar os ataques e de homicídio. Arguido confessou à polícia que era “viciado em sexo”, que já tinha estado numa reabilitação para tratar o transtorno e alegadamente via os spas como uma “tentação” que tinha de ser eliminada. Mas polícia não descarta motivações racistas, dado que seis vítimas mortais pertenciam à comunidade ásio-americana.

Segundo o relato de Tyler Bayless, que o conheceu no centro de reabilitação, ao USA Today Robert Aaron Long era extremamente religioso e não conseguia controlar o seu desejo sexual, o que o fez entrar em depressão. “Ele sentia imensos remorsos”, indica, acrescentando que após ter relações sexuais passava muito tempo a rezar. Bronson Lillemon, antigo colega de casa, corrobora que o arguido sentia “muita culpa” e “muita vergonha” decorrentes dos seus ímpetos.

Quando Tyler Bayless soube da notícia, pensou logo em Robert Aaron Long como sendo o autor do crime: “Ele frequentava normalmente casas de massagens e sempre suspeitei que ele faria algo, mas pensei que ele se fosse magoar a si mesmo, não que fizesse algo deste género”. Ainda assim, confessa não ter ficado “surpreendido”, dado que o jovem era “entusiasta de armas”, tendo recebido uma de presente quando tinha apenas oito ou nove anos.

Já uma antiga colega da escola, Emily Voigt, recorda-o como sendo um rapaz “normal”. “Ele nunca falava com raparigas, sentava-se no fundo da sala e nunca falava. Mas nunca causou nenhum problema”, lembra.

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Pelo menos oito mortos a tiro, seis deles asiáticos, em casas de massagens de Atlanta

Vício em sexo ou racismo?

Mas alguns especialistas em psicologia duvidam de que exista um verdadeiro vício em sexo, ainda para mais que justificasse um tiroteio: “Há uma ideia de que as pessoas que se excitam com muita facilidade não conseguem controlar os seus comportamentos. Mas estudos mostram que esses viciados em sexo não demonstram dificuldades em controlar-se”, afirmou David J. Ley, psicológo clínico, ao Washington Post.

Este motivo, aliado ao facto de seis das vítimas mortais serem de ascendência asiática, faz com que a polícia suspeite de que possa ter sido um crime com motivações racistas, mas Rodney Bryant, polícia do departamento de Atlanta, destaca ao New York Times que as investigações ainda estão numa “fase preliminar” e que por isso ainda não é possível “determinar qual foi o intuito”.

Desde o surgimento do novo coronavírus, tem havido um aumento de crimes de discriminação racial nos Estados Unidos. Segundo um estudo da organização Stop AAPI Hate divulgado pelo The New York Times, 3.800 ásio-americanos foram vítimas de discriminação desde março de 2020 até fevereiro de 2021. A associação também comentou os tiroteios, descrevendo-os como uma “tragédia indescritível” e sinalizando que os ataques “apenas vão exacerbar o medo e a dor da comunidade”.