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Afinal, a chave do sucesso foi ter Sérgio mais 10 (a crónica do Portimonense-FC Porto)

Este artigo tem mais de 3 anos

Conceição tinha dito que ia ser Corona mais 10. No fim, foi Oliveira mais 10. FC Porto venceu Portimonense com dois autogolos e segurou 2.º lugar num jogo em que ambos os treinadores foram expulsos.

Portimonense SC v FC Porto - Liga NOS
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O internacional português esteve no golo da vitória já na segunda parte

Getty Images

O internacional português esteve no golo da vitória já na segunda parte

Getty Images

Sérgio Conceição está no FC Porto desde 2017. Já foi duas vezes campeão nacional, já fez campanhas europeias entusiasmantes, já atraiu o interesses de clubes estrangeiros e até já foi interpretado como o herdeiro do legado de José Maria Pedroto. Por tudo isto e não só, a ideia de um futuro de Sérgio Conceição que aconteça longe do FC Porto é algo inconcebível para Pinto da Costa — pelo menos até ao final do mandato para o qual foi eleito no ano passado. Mas se para o presidente esse cenário de renovação e continuidade é algo totalmente assumido publicamente, para o treinador é sempre um assunto paralelo ao que realmente interessa. Que, para Sérgio Conceição, é sempre o jogo seguinte.

“O meu futuro passa por fazer a convocatória a seguir, tomar banho, que também tomo banho, ir para casa e depois apanhar o avião para Portimão. Isso é o meu futuro próximo. Agora não vou comentar as palavras do presidente. Como ele disse, estou focado nas competições que faltam. Ele falou da Champions e eu falo também do Campeonato”, disse o treinador na antevisão da visita ao Portimonense, depois de Pinto da Costa ter garantido que Conceição vai mesmo renovar contrato e permanecer no Dragão. Na sequência de um par de semanas com as emoções à flor da pele, entre a eliminação da Taça de Portugal e o afastamento da Juventus na Liga dos Campeões, o FC Porto deslocava-se a Portimão para cumprir a última jornada do Campeonato antes da paragem para os compromissos das seleções.

Ficha de jogo

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Portimonense-FC Porto, 1-2

24.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal de Portimão, em Portimão

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Portimonense: Samuel, Maurício, Lucas, Willyan (Luquinha, 86′), Moufi, Dener, Pedro Sá (Fabrício, 81′), Fali Candé (Jafar Salmani, 81′), Anzai, Beto, Aylton (Anderson, 81′)

Suplentes não utilizados: Ricardo, Bruno Moreira, Lucas Tagliapietra, Poha, Lee

Treinador: Paulo Sérgio

FC Porto: Marchesín, Manafá (Francisco Conceição, 88′), Mbemba, Pepe (Diogo Leite, 24′), Zaidu, Corona, Uribe, Sérgio Oliveira, Otávio (Grujic, 88′), Taremi (Luis Díaz, 77′), Marega (Toni Martínez, 88′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Evanilson, Nanu, Fábio Vieira

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Lucas Possignolo (ag, 45+1′), Fali Candé (64′), Samuel Portugal (ag, 67′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Dener (26′), a Willyan (45+1′), a Marchesín (72′), a Beto (72′), a Maurício (72′), a Sérgio Oliveira (90′); cartão vermelho direto a Pedro Sá (90+6′)

E nessa antevisão, para além de falar ironicamente sobre o próprio futuro, Sérgio Conceição não deixou de comentar um momento menos feliz de Corona — que foi o jogador em evidência na época passada, que começou a temporada atual num extraordinário momento de forma e que acabou por ir caindo em rendimento com o avançar do calendário. “Nunca é só uma coisa. Os valores que temos do Corona vão nesse sentido [cansaço], mas os jogadores também passam por diferentes ciclos durante a época. Preocupava-me se ele não corresse. Se calhar falta-lhe aquela imprevisibilidade, aquele drible que ele saca da cartola. Não tem havido mas espero que amanhã aconteça. E isto quer dizer que ele vai jogar e nunca digo quem vai jogar, já me arrependi do que disse! Mas ficam a saber que amanhã é Corona mais 10″, disse o técnico, revelando desde logo que o médio mexicano seria titular contra o Portimonense.

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O médio mexicano e, diga-se, todos os do costume. Pelo terceiro jogo consecutivo, Sérgio Conceição apresentava o mesmo onze inicial e voltava a não fazer qualquer alteração à equipa que eliminou a Juventus em Turim e venceu o P. Ferreira no Dragão. O que significava que Zaidu e Manafá eram os donos das laterais da defesa, que Pepe fazia dupla com Mbemba no eixo defensivo, que Corona e Otávio eram os desequilibradores num meio-campo orquestrado por Uribe e Sérgio Oliveira e que Taremi e Marega eram os elementos mais adiantados. Do outro lado, Paulo Sérgio mexia três peças face ao onze que perdeu nos Açores na semana passada. O FC Porto viajava até Portimão com a certeza de que teria de ganhar para garantir que terminava a jornada no segundo lugar, por ter apenas mais um ponto do que o Sp. Braga, e também com a noção de que a vitória comprava a tranquilidade de assistir ao jogo deste domingo, entre os minhotos e o Benfica, com a possibilidade de aumentar a vantagem face a um ou a dois dos principais rivais.

Numa primeira parte muito quezilenta, com diversas interrupções para assistência a jogadores e os ânimos muito exaltados junto aos bancos de suplentes, o Portimonense foi mesmo o primeiro conjunto a criar perigo. Anzai fugiu a Zaidu, na direita do ataque dos algarvios, e tentou o chapéu a Marchesín depois de uma saída mal medida do guarda-redes; a bola, porém, saiu ao lado da baliza (4′). Os primeiros instantes da partida permitiram desde logo perceber que a equipa de Paulo Sérgio se apresentava com três centrais, Lucas Possignolo, Willyan e Maurício, que atuavam imediatamente atrás de Dener, o médio que realizava o equilíbrio entre a defesa e o resto dos setores.

Este sistema do Portimonense obrigava o FC Porto a jogar de forma mais direta, para contornar o facto de o corredor central estar muito obstruído pelos elementos dos algarvios: os dragões colocavam muitas bolas na profundidade, nas costas da defesa adversária, e tentavam aproveitar o facto de estarem a jogar a favor do forte vento que se fazia sentir em Portimão. Os dragões tiveram sempre mais posse de bola e passaram 45 minutos dentro do meio-campo do Portimonense mas não conseguiam ter grande caudal ofensivo, escasseando a largura, o desequilíbrio e as alterações de velocidade. Zaidu, na esquerda, raramente conseguia ganhar a linha de fundo, optando por cruzar muito de trás ou jogar para dentro; Sérgio Oliveira tinha pouco espaço e não conseguia criar; Corona, na direita, tinha dificuldades para romper com a defesa dos algarvios e não escapava à falta de criatividade que o tem assombrado nas últimas semanas. A equipa de Sérgio Conceição tentava criar perigo também através das bolas paradas, livres ou pontapés de canto, mas não estava a conseguir ser eficaz e até permitia saídas rápidas do conjunto de Paulo Sérgio, que lançava imediatamente o contra-ataque quando anulava um investida aérea.

Zaidu teve um cabeceamento pouco perigoso depois de um cruzamento de Corona na direita (13′), Taremi tentou assistir Marega de cabeça na sequência de um grande passe de Manafá mas a bola saiu com muita força (19′) e nada parecia simples para o FC Porto. Até que, ainda antes da meia-hora, tudo pareceu piorar. De um momento para o outro, Pepe fez sinal para o banco de suplentes e pediu para ser substituído, queixando-se do tornozelo esquerdo — uma lesão que preocupa Sérgio Conceição, na antecâmara dos quartos de final da Liga dos Campeões contra o Chelsea, mas também Fernando Santos, já que o central está convocado para o triplo compromisso da Seleção Nacional. Diogo Leite entrou, Sérgio Oliveira rematou por cima depois de um cruzamento de Corona na ala direita (31′) mas os dragões chegaram mesmo ao período de descontos da primeira parte sem qualquer oportunidade clara de golo. À beira do intervalo, porém, o infortúnio de Lucas Possignolo e a sorte de Marega fizeram a diferença.

No primeiro minuto dos descontos, Corona voltou a cruzar a partir da direita mas Sérgio Oliveira falhou o remate na zona da grande penalidade. A bola sobrou para Marega, que também não conseguiu atirar à baliza mas fez o suficiente para provocar um último toque de Lucas Possignolo, que fez autogolo (45+1′). Beto ainda ficou muito perto de empatar, num lance em que ganhou na velocidade a Mbemba e falhou na cara de Marchesín (45+4′), mas o FC Porto foi mesmo para o intervalo a vencer o Portimonense pela margem mínima.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Portimonense-FC Porto:]

No segundo tempo, a lógica do primeiro manteve-se — pelo menos do ponto de vista basilar. O FC Porto tinha mais bola e passava a maior parte do tempo no meio-campo adversário mas não conseguiu chegar com perigo à baliza de Samuel Portugal; o Portimonense continuava a permitir a posse de bola dos dragões mas pressionava mais alto, com os três elementos mais adiantados a não recuarem tanto quanto fizeram na primeira parte. Além disso, a equipa de Paulo Sérgio procurava a profundidade e as costas da defesa com mais frequência, originando lances como aquele em que Beto acabou por adiantar demasiado e permitir a defesa de Marchesín quando estava isolado na cara do guarda-redes (53′).

A partir da hora de jogo, tudo aconteceu. O Portimonense chegou ao empate, na sequência da enésima tentativa de encontrar espaço nas costas da defesa: Dener soltou um passe vertical para desmarcar Fali Candé e o lateral, na cara de Marchesín, decidiu assistir Beto; Diogo Leite ainda intercetou o remate do avançado mas Candé, na recarga, cabeceou para a baliza deserta (64′). Logo depois, e na sequência de um livre perigoso assinalado por Rui Costa à entrada da grande área do Portimonense, ambos os treinadores viram o cartão amarelo depois de trocarem algumas palavras. Sérgio Oliveira pôs o FC Porto a ganhar novamente através do livre direto, com a bola a entrar depois de bater no poste e nas costas de Samuel (67′), e o impensável aconteceu. Sérgio Conceição e Paulo Sérgio confrontaram-se novamente, depois de o primeiro festejar o golo, e foram imediatamente expulsos: os dois técnicos tiveram de ser separados ao longo de vários minutos, para não chegarem a vias de facto, e quase todos os jogadores acabaram por se acumular à entrada do túnel, para onde Conceição e Sérgio foram. Ao fim de vários minutos de imagens quase inacreditáveis, Rui Costa conseguiu repor a normalidade com três cartões amarelos e os dois treinadores subiram finalmente à bancada.

Até ao fim, já pouco futebol se praticou. O FC Porto fez muitas substituições, com as entradas de Luis Díaz, Grujic, Francisco Conceição e Toni Martínez, e o Portimonense também mexeu ao lançar Jafar, Fabrício, Anderson e Luquinha. Pedro Sá ainda viu o cartão vermelho direto, depois de ser substituído e quando já estava sentado no banco de suplentes, e a partida arrastou-se até ao final entre protestos de ambos os lados, quezílias entre os jogadores e as equipas técnicas e franca incapacidade de Rui Costa de controlar as ocorrências.

À parte tudo isso, o FC Porto venceu o Portimonense, alcançou a terceira vitória consecutiva na Liga e garantiu desde já que vai terminar a jornada no segundo lugar independentemente do resultado entre o Sp. Braga e o Benfica. Os dragões bateram os algarvios com dois autogolos em três bolas enquadradas com a baliza e não tiveram qualquer oportunidade clara para lá dos lances que fizeram a diferença no marcador — mas Sérgio Oliveira, que foi constantemente o melhor da equipa e acabou por marcar o livre direto que deu o golo decisivo, voltou a fazer a diferença. Sérgio Conceição tinha dito que ia ser Corona mais 10; no fim, foi Sérgio Oliveira mais 10.

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