O CEO da Volkswagen AG, Herbert Diess, afirmou ao Financial Times que não acredita nas fuel cells a hidrogénio como solução para produzir electricidade a bordo de veículos eléctricos. Segundo o gestor, “nem nos próximos 10 anos vão ser utilizadas em massa nos automóveis, uma vez que a física que as suporta não é razoável”. Para depois especificar que os carros alimentados por células de combustível continuam a necessitar de baterias, cerca de 10 kWh, e um motor eléctrico, além da própria célula que associa hidrogénio ao oxigénio presente no ar, para com isso fabricar energia e água quente.

As fuel cells não são propriamente uma novidade, sendo que a primeira vez que a maioria ouviu falar desta solução não poluente de “fabricar” electricidade a bordo foi durante o programa Apollo, que arrancou em 1961 e que levou o ser humano à Lua. O fornecimento de energia ao módulo de comando era assegurado por três células de combustível, que funcionaram religiosamente. Muito mais recentemente, durante os Jogos Olímpicos de Londres 2012, uma frota de táxis percorria a cidade transportando turistas, todos eles com motores eléctricos e células de hidrogénio a produzir energia.

Hidrogénio: prepare-se para ser surpreendido

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Na indústria automóvel, muitos fabricantes tentaram tornar as fuel cells mais eficientes na produção de electricidade e mais competitivas em preço, mas apenas a Toyota e a Hyundai continuam a acreditar na aplicação desta tecnologia nos automóveis. Alguns fabricantes europeus apostaram nesta solução durante anos e acabaram por desistir por depositarem mais fé nas baterias, cuja evolução está a ser mais rápida. Prometeram mesmo reanalisar o tema depois de, em 2020, a Toyota ter libertado as patentes que protegiam a anterior geração das suas fuel cells, o que levou alguns construtores, mesmo os que apostam preferencialmente nas baterias, a desenvolver células para os seus veículos comerciais ligeiros e veículos pesados.

Além da posição negativa manifestada por Diess, o que deverá comprometer todas as marcas do Grupo VW, também o português Carlos Tavares, CEO da Stellantis, que junta as antigas FCA e PSA, afirmou que “as marcas que estão a investir nas células de hidrogénio são as que estão mais atrasadas nas baterias e tecnologia eléctrica”.

A Renault, pelo seu lado, dominou em 2020 as vendas europeias de eléctricos, com o Zoe, mas está decidida a conquistar pelo menos 30% do mercado de comerciais eléctricos a hidrogénio, uma vez que o seu responsável pelos combustíveis alternativos, Philippe Prevel, pensa que furgões comerciais com baterias para percorrer mais de 300 km entre recargas amputam grande parte da sua capacidade de carga para mercadorias. Já a Mercedes e a BMW estão actualmente concentradas na electrificação das respectivas gamas, apostando sobretudo nas baterias.