A Noruega contabiliza já três mortes entre as cinco pessoas que apresentaram uma condição rara de formação de coágulos sanguíneos, baixo nível de plaquetas e hemorragias, depois de tomarem a vacina da AstraZeneca. A primeira morte foi registada no domingo, dia 14, e este domingo, dia 21, morreram outras duas pessoas no Hospital Universitário de Oslo, segundo informação da Agência dos Medicamentos Norueguesa.
“A Agência dos Medicamentos Norueguesa não pode descartar a possibilidade de que estes casos estejam relacionados com a vacina da AstraZeneca”, conforme comunicado de imprensa da organização.
Entre as cinco pessoas que desenvolveram os coágulos sanguíneos estavam profissionais de saúde, incluindo uma das pessoas que morreu este domingo. Todas estas pessoas tinham menos de 55 anos.
Uma equipa de cientistas noruegueses e outra de cientistas alemães encontraram, de forma independente, uma ligação entre a resposta autoimune desencadeada pela vacina que pode provocar a formação de coágulos sanguíneos no cérebro, o que poderia justificar os casos reportados, noticiou o jornal The Washington Post. O especialista em Hematologia que conduziu o estudo na Noruega, Pål André Holme, diz que identificaram o anticorpo que desencadeava a reação adversa e que só poderia ter sido originado pela vacinação.
Por isso, a Noruega (ao contrário da Alemanha) decidiu não retomar para já o uso da vacina da AstraZeneca. Os hospitais universitários do país estão a recolher informação sobre as pessoas vacinas e outras potenciais situações deste tipo e o Instituto Nacional de Saúde Pública deverá dizer esta semana se a vacina volta a ser usada ou não.
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A decisão de suspensão das autoridades de saúde do país manteve-se mesmo depois da Agência Europeia do Medicamento (EMA) ter anunciado que não encontrou ligação entre os eventos tromboembólicos e a administração da vacina. Isto porque, para a Noruega, existem evidências suficientes para se considerar essa ligação.
Apesar de concordar com o aviso da EMA sobre os sinais a que os doentes e médicos devem estar atentos, o regulador norueguês discorda de que a probabilidade de ocorrência de coágulos sanguíneos e eventos tromboembólicos não tenha sido incluída na lista de efeitos secundários da vacina, conforme reportou o ScienceNorway.
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A Noruega admite, no entanto, que a avaliação de risco vai variar de país para país, ou entre o regulador norueguês e a EMA, porque é preciso verificar se os benefícios ultrapassam os riscos. No caso da Noruega, se não houver falta de outras vacinas, não haverá urgência de retomar a AstraZeneca, mas em países que dependam da AstraZeneca para vacinar a população poderá ser admissível correr o risco pelo benefício geral da população. Até porque, se o problema for detetado atempadamente, as pessoas podem receber tratamento.
O Infarmed e a Direção-Geral da Saúde em Portugal também consideram que a administração da vacina da AstraZeneca traz mais benefícios do que riscos, mas o Infarmed deixa uma lista de sintomas a que as pessoas devem estar atentos: falta de ar, dor no peito, inchaço nos braços ou pernas, dor de cabeça intensa, hemorragias ou pequenos hematomas. Nestes casos, as pessoas devem contactar imediatamente um médico.
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