A China convocou o embaixador da UE em Pequim, Nicolas Chapuis, para apresentar uma queixa formal sobre as sanções impostas por Bruxelas na segunda-feira, anunciaram esta terça-feira as autoridades chinesas.

A medida da UE foi imposta a funcionários chineses por alegadas violações dos direitos humanos no tratamento dos uigures na região autónoma de Xinjiang.

Numa declaração, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, condenou o que disse serem “sanções unilaterais baseadas em mentiras e notícias falsas inconsistentes com a realidade e a lei” e que na segunda-feira levaram à retaliação por parte da China contra dez pessoas, incluindo cinco eurodeputados. Qin instou a UE a “reconhecer a gravidade dos seus erros e corrigi-los”, bem como a “abandonar a confrontação para não causar mais danos aos laços entre os dois blocos”.

As sanções, as primeiras que Bruxelas tomou contra Pequim desde o massacre de Tiananmen, em 4 de julho de 1989, consistem em congelar os bens na UE de quatro funcionários chineses e proibi-los de entrar no espaço da UE, impedindo ao mesmo tempo que qualquer entidade da UE disponibilize fundos comunitários a quem for sancionado, direta ou indiretamente.

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Na segunda-feira, a UE considerou “inaceitável e lamentável” a decisão da China de sancionar indivíduos e instituições do bloco europeu em resposta à ação de Bruxelas. Entre os sancionados por Pequim e proibidos de entrar no país, contam-se políticos, quatro instituições e investigadores, incluindo o antropólogo alemão Adrian Zenz, responsável por relatórios controversos sobre Xinjiang e que Pequim considerou repetidamente “falácias absolutas”.

Os relatórios do antropólogo sobre trabalhos forçados, esterilizações forçadas e até genocídio na região noroeste da China foram publicados por vários meios de comunicação social ocidentais e serviram de base a outros estudos recentes. Pequim reiterou não estar disposta a ceder no que considerou ser um assunto interno.

Depois do anúncio das sanções da UE, outros países, como os Estados Unidos, o Canadá e o Reino Unido, adotaram medidas restritivas próprias contra Pequim por alegadas violações dos direitos humanos no tratamento dos uigures, minoria étnica maioritariamente muçulmana em Xinjiang.